FRAGMENTAÇÕES
MORAIS
Para imortalizar as Suas
propostas de saúde e bem-estar, Jesus como Psicoterapeuta excepcional utilizou símbolos,
que eram arquétipos nobres da época.
Trazendo as Boas novas de alegria, para uma época sofrida,
marcada por criaturas perturbadas no desconhecimento, o Seu ministério trazia
propostas libertadoras do primitivismo, de respeito a vida e pela harmonia dos
sentimentos, em incomparável diretriz de identificação entre ego e Self.
Compreendendo os sofridos
conflitos dos indivíduos e das massas que constituíam, do inconsciente
individual e coletivo cheios de heranças ancestrais primitivas, perturbadoras,
sem possibilidades próximos de um superconsciente rico de harmonia, sabia que a
única e eficaz maneira de trazer a libertação dos pacientes prisioneiros do
egoísmo e do imediatismo, seria o autoconhecimento.
Diante da cultura religiosa
fanática e atrasada – a sombra dominadora
– e da falta de conhecimento sobre a vida, apenas possíveis nos santuários
esotéricos, onde poucos iniciados tinham a oportunidade de conhecê-la,
identificando a estrutura complexa do ser e as suas ricas possibilidades
amortecidas pela matéria, Ele propôs quebrar
o obscurantismo com a luz da razão, usando permanentes símbolos que passaram à
posteridade e continuam atuais.
Através de parábolas, era possível
chegar ao desconhecido Self simples,
mas habilmente acordando-o, para que dominasse o ego, a despeito das imposições perversas do Seu tempo.
Vivendo para todas as épocas
atemporais, deixou para as gerações futuras os inesquecíveis ensinos, superando
os antigos mitos, porque eram psicoterapêuticos, embora o objetivo
aparentemente moral, social e religioso que ocultavam.
Por isso, foi veemente, quando
falou nos Seus ensinos de que a letra
mata, mas o espírito vivifica, fazendo o vinculo do eixo ego-Si mesmo, dizendo que, além da forma
tosca trazia o conteúdo saudável e vivo para o processo da cura real de todas
as doenças.
Entre as contribuições
psicológicas, desse gênero, para o futuro, contou à parábola do Filho Pródigo, conforme Lucas, no capítulo 15 nos versículos 11-32.
A história fala da
fragmentação da psique a respeito dos arquétipos dos valores morais no ser
humano, nessa luta sem quartel entre o ego
imediatista e dominador e o Self harmônico
e totalizante.
Um
homem tinha dois filhos – narrou Jesus - Disse o mais moço a seu
pai: - Meu pai dá-me a parte dos bens que me toca. Ele repartiu os seus haveres
entre ambos. Poucos dias depois o
filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para um país longínquo, e
lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido
tudo, sobreveio àquele país uma grande fome e ele começou a passar necessidades.
Foi encontrar-se com um dos cidadãos daquele país e este o mandou para os seus
campos guardar porcos. Ali desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos
comiam, mas ninguém lh’as dava. Caindo, porém, em si, disse: Quantos
jornaleiros de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui estou morrendo de fome!
Levantar-me-ei, irei a meu pai e dir-lhe-ei: - Pai pequei contra o céu e diante
de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus
jornaleiros. Levantando-se, foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai
viu-o e teve compaixão dele, e, correndo, o abraçou, e o beijou. Disse-lhe o
filho: - Pai pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser
chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: - Trazei-me depressa a
melhor roupa e vesti-lh’a, e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;
trazei também o novilho cevado, matai-o, comamos e regozijemo-nos, porque este
meu filho era morto e reviveu, estava perdido e se achou. E começaram a
regozijar-se. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltou e foi
chegando a casa, ouviu a música e a dança, e chamando um dos criados,
perguntou-lhe o que era aquilo. Este lhe respondeu: - Chegou teu irmão, e teu
pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se
indignou e não queria entrar; e saindo seu pai, procurava conciliá-lo. Mas ele
respondeu a seu pai: - Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma
ordem tua, e nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos,
mas quando veio este teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, tu
mandas-te matar para ele o novilho cevado. Disse-lhe o pai: - Filho, tu sempre
estás comigo, e tudo que é meu é teu; entretanto, cumpria regozijarmo-nos e
alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se
achou. (tradução segundo o original grego pelas Sociedades Bíblicas Unidas.
Rio de Janeiro, Londres, New York.)
Os arquétipos do bem e do
mal, da sombra densa e suave, do ego e do Self conflitam-se, nessa narrativa, enfrentando-se, lutando ferozmente,
e surgem grande quantidade de transtornos psicológicos, como a promiscuidade de
conduta, a perversão, a fuga, o ressentimento, a ira e o desencanto, presente no
comportamento dos dois irmãos, e o pai generoso apresenta a saúde pelo
entendimento e compreensão com relação às quedas morais e à ignorância dos
filhos, utilizando a compaixão e o perdão, a gratidão e o afeto.
O pai leva-os ao encontro
com o arquétipo primordial tornando possível
um reencontro terapêutico entre os dois irmãos, única forma possível do
entendimento entre ambos, da fraternidade plena, da saúde geral.
Postagem do dia 24/08/2014.
Livro: Em Busca da Verdade, Divaldo Franco Pelo Espírito Joanna de
Ângelis.
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