sexta-feira, 22 de agosto de 2014


A aquisição da totalidade

Depois de conquistar uma floresta densa, o primeiro passo vai ser abrir clareiras na sua escuridão e densidade, para entrar luz e haja espaço para a construção de posto avançado de serviço e repouso.

O inconsciente é como uma floresta densa, a parte submersa de um iceberg flutuando  no tumulto da existência física.

A maioria dos atos e comportamentos humanos, vem do inconsciente, sem  interferência da consciência lúcida.

Arquivados no inconsciente coletivo estão  a história da Humanidade, os diferentes períodos vividos, restando pequeno espaço para o inconsciente individual, responsável pelos registros atuais, desde a concepção até a atualidade.

É sensato e verdadeiro dizer, que o Self se estruturou através das reencarnações, por onde esse princípio inteligente desdobrou os conteúdos adormecidos em germe, seu Deus interno, até o momento da consciência.

As impressões que se referem às memórias coletivas nesse inconsciente procedem, porque dizem respeito às vivências individuais ou às informações transmitidas pelos contemporâneos ou ascendentes que as viveram.

Para integrar esses arquétipos predominantes  no ser humano, é indispensável o amor a si mesmo, conforme recomenda o sublime Psicoterapeuta Jesus-Cristo.

Conhecedor da sombra individual e coletiva, que perturbava o ser humano.

Na Sua proposta psicoterapêutica através do amor, Ele destacou o amor pessoal, a si mesmo, em razão dos escamoteamentos, quando se procura amar ao próximo, impossibilitado do que se deve a si mesmo, ao Self.

Essa é uma artimanha da sombra, disfarçando o transtorno da indiferença ou da animosidade contra o próprio ser, dos conflitos perturbadores no íntimo, em fuga espetacular para valorizar o outro com desprezo pelos próprios sentimentos, suas conquistas e seus prejuízos.

Quando o individuo não se ama, apaixona-se, deslumbra-se, admira o outro e diz ama-lo, até quando a convivência demonstra que se tratava apenas de uma explosão sentimental sem profundidade nem significado.

Muitos dizem amar, para logo apresentar-se decepcionados por perceberem que o outro lhes é semelhante, trazendo também os polos opostos, presos a dificuldades e limites, que o afetuoso gostaria que ele não tivesse, esperando compensações por suas fraquezas.

O amor a si mesmo deve ser centrado no autorespeito e na autoconsideração que cada um se merece, identificando a sua sombra, que é familiar aos demais, aceitando-a e diluindo-a, com a amizade e a compreensão.

Não é ficar contra as imperfeições - a sombra interior - mas identificá-la, para  reforçá-la, ou seja, conscientizar-se de que ela existe considerando-a parte da sua vida.

Lutar contra a sombra é desgaste inútil de energia. Quando é identificada, a energia volta à psique, e, conforme a mesma seja integrada, mas vigor conquista o ser consciente.

É preciso, uma atitude ativa, porque a passividade, a anuência com a ignorância, nada fazendo para modificar a sua estrutura, alterando-a e dissolvendo-a, alimenta a violência de todo tipo, que desagua entre os poderosos terrestres em guerras violentas, espalhando a sombra coletiva  a arbitrariedade e a prepotência.

O bem e o mal se originam na psique humana, como resultado de experiências anteriores vivenciadas pelo Self. Como a sombra, os antagonismos podem e devem ser enfrentados através de diálogos com os opostos, que esclarecem a sua finalidade e os seus gravames.

Nos relacionamentos entre amigos e parceiros, sempre ocorre a fragmentação, onde essa convivência é de curto prazo, mesmo quando começa com entusiasmo e ardor. De um para outro momento percebe que a sua voz interior não apenas critica-o, lamentando a conivência, informando da sua indignidade ou inferioridade com relação ao outro, mas também pelo surgimento de uma agressão ferina, de apontamentos desagradáveis sobre um amigo ou parceiro...

Essa ocorrência produz o comportamento exterior sem correspondente íntimo, abrindo espaço ao cansaço ou à indiferença, a uma saturação emocional, tirando o prazer que antes havia naquela convivência.

Não se deve desconhecer a voz interior, principalmente se crítica ou mordaz, responsável por comentários depreciativos da própria pessoa ou de outrem.

É necessário o seu enfrentamento lúcido e natural, diluindo a tensão que se estabelece entre o consciente e o inconsciente.

Normalmente, diante de uma bela performance exterior, surge a voz interna que censura, que abomina, que recalcitra com relação àquele desempenho.

Essa tormentosa sombra imanente na psique faz parte do ego que espera a importante contribuição do Self libertador.

Considere-se a sombra uma questão moral, não escondendo através de sacrifícios, sevícias ou autoflagelações para vencer o que se chamou de tentações, porque tais comportamentos são pertinentes a ela mesma que, submetida por algum tempo, um dia irrompe como desencanto ou  vulgaridade a que se entregam aqueles que, por muito tempo, impediram-na de manifestar-se, crendo falsamente na vitória sobre ela.

Devorar a sombra pela integração lúcida na psique também é uma forma de diluí-la, incorporando-a ao conjunto, trabalhando pela unidade.

Qualquer violência ou obstinação contrária, mais a reforça, enquanto toda expressão de amor e de humildade em relação à mesma, libera-a.

Reconhecer-se imperfeito, como realmente se é trazendo ulceras e cicatrizes morais, é  ato de humildade real, que se deve manter com dignidade, enquanto que, divulgá-los, demonstrando simplicidade, é maneira de permanecer-se no estágio de dominação pela sombra que apenas mudou de expressão e de comportamento.

Nada mais desagradável e doentio que a falsa humildade, que exclui o indivíduo dos valores éticos elevados, que o subestima, expressando, disfarçadamente, presunção, diferenciamento das outras pessoas.

Jesus, que é inabordável psicologicamente, porque se encontra acima de todas as criaturas, como biótipo especial, nunca se subestimou ou adotou epítetos depreciativos para demonstrar humildade. Ao contrário, sempre referiu-se como o Enviado, o Messias, o Filho de Deus, a Luz do mundo, o Pão da vida, etc., demonstrando a Sua autoconsciência.

Entre a humildade e o exibicionismo há grande diferença.

Muita aparência humilde são ostentação disfarçada, portanto, presença da sombra dominadora na conduta psicológica.

Em qualquer movimento religioso, que busca a superar os conflitos, vale  considerar que convivem no mesmo indivíduo o anjo e o demônio, que necessitam harmonizar-se, descendo um na direção do outro que ascende no rumo do primeiro.

Quando se reconhece essa dualidade existente na psique, que é representativa do ser humano, uma das suas características, torna-se fácil a terapia equilibradora, unindo-a em um ser lúcido psiquicamente e generoso emocionalmente.

A integração é necessidade de vivenciar-se um trabalho consciente, de amadurecimento psicológico, de conquista emocional e espiritual.

Texto estudado A aquisição da totalidade, Divaldo Pereira Campos, pelo Espírito Joanna de Ângelis. Postado em 22/08/2014.

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