terça-feira, 19 de janeiro de 2016

BUSCA INTERIOR
As sensações tem grande controle sobre a psique humana no mundo objetivo, pelas restrições e condicionamentos dos seus significados.
Prisioneiro o Self (Eu verdadeiro, Eu real, Ser espiritual ) nos condutores cerebrais pelos quais se expressa, na infância registra acontecimentos que formarão matrizes do seu comportamento, abrindo espaço para  manifestações do seu equilíbrio ou desarmonia que o acompanharão pela vida. Por ser anterior ao corpo, também tem, registrados no períspirito as contribuições das vidas passadas, que se apresentam desde cedo, como tendências, aptidões, anseios ou conflitos, inquietações, impulsos autodestrutivos, de sublimação e complexos de comportamentos que tipificam o ser humano.
Registrada nas estruturas energéticas desse mesmo Self (do Eu real) (do Ser), a imago Dei,  dirige-se aos poucos  à conquistar os espaços, à ampliar o entendimento de si mesmo e dos outros, à saída dos  limites da organização cerebral, à percepções de outras realidades, incluindo a paranormalidade, muitas vezes fixadas na superconsciência, possibilitando a descoberta do mundo da energia em suas variações.
Fenômenos incomuns, inabituais surgem na infância, estados paroxísticos, alucinações surpreendentes ocorrem, chamando a atenção para a vida em outras dimensões.
Mas a força, irresistível da matéria e dos seus implementos, os condicionamentos orgânicos e os mecanismos convencionais da educação e do conhecido, criam embaraços a essas manifestações, produzindo recalques e castrações, quando não produzem pavor e conflitos psicológicos que empurram para alienações e desastres de conduta.
A mediunidade é faculdade orgânica inerente a todos os indivíduos, como definiu Allan Kardec, estabelecendo metodologias e disciplinas de educação e aprofundamento das suas expressões.
A vida quebra então a barreira do mundo físico e das suas manifestações para expressar-se em plenitude de natureza energética ou espiritual, como a realidade pulsante de onde emerge a material, por onde o Espírito passa tantas vezes, em curtos períodos  entre o berço e o túmulo.
A psicologia analítica não pode negar-se a uma investigação honesta do tema, considerando as próprias experiências paranormais de que foi objeto o neurologista e psiquiatra Jung, conforme narrava e todos os tumultos em que esteve envolvido, atraído pelo invisível e resistente ao seu apelo irrefreável.
Foi preciso surgir uma enfermidade fazendo-o diminuir o controle sobre a consciência, a própria resistência, para depois, escrever a sua Resposta a Jó, realizando a façanha quase de uma só vez, dizendo que se sentiu pegar o espírito pelo cangote e foi assim que nasceu o livro.
Outras experiências fizeram com ele se interessasse pela fenomenologia mediúnica. Sendo ele mesmo o instrumento constante para a sua ocorrência, especialmente quando, na Inglaterra, passando fins de semana numa residência assombrada em 1920, confessou a ansiedade que passou, à noite, quando ocorriam manifestações estranhas, barulhos parecidos com o roçar da seda e o gotejar. Foi nesse momento que viu, à distancia de cinquenta centímetros, sobre um travesseiro, a cabeça de uma mulher, em constituição semissólida com um dos olhos semiaberto que nele se fixava. Ao terminar o fenômeno, que durou alguns minutos, ele acendeu uma vela e ficou o resto da noite sentado numa poltrona meditando.
Esse é um dos muitos casos parapsíquicos que lhe ocorreram desde a infância, sendo sua mãe médium, e seu avô contava o aparecimento da esposa desencarnada, que se sentava numa poltrona que mantinha no seu gabinete e lhe ditava alguns sermões.
Aniela Jaffé, sua secretária, contava que Jung participou, conforme fez antes com sua prima, no começo da sua carreira, de experimentos com o  investigardor Schrenck-Notzing, tendo como médium  Rudi Schneider, que produzia fenômenos de materialização, no ano de 1920. Já em 1930, assistiu a outras experiências de materialização com o mesmo investigador e outros cientistas.
Jung acrescentou, em decorrência de muitas reflexões nesse campo: Se, de um lado, nossas faculdades críticas duvidam de todo caso individual de aspecto espírita, somos, contudo, incapazes de- demonstrar um caso sequer de não-existência de Espíritos. Devemos, por esse motivo, limitar-nos, a esse respeito, a julgamento non liquet, ou seja , não está claro, a coisa oferece dúvida, não está bem esclarecida, há necessidade de maiores informações.
Escreveu ainda: Embora eu nunca tenha feito qualquer notável pesquisa original nesse campo (psíquico), não hesito em declarar que observei uma quantidade suficiente de tais fenômenos (participando, então, das surpreendentes pesquisas do barão Albert Schrenck-Notzing), que me convenceram inteiramente de sua realidade.
Jung não pode dedicar-se a esse campo experimental porque a sua tarefa cientifica era outra, à qual dedicou toda a vida, abrindo horizontes quase infinitos para a psique, na construção da psicologia analítica, combatida com vigor pelos adversários gratuitos das ideias novas.
O espaço das pesquisas ficou em aberto para os seguidores e discípulos de Jung, que continuava dedicado a pesquisas exaustivas, nele mesmo e nos seus pacientes, para mergulhar mais no contexto histórico e psicológico da vida.
A mediunidade, inerente aos seres humanos, em diferentes graus de desenvolvimento, influi no comportamento do ser psicológico, abrindo espaço a conflitos parapsíquicos, muitas vezes, interpretados como parte da realidade objetiva.
O ser humano é, mais complexo do que a dualidade psique-corpo, mente-matéria, nele estando o Espírito imortal e o seu envoltório perispiritual encarregado de modelar as formas físicas nas muitas reencarnações.
Com a visão espiritual do ser, muitos conceitos junguianos tem alto significado, por se centrarem na realidade subjetiva expressa pela vasta fenomenologia mediúnica e pela conjuntura de ser o indivíduo possuidor de recursos não próprios, que se lhe associam pelo intercambio com outros seres desencarnados que o cercam e que fazem parte do seu comportamento psíquico, emocional e físico.
A busca interior não deve parar na realidade física, mas penetrar a intimidade do ser e das suas faculdades, ampliando o elenco de realizações com a visão do indivíduo indimensional, o Self com os seus atributos divinos.


Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias. 19/01/16.

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