ESTRUTURA BIPOLAR DO SER
HUMANO
Conforme Jung, do ponto de
vista psicológico o objetivo essencial do ser humano é tornar possível ao
indivíduo a conquista da sua totalidade, o estado numinoso, que lhe traz o equilíbrio dos polos opostos.
Para ele o ser humano tem
estrutura bipolar, agindo entre dois diferentes estados da sua constituição
psicológica, como acontece com os arquétipos anima e animus.
Quando surge uma aspiração o
polo oposto apresenta-se, levando-o ao outro lado da questão.
Qualquer comportamento unilateral
faz surgir uma reação interna, inconsciente, contrária àquele interesse.
Quando se exalta em qualquer
forma de personalismo o indivíduo está escondendo a outra natureza que é também
sua natureza.
Se se atribui virtudes e
valores nobres, eles nascem em fantasias internas do que gostaria de ser, sem ter
conseguido.
Um eu é contrário ao outro
eu em luta interior contínua. Um é consciente, vigilante; o outro é
inconsciente, adormecido, acordado pelo
seu oposto. Um está na razão; o outro, no sentimento ou vice-versa. Não
vigilância e a não administração saudável
desse opositor seria como um desvario, que dificulta o raciocínio lúcido, a
presença da razão.
Esse ser duplo, resulta do
conhecimento adquirido, de experiência vivida, e o outro é de total
desconhecimento, ficando oculto sempre vigiando.
Jung utiliza da lógica
moderna, quando afirma: - O ser humano
vive como alguém cuja mão não sabe o que a outra faz, o que leva à recordar
o pensamento de Jesus, quando se refere à ação da caridade: Dai com a mão direita, sem que a esquerda o
saiba.
Jesus conhecia os dois polos
psicológicos do ser humano, por isso, encorajava-o a amar tão profundamente que
o seu gesto de afeição sublime e consciente concordasse com os seus arquivos
inconscientes.
Aquele que não consegue
harmonizar os dois polos em uma totalidade, torna-se vítima das expressões
desorganizadas do sentimento, levando-o às emoções fortes, descontroladas.
Stevenson, o poeta inglês,
traduziu esses dois polos na sua obra O
médico e o monstro, quando o Dr Jekil era vítima do sr Hide que coabitava
com ele no seu mundo interior, expressando a inferioridade que o médico queria
superar na sua função sacerdotal.
Na tradição religiosa,
expressam-se como o bem e o mal, ou o anjo e o demônio, já na sociologia conceitua-se
de certo e de errado, da treva e da luz, do belo e do feio.
Essa dicotomia psicológica está
no ser humano em desenvolvimento emocional e espiritual.
A terapêutica a desenvolver,
deve voltar-se para a integração do polo oposto, no que está consciente e é
relevante, produtivo, saudável, caminho seguro para a completude.
O esforço consciente do
indivíduo para autopenetrar-se, autoconhecer-se, como resultado das tensões dos
polos ativados pelo interesse da integração, leva-o a um
comportamento gentil, afável, compreensível das dificuldades das limitações do
seu próximo.
Enquanto, houver essa
dissociação, essa fragmentação, o desconhecimento da consciência, se cai na
cisão da personalidade, surgindo os transtornos neuróticos que atormentam
aumentando as distancias entre os atos conscientes e os inconscientes.
Jung sugere os símbolos como
representação dos conflitos que se estabelecem nas oposições dos mesmos,
encarregados de os unir e formar apenas uma realidade, como se vê na cruz,
cujos braços tem o seu ponto de segurança no centro em que se encontra a haste
vertical com a horizontal, representando a segurança, a unidade daqueles
contrários...
Lembra o comportamento do
cristão, quando se rende à Divindade, sem despedaçar-se nela, mas tornando-se
um eleito, capaz de carregar o seu fardo, a sua cruz.
Pessoas inexperientes, ao perceberem
os opostos no seu mundo interior, afligem-se sem necessidade, construindo
conceitos indevidos e punitivos, como se as manifestações do inconsciente fossem
inferioridade, promiscuidade, originando as culpas sem razão de existirem.
Creem precipitadamente que
podem forçar a mudança tornando-se puras, embora os conflitos, fazendo
descobrimentos dolorosos de vidas vazias.
Esses conflitos não devem
ser combatidos como inimigos em campo de batalha, mas atendidos, orientados,
esclarecidos, libertando-se deles pela sua conscientização, de forma que a
autoconsciência experimente bem-estar pela conquista interior.
É comum pensamentos
infelizes quando se ora, ou medita, o que não é em outros momentos, inquietando
e trazendo mal-estar.
Arquivado no inconsciente,
quando ativado pelo polo edificante, o outro libera o adversário.
Deve-se ficar não reativo
insistindo no objetivo até unificar os oponentes.
A fragmentação leva ao desanimo,
à perda do entusiasmo.
Um eu lutando contra o outro
eu desgasta o sentimento ou perturba a razão.
Postado dia 11/08/2014, do Livro
Em Busca da Verdade, Divaldo Franco
pelo espirito Joanna de Ângelis.
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