domingo, 24 de agosto de 2014


 

FRAGMENTAÇÕES MORAIS

Para imortalizar as Suas propostas de saúde e bem-estar, Jesus como Psicoterapeuta excepcional utilizou símbolos, que eram arquétipos nobres da época.

Trazendo as Boas novas de alegria, para uma época sofrida, marcada por criaturas perturbadas no desconhecimento, o Seu ministério trazia propostas libertadoras do primitivismo, de respeito a vida e pela harmonia dos sentimentos, em incomparável diretriz de identificação entre ego e  Self.

Compreendendo os sofridos conflitos dos indivíduos e das massas que constituíam, do inconsciente individual e coletivo cheios de heranças ancestrais primitivas, perturbadoras, sem possibilidades próximos de um superconsciente rico de harmonia, sabia que a única e eficaz maneira de trazer a libertação dos pacientes prisioneiros do egoísmo e do imediatismo, seria o autoconhecimento.

Diante da cultura religiosa fanática e atrasada – a sombra dominadora – e da falta de conhecimento sobre a vida, apenas possíveis nos santuários esotéricos, onde poucos iniciados tinham a oportunidade de conhecê-la, identificando a estrutura complexa do ser e as suas ricas possibilidades amortecidas pela matéria, Ele propôs  quebrar o obscurantismo com a luz da razão, usando permanentes símbolos que passaram à posteridade e continuam atuais.

Através de parábolas, era possível chegar ao desconhecido Self simples, mas  habilmente acordando-o,  para que dominasse o ego, a despeito das  imposições perversas do Seu tempo.

Vivendo para todas as épocas atemporais, deixou para as gerações futuras os inesquecíveis ensinos, superando os  antigos mitos, porque eram psicoterapêuticos, embora o objetivo aparentemente moral, social e religioso que ocultavam.

Por isso, foi veemente, quando falou nos Seus ensinos de que a letra mata, mas o espírito vivifica, fazendo o vinculo do eixo ego-Si mesmo, dizendo que, além da forma tosca trazia o conteúdo saudável e vivo para o processo da cura real de todas as doenças.

Entre as contribuições psicológicas, desse gênero, para o futuro, contou à parábola do Filho Pródigo, conforme Lucas, no capítulo 15 nos versículos 11-32.

A história fala da fragmentação da psique a respeito dos arquétipos dos valores morais no ser humano, nessa luta sem quartel entre o ego imediatista e dominador e o Self harmônico e totalizante.

Um homem tinha dois filhos – narrou Jesus - Disse o mais moço a seu pai: - Meu pai dá-me a parte dos bens que me toca. Ele repartiu os seus haveres entre ambos. Poucos dias depois o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para um país longínquo, e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome e ele começou a passar necessidades. Foi encontrar-se com um dos cidadãos daquele país e este o mandou para os seus campos guardar porcos. Ali desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lh’as dava. Caindo, porém, em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui estou morrendo de fome! Levantar-me-ei, irei a meu pai e dir-lhe-ei: - Pai pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros. Levantando-se, foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai viu-o e teve compaixão dele, e, correndo, o abraçou, e o beijou. Disse-lhe o filho: - Pai pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: - Trazei-me depressa a melhor roupa e vesti-lh’a, e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também o novilho cevado, matai-o, comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho era morto e reviveu, estava perdido e se achou. E começaram a regozijar-se. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltou e foi chegando a casa, ouviu a música e a dança, e chamando um dos criados, perguntou-lhe o que era aquilo. Este lhe respondeu: - Chegou teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; e saindo seu pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: - Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos, mas quando veio este teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, tu mandas-te matar para ele o novilho cevado. Disse-lhe o pai: - Filho, tu sempre estás comigo, e tudo que é meu é teu; entretanto, cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou. (tradução segundo o original grego pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Rio de Janeiro, Londres, New York.)

Os arquétipos do bem e do mal, da sombra densa e suave, do ego e do Self conflitam-se, nessa narrativa, enfrentando-se, lutando ferozmente, e surgem grande quantidade de transtornos psicológicos, como a promiscuidade de conduta, a perversão, a fuga, o ressentimento, a ira e o desencanto, presente no comportamento dos dois irmãos, e o pai generoso apresenta a saúde pelo entendimento e compreensão com relação às quedas morais e à ignorância dos filhos, utilizando a compaixão e o perdão, a gratidão e o afeto.

O pai leva-os ao encontro com o arquétipo primordial tornando possível um reencontro terapêutico entre os dois irmãos, única forma possível do entendimento entre ambos, da fraternidade plena, da saúde geral.

Postagem do dia 24/08/2014.

Livro: Em Busca da Verdade, Divaldo Franco Pelo Espírito Joanna de Ângelis.

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