JESUS
E O AMOR
De todos os ensinamentos de
Jesus, de toda a Sua vivência profunda, o amor estabelece-se como ápice da
manifestação humana, e ponto de convergência com o divino. “A Lei natural”, dirá Joanna de Ângelis,
no livro Jesus e o Evangelho à Luz da
Psicologia Profunda, na pg.15 e 87, “que
vige em todo o Universo, é a de amor,
que se exterioriza de Deus mediante a Sua criação...e na perspectiva da
psicologia profunda o ser vive para amar e ser amado, iluminar a sombra e fazer
prevalecer o Self.”
Recordou que o mandamento maior
seria “Amar a Deus sobre todas
as coisas”...e que um segundo se lhe derivava – “Amar ao próximo como a si mesmo”. O amor a si mesmo, ao contrario do
que possa parecer, está longe de significar egoísmo. Não se trata de centrar-se
no ego, mas centrar-se no Self, perceber-se portador de inúmeros recursos que
se encontram adormecidos, e pela vinculação do sentimento do amor
por si mesmo, investir todos os recursos que se façam necessários para
tornar-se pleno, individuado.
A autocondenação, o
autodesamor, o comportamento autodestrutivo, sinalizadores da baixa autoestima,
transformam-se em algozes terríveis da criatura humana, que enquanto não se liberta
dessas pulsões de morte - tânatos, permanece em comportamentos autodestrutivos.
Isso afeta não somente a compreensão do nosso mundo interno, mas a relação com
os outros, e como asseverou o filósofo Kierkegaard (apud May, 1972):
“Se a pessoa não aprender com o cristianismo a amar a si mesma de
maneira correta também não poderá amar aos seus semelhantes... amar a si mesmo
corretamente e aos semelhantes são conceitos absolutamente análogos e, no
fundo, são idênticos...”
Munidos do autoamor, nossas
relações tornam-se mais profundas, verdadeiras, porque é a essência do nosso
ser que delas participa, e não a persona, a superficialidade que marca os
interesses escusos ou mascara nossa insegurança.
Jesus, por ser integral,
pleno em si mesmo, dedicava-se ao próximo como nenhum outro o fez, e “na condição de peregrino do amor, demonstrou
como é possível curar as feridas do mundo e dos seres humanos com a exteriorização
do amor em forma de compaixão, de bondade, de carinho e de entendimento.” Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia
Profunda, pg.89
À lei de talião e do ódio ao
inimigo, então vigentes, representantes do primitivismo e brutalidade nos quais
se encontram as criaturas, Ele propõe um novo mandamento:
- “Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que os perseguem, para
que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque Ele faz nascer o Seu sol
sobre os maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. (Mateus 5:43-46)
O Mestre sabia, no entanto,
que não eram somente os inimigos externos que mereceriam nosso amor e
compaixão, pois “os inimigos mais cruéis permanecem
no imo das próprias criaturas, que as vitalizam com o orgulho, o egoísmo e o
disfarce da acomodação social aparente” (ANGELIS, Jesus e Atualidade, p.114). Amar aos inimigos, canalizar a
força da oração aos que nos perseguem, como Ele propôs, possibilita
adicionalmente recolher a projeção dos nossos próprios conflitos, e
solucioná-los na raiz, ou seja, em nosso mundo íntimo.
Esse amor desdobrava-se no
perdão, não somente sete vezes, como questionava Pedro, “mas até setenta vezes sete” (Mateus 18:21-22). Diversos terapeutas
da atualidade comprovam a eficácia do perdão, como a Dra. Robin Casarjian,
estabelecendo que não se trata de negar os nossos sentimentos, como forma de se
eximir da dor que às vezes eles trazem, mas, pelo contrário, poder a eles
conectar-se de forma profunda e libertadora, desvinculando-se da força dos
complexos gerados por situações embaraçosas e traumáticas.
Era necessário apresentar a “outra face”, a face luminosa do amor
onde a sombra prevalecesse. Complementa Joanna de Ângelis, no livro, Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia
Profunda, p.77.
“À luz da psicologia profunda, o perdão é superação do sentimento
perturbador do desforço, das figuras de vingança e de ódio através da perfeita
integração do ser em si mesmo, sem deixar-se ferir pelas ocorrências afligentes dos
relacionamentos interpessoais.”
Quando o homem e a mulher
conseguirem amar a si mesmos, ativando os recursos internos de que se fazer possuidores,
e, logrando fazê-lo, direcionarem o amor ao próximo, tal qual Ele ensinou, poderemos
finalmente Amar a Deus acima de todas as
coisas, pois como muito bem estabeleceu o apóstolo João, o Evangelista
(4:20), “se alguém disser: Amo a Deus, e
odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê,
não pode amar a Deus, a quem não vê.”
E deixamos como reflexões
finais deste capítulo as próprias palavras da benfeitora Joanna de Ângelis, no
livro, Jesus e Atualidade, p.28, que
em toda sua Série Psicológica estabelece o amor como sentimento sublime, e
Jesus como representante máximo dessa vivencia:
“Por amor, elegeu um samaritano desprezado, para dele
fazer o símbolo da solidariedade.
Com amor, liberou uma mulher equivocada, tirando-lhe
o complexo de culpa.
Pelo amor, liberou uma mulher equivocada,
tirando-lhe o complexo de culpa.
Pelo amor, atendeu à estrangeira siro-fenícia que
Lhe pedia socorro para a enfermidade humilhante.
De amor estavam repletos Seu coração e Suas mãos
para esparzi-lo com os espezinhados, fosse um cobrador de impostos, uma
adúltera, o filho pródigo, a viúva necessitada, ou a mãe enlutada.
Sempre
havia amor em Sua trajetória,
iluminando as vidas e amparando as necessidades dos corpos, das mentes, das
almas.
Compadecia-se
de todos; no entanto, mantinha a energia que educa, edifica, disciplina e
salva.
Chorou
sobre Jerusalém a hipocrisia e deu a própria vida em holocausto de amor.
Nunca
se perdeu em sentimentalismos pueris ou agressividades rudes.
O amor norteava-Lhe os
passos, as palavras e os pensamentos.
Tornou-se e prossegue como
símbolo do amor integral em favor da Humanidade, à qual auspicia um sentimento humano
profundo e libertador.”
Texto escrito por Cláudio
Sinoti, no livro Refletindo a Alma. Postado
dia, 18/08/14.
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