segunda-feira, 11 de agosto de 2014


ESTRUTURA BIPOLAR DO SER HUMANO

Conforme Jung, do ponto de vista psicológico o objetivo essencial do ser humano é tornar possível ao indivíduo a conquista da sua totalidade, o estado numinoso, que lhe traz o equilíbrio dos polos opostos.

Para ele o ser humano tem estrutura bipolar, agindo entre dois diferentes estados da sua constituição psicológica, como acontece com os arquétipos anima e animus.

Quando surge uma aspiração o polo oposto apresenta-se, levando-o ao outro lado da questão.

Qualquer comportamento unilateral faz surgir uma reação interna, inconsciente, contrária àquele interesse.

Quando se exalta em qualquer forma de personalismo o indivíduo está escondendo a outra natureza que é também sua natureza.

Se se atribui virtudes e valores nobres, eles nascem em fantasias internas do que gostaria de ser, sem ter conseguido.

Um eu é contrário ao outro eu em luta interior contínua. Um é consciente, vigilante; o outro é inconsciente, adormecido,  acordado pelo seu oposto. Um está na razão; o outro, no sentimento ou vice-versa. Não vigilância e a não  administração saudável desse opositor seria como um desvario, que dificulta o raciocínio lúcido, a presença da razão.

Esse ser duplo, resulta do conhecimento adquirido, de experiência vivida, e o outro é de total desconhecimento, ficando oculto sempre vigiando.

Jung utiliza da lógica moderna, quando afirma: - O ser humano vive como alguém cuja mão não sabe o que a outra faz, o que leva à recordar o pensamento de Jesus, quando se refere à ação da caridade: Dai com a mão direita, sem que a esquerda o saiba.

Jesus conhecia os dois polos psicológicos do ser humano, por isso, encorajava-o a amar tão profundamente que o seu gesto de afeição sublime e consciente concordasse com os seus arquivos inconscientes.

Aquele que não consegue harmonizar os dois polos em uma totalidade, torna-se vítima das expressões desorganizadas do sentimento, levando-o às emoções fortes, descontroladas.

Stevenson, o poeta inglês, traduziu esses dois polos na sua obra O médico e o monstro, quando o Dr Jekil era vítima do sr Hide que coabitava com ele no seu mundo interior, expressando a inferioridade que o médico queria superar na sua função sacerdotal.

Na tradição religiosa, expressam-se como o bem e o mal, ou o anjo e o demônio, já na sociologia conceitua-se de certo e de errado, da treva e da luz, do belo e do feio.

Essa dicotomia psicológica está no ser humano em desenvolvimento emocional e espiritual.

A terapêutica a desenvolver, deve voltar-se para a integração do polo oposto, no que está consciente e é relevante, produtivo, saudável, caminho seguro para a completude.

O esforço consciente do indivíduo para autopenetrar-se, autoconhecer-se, como resultado das tensões dos polos ativados pelo interesse da integração, leva-o a um comportamento gentil, afável, compreensível das dificuldades das limitações do seu próximo.

Enquanto, houver essa dissociação, essa fragmentação, o desconhecimento da consciência, se cai na cisão da personalidade, surgindo os transtornos neuróticos que atormentam aumentando as distancias entre os atos conscientes e os inconscientes.

Jung sugere os símbolos como representação dos conflitos que se estabelecem nas oposições dos mesmos, encarregados de os unir e formar apenas uma realidade, como se vê na cruz, cujos braços tem o seu ponto de segurança no centro em que se encontra a haste vertical com a horizontal, representando a segurança, a unidade daqueles contrários...

Lembra o comportamento do cristão, quando se rende à Divindade, sem despedaçar-se nela, mas tornando-se um eleito, capaz de carregar o seu fardo, a sua cruz.

Pessoas inexperientes, ao perceberem os opostos no seu mundo interior, afligem-se sem necessidade, construindo conceitos indevidos e punitivos, como se as manifestações do inconsciente fossem inferioridade, promiscuidade, originando as culpas sem razão de existirem.

Creem precipitadamente que podem forçar a mudança tornando-se puras, embora os conflitos, fazendo descobrimentos dolorosos de vidas vazias.

Esses conflitos não devem ser combatidos como inimigos em campo de batalha, mas atendidos, orientados, esclarecidos, libertando-se deles pela sua conscientização, de forma que a autoconsciência experimente bem-estar pela conquista interior.

É comum pensamentos infelizes quando se ora, ou medita, o que não é em outros momentos, inquietando e trazendo mal-estar.

Arquivado no inconsciente, quando ativado pelo polo edificante, o outro libera o adversário.

Deve-se ficar não reativo insistindo no objetivo até unificar os oponentes.

A fragmentação leva ao desanimo, à perda do entusiasmo.

Um eu lutando contra o outro eu desgasta o sentimento ou perturba a razão.

Postado dia 11/08/2014, do Livro Em Busca da Verdade, Divaldo Franco pelo espirito Joanna de Ângelis.

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