sábado, 5 de abril de 2014


A GRATIDÃO COMO SENTIDO MOTIVADOR DA EXISTENCIA

O ser humano é um conjunto eletrônico maleável que a consciência administra. A sua harmonia ou desconcerto é resultado da psique que é o agente acionador dos equipamentos,  a exteriorização do self, que armazena, através do psicossoma, as informações das experiências evolutivas, desde as primárias manifestações de vida, registradas no inconsciente profundo, sobrevivendo espontaneamente ou quando provocadas pela hipnose.
Nada se perde no conjunto das vivências que começam nos automatismos biológicos e alcançam as manifestações da transcendência espiritual.
Todo o funcionamento é liderado pelo  automatismo do processo da evolução até quando o self lúcido passa a elaborar os conceitos do discernimento e da razão. Toda a harmonia dos equipamentos que funcionam  conforme o estágio em que estagia amplia-se de acordo com os atos responsáveis, e desorganiza pelas intemperanças e primitivismos que predomine em o ser psíquico.
Todo esse desenvolvimento, que se perde no tempo em mais de dois bilhões e duzentos milhões de anos transcorridos, quando da sua origem em forma de primeiras moléculas atraídas umas às outras através da lei das afinidades, é uma sinfonia de bênçãos, que estimula a inteligência e a emoção ao sentimento da gratidão, a partir do momento em que se pode identificar-lhe a grandeza inimaginável.
É a máquina mais perfeita vista pela razão humana que a tem copiado e tentado imitá-la através da robotização e de outros mecanismos tecnológicos, o que tem ficado sempre aquém da sua complexidade infinita...
Considerando dessa forma, o corpo, mesmo ferido por deficiência ou disfunções, representa uma oportunidade rara para  restabelecer as peças  estragadas pela invigilância daquele que o utiliza como recurso de autoreparação.
Assim também, os belos conjuntos corporais, caracterizados pela beleza da harmonia das suas formas, é de grande responsabilidade para aquele que o utiliza transitoriamente, motivo de importantes reflexões do que nos limites em que se debate, nas provas e expiações depuradoras... Por isso todo futuro sustenta-se nas circunstancias de como vai ser utilizado pelo Espirito que agora o comanda.
A gratidão pela glória de estar nele deve expressar-se pelo respeito com que é utilizado, pela maneira como é conduzido com o objetivo de preservá-lo saudável e forte para as situações inevitáveis do processo de crescimento para Deus. Apesar de toda a sua harmonia, uma picada de alfinete infectado pode produzir-lhe danos irreparáveis, assim como uma emoção descontrolada é capaz de alterar-lhe o funcionamento, proporcionando desajustes e transtornos físicos, emocionais e psíquicos de dolorosa recuperação.
O desconhecimento sobre a imortalidade do ser, em revide aos sacrifícios que se impunham ao corpo no passado, na busca da sublimação dos instintos e desejos normais, os cilícios e abstinências perversas, como revide às sensações de que era objeto, surgem, hoje, no culto às formas, na conquista do que é considerado ideal, programadas por personalidades nem sempre equilibradas emocional e sexualmente, responsáveis por estabelecer os padrões de beleza de que a mídia divulga e consome.
As cirurgias responsáveis, as lipoaspirações, os implantes e os transplantes de peças, os tratamentos de preservação e de embelezamento, os exercícios exagerados, as ginásticas de vários significados, a alimentação que leva a anorexia e a bulimia tornaram-se fundamentais no campeonato da vaidade, sem  preocupação com a mente e o comportamento moral, fundamentais, pela vestimenta carnal...
Como o tempo é invencível e não para de avançar para a eternidade, aos poucos impõe as suas marcas no funcionamento da máquina, que se altera e registra os hábitos viciosos, os conflitos interiores na célula, fazendo com que os deuses de um momento acordem expulsos do Olimpo onde estiveram por um dia, perdidos nos porões do Hades do desencanto e da amargura, para onde foram atirados...
Graças à evolução genética das formas físicas, pode-se dizer que os biótipos atuais, após haverem superado as experiências evolutivas, alcançaram um padrão de harmonia e beleza que aponta para a sua procedência, conquistando mais equilíbrio estético com relação ao passado, com expectativas mais belas para o futuro.
Mesmo assim, Espíritos menos evoluídos podem utilizar-se dessa conquista e reencarnar com bela aparência, sem que os valores correspondam ao que se pode esperar daquilo que exteriorizam de forma agradável e atraente.
Os impulsos interiores, como também os atavismos morais, levam-nos para os grupos primitivos de onde vêm, fazendo com que revivam as situações e hábitos que deveriam estar superados.
Por isso, cabe a educação grande responsabilidade, para que sejam dissolvidas as construções morais viciosas, auxiliando-os a conquistar novos comportamentos que o ajudarão a libertar-se das fortes marcas que os caracterizam, oferecendo-lhes o treinamento de novos costumes, o anseio de aspirações mais elevadas, acima do imediato e fisiológico.
A dualidade amor e responsabilidade dão-se as mãos para a sua edificação interior, trabalhando os condicionamentos ancestrais e instalando novas condutas que se transformarão em a natureza ética e social, guiando-os no empreendimento fabuloso da reencarnação.
Esse programa salutar, formado pela consciência do dever, estará sempre enriquecido de valores espirituais que despertam para a realidade de cada qual, apontando-lhe os rumos da iluminação, que perseguirá como sentido existencial, agradecendo a oportunidade e bendizendo-a.
O apóstolo Paulo, na sua epístola aos Colossenses, no capítulo 3, versículo 16, exorta os discípulos, convidando-os a louvar “Deus com gratidão em seus corações.” Oportunamente, referira-se, noutra epístola, aos Coríntios, à sua gratidão pelos sofrimentos, pelas  aflições que lhe chegavam em razão da sua vinculação com Jesus.
Gratidão pelo sofrimento reparador, como gratidão pela alegria da fé iluminativa.
Nele a gratidão habitava como sentido existencial, por reconhecer que dedicar-se ao ideal libertador do evangelho era-lhe uma benção, e que tudo no universo ocorre em troca de valores.
As dádivas fruídas são os frutos abundantes e dadivoso da sementeira produzida a suor e luta, mas com alegria feita de reconhecimento pela oportunidade de fazer algo dignificante, não apenas para si mesmo, mas que pode transcender o ego na direção de outrem, da comunidade.
Sem esse entendimento, a vida humana não tem significado, resumindo-se no automatismo vegetativo, sem a significação psicológica que enobrece.
Os fenômenos automáticos da nutrição, do repouso e da reprodução também são encontrados nos vegetais e nos animais da escala zoológica.
O ser humano que pensa tem deveres para com a vida, começando com as responsabilidades em relação a si mesmo, ao ato de viver e sentir, de compreender e de amar...
E assim, a gratidão também é transcendência existencial, enriquecimento emocional e saúde comportamental, pela visão otimista que ultrapassa as barreiras do ego para se tornar significado motivador de plenitude.
Quem se comporta dessa forma não só encontra o sentido, o significado existencial, como encontra também a própria vida em toda a sua exuberância, sem a doentia presença que é a sombra com as suas várias máscaras, as bengalas psicológicas de fuga da responsabilidade que mantém o ser humano no estágio do primarismo do qual procede.
A evolução instala-se nele, a partir do momento em que, discernindo entre o que aparenta e o que é realmente, permite-se insculpir a consciência harmônica da responsabilidade moral proporcionadora da saúde integral.
Texto trabalhado com base no livro Psicologia Espírita, escrita por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado dia 05/04/2014

 

 

 

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