FORMAÇÃO
REATIVA
Este mecanismo nos parece mais
elaborado do que a negação e mais contido que a projeção que se mostra
exterior. Encontramos na formação reativa um movimento interior, tentando
provar para si mesmo e, por consequência, para o mundo, que se é oposto àquele
afeto. A formação reativa é trabalhada por Joanna em O Ser Consciente com o nome de compensação.
Religiosamente somos filhos
do pecado, movidos pelo medo de errar, do inferno, do purgatório, que no
Espiritismo se traduziu pelo medo do umbral. Trocamos o diabo que nos prejudica
pelos obsessores que nos fazem infelizes, sem compreender a nova dimensão que
estes conceitos nos abrem, embora parecidos.
O pecado merece a eliminação
e o Diabo merece o cárcere eterno do inferno. De uma maneira semelhante,
reproduzimos esta estrutura em nossas vidas nomeando simbolicamente de pecado
aquela parte de nós que não está de acordo com a moral, que não é bem vista
pelas pessoas e portanto precisa ser eliminada para que também nós não sejamos
conduzidos ao “umbral” e mais do que esta negação, o desejo de ir para o céu, mal-elaborado
em nós mesmos, nos obriga a posturas semelhantes às dos anjos... mas o que
ocorre é que nestes comportamentos há sempre um excesso que nos demonstra o
contrário, como exemplifica Joanna:
O fanatismo resulta da
insegurança interior, não consciente, pela legitimidade daquilo em que se pensa
acreditar, desse modo compensando-o. (...) O excesso de pudor, a exigência de
pureza, provavelmente são compensações por exorbitantes desejos sexuais
reprimidos e anelos de gozos promíscuos, vigentes no ser profundo. (ÂNGELIS,
2000, p.104)
A mentora nos ensina que
pessoas buscam refúgio nos ideais, especialmente nas doutrinas religiosas –
das quais fazemos parte -, adotando comportamentos nobres que são nada mais do
que fuga da realidade, mascarando assim seus conflitos, ou podemos dizer em
outras palavras que o ego se exacerba para tentar esconder o eu debilitado. Quem
se preocupa em anunciar o que já conquistou moralmente corre o risco de
esquecer o que ainda tem a melhorar.
Fenichel (1981) ressalta que na formação reativa
as atitudes são tolhidas e rígidas, que obstam a expressão de impulsos contrários,
os quais, de tempos em tempos, irrompem constrangendo o sujeito. E em termos de
afeto o autor ainda argumenta que na formação reativa é possível ver-se o
despudor como defesa contra o sentimento de culpa, ou a coragem contra o sentimento
de medo.
Mas transformação moral não é
um processo de fuga de nossos defeitos, muito menos de construções exteriores.
Texto escrito por, Marlon
Reikdal, no livro Refletindo a Alma. Postado
no dia 03/04/2014.
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