Andei pensando, o que oferecer hoje aos queridos amigos que
nos acompanham nas leituras? Lembrei
então que todos temos junto de nós, vivendo conosco, algum ente muito querido
que se encontra viajando por essa fase solene da vida, chamada entre nós de
idade da velhice. Recorri então ao grande pensador considerado o Apóstolo do
Espiritismo, o francês Léon Denis. Vamos ver o que ele nos diz na sua linguagem
tão poética que caracteriza os seus escritos e embala nossas almas; dizendo e,
ao mesmo tempo, ensinando com doçura . Vamos aprender com ele a viver e a
conviver conosco e ou com os nossos entes tão queridos que vivenciam fase tão
importante e rica da grande lei circulatória da vida evolutiva, como o
Espiritualismo Moderno nos aponta. Vejamos então Léon Denis diz assim:
Perdoem-me eu apenas o copiei. Não foi permitido alguns
ajustes e acertos
"A velhice é o outono da vida; no último declínio, a vida está no inverno.
Somente com o pro-nunciar esta palavra — velhice —
sente -se já o frio que sobe ao
coração; a velhice, segundo o modo de ver comum dos homens, é a decrepitude, a
ruína; ela recapitula todas as tristezas, todos os males, todas as dores da vida; é o
prelúdio melancólico e aflitivo do último adeus. Há aí um grave erro. Em regra geral
nenhuma fase da vida humana é inteiramente deserdada dos dons da Natureza, e
muito menos das bênçãos de Deus. Por que o derradeiro quartel da existência, o que
precede imediatamente a coroação do destino, será mais triste que os outros? Seria
uma contradição — e esta não pode existir na obra divina — onde tudo é harmonia
comparável à da composição viva de um concerto impecável.
Ao contrário, a velhice é bela, é grande, é santa. Vamos estudá la um instante,
à luz pura e serena do Espiritualismo.
Cícero escreveu um eloquente tratado sobre a velhice. Sem dúvida, tornamos
a encontrar nessas célebres páginas alguma coisa do gênio harmonioso desse grande
homem; é, no entanto, uma obra puramente filosófica, e que só contém vistos frios,
uma resignação estéril e abstrações puras.
Precisamos colocarnos em outro ponto de vista, para compreender e admirar
a peroração augusta da existência terrestre.
A velhice recapitula todo o livro da vida; resume os dons das outras épocas da
existência, sem as ilusões, nem as paixões, nem os erros.
O ancião viu o nada de tudo quanto deixa; entreviu a certeza de tudo o que há
de vir; é um vidente. Sabe, crê, vê, espera. Em torno da fronte, coroada de cabeleira
branca qual a faixa hierática dos antigos pontífices, paira majestade sacerdotal. A
falta de reis, entre certos povos, eram os velhos que governavam.
A velhice é ainda, e apesar de tudo, uma das belezas da vida, e certamente
uma de suas mais altas harmonias. Dizse
muitas vezes: que belo velho! Se a
velhice não tivesse estética
especial, por que tal exclamação? Entretanto, é preciso não esquecer de que, em
nossa época, “há — já o dizia Chateaubriand—muitos velhos, o que não é a mesma
coisa, e — poucos anciães!” O ancião, com efeito, é bom, indulgente, estima e
encoraja a mocidade; seu coração não envelheceu. Os velhos, porém, são ciumentos,
malévolos e severos; e, se nossas gerações novas perdem o culto de outrora pelos
antepassados, não é, precisamente,
porque os velhos deixaram de ter a
alta
serenidade, a benevolência amável que fazia, primitivamente, a poesia dos antigos
lares?
A velhice é santa, pura quanto à primeira infância; por isso, aproxima-se de
Deus e vê mais claro e mais longe nas profundezas do Infinito.
Ela é, em realidade, um começo de
desmaterialização. A insônia, característico
ordinário dessa idade, disso oferece a
prova material. A velhice
assemelhase à vigília prolongada, à vigília da eternidade, e o velho é uma espécie
de sentinela avançada, na extrema fronteira da vida; já tem um pé na terra prometida
e vê a outra margem, a segunda vertente do destino. Daí essas ausências estranhas,
essas distrações prolongadas que costumamos tomar por enfraquecimento mental e
que são, em realidade explorações momentâneas no Além, isto é, fenômenos de
expatriação passageira. Eis o que nem sempre se compreende. A velhice temse dito
muitas vezes, é à tarde da vida, é à noite. À tarde da vida, em verdade; mas, há
tardes belas e poentes com reflexos de apoteose.
É à noite; mas, a noite é tão bela, com o seu ornato de constelações!
Igual à noite, a velhice tem suas
viaslácteas, suas estradas brancas e
luminosas, reflexo esplêndido de longa vida, cheia de virtude, de bondade, de honra!
A velhice é visitada pelos Espíritos do Invisível, tem iluminações instintivas; um
dom maravilhoso de adivinhação e profecia; é a mediunidade permanente, e seus
oráculos são os ecos da voz de Deus.
Eis por que são duplamente santas as bênçãos do ancião.
Devemse guardar no coração os últimos transportes do ancião que morre
qual o eco longínquo de uma voz amada de Deus e respeitada pelos homens.
A velhice, quando é digna e pura, assemelhase ao nono livro da Sibila que,
por si só, vale o preço de todos os outros, porque os recapitula e, resumindo todo o
destino humano, anula os outros livros.
Prossigamos nossa meditação sobre a velhice, e estudemos o trabalho interior
que nela se estabelece.
“De todas as histórias — dizse — a mais bela é a das Almas”. Isso é
verdade. É belo penetrar nesse mundo interior, e surpreender as leis do pensamento,
os movimentos secretos do amor.
A Alma do ancião é uma cripta misteriosa, esclarecida pela Alba inicial do
sol do outro mundo. De igual forma que as antigas iniciações se davam nas salas
profundas das pirâmides, longe do olhar
e do ruído dos mortais, abstratos e
inconscientes, paralelamente, na cripta subterrânea da velhice dãose as iniciações
sagradas, que preludiam as revelações da morte.
As transformações, ou melhor, as transfigurações operadas nas faculdades da
Alma, pela velhice, são admiráveis. Esse trabalho interior resumese em uma única
palavra: a simplicidade.
A velhice é eminentemente simplificadora de tudo. Simplifica, a principio. O
ladomaterial da vida; Suprime todas as necessidades irreais as mil necessidades
artificiosas que a mocidade é a idade madura nos tenham criado e que faziam. De
nossa existência complicada, verdadeira escravidão, servidão, tirania. Já o dissemos
acima: que é um começo de espiritualização.
Dáse o mesmo trabalho de simplificação
na inteligência. As coisas
adquiridas tornamse mais transparentes; no fundo de cada palavra, encontrase a
idéia, entrevêse Deus.
O ancião tem uma faculdade preciosa: a de esquecer. Tudo que lhe foi fútil,
supérfluo na vida, apagase; só conserva na memória, qual o fundo de um cadinho, o
que foi substancial. A fronte do velho não tem mais a atitude altiva e provocadora da mocidade, a
da idade viril; ela pende, sob o peso do pensamento, lembrando um fruto maduro.
O ancião curvo a testa e inclinase sobre o coração. Procura converter em
amor tudo quanto lhe resta de faculdades, de vigor, de lembranças. A velhice não é
uma decadência: é realmente um progresso. Caminhada avante para o termo; e esse
título é uma das bênçãos do Céu.
A velhice é o prefácio da morte; é o que a torna santa, igual à vigília solene
que faziam os iniciados antigos, antes de levantar o véu que cobria os mistérios. A
morte é, pois, uma iniciação.
Todas as religiões e todas as filosofias têm tentado explicar a morte; bem
poucas lhe têm conservado o verdadeiro caráter.
O Cristianismo divinizou-a; seus santos
encararam-na nobremente, seus
poetas cantaramna por uma libertação. Entretanto, os santos do Catolicismo só
viram nela as exonerações da servidão da carne, o resgate do pecado, e, por isso
mesmo, os ritos funerários da liturgia católica espalham uma espécie de terror sobre
essa peroração, aliás, tãonatural, da existência terrestre.
A morte é simplesmente um segundo nascimento deixamos o mundo pela
mesma razão por que nele entramos, segundo a ordem da mesma lei.
Algum tempo antes da morte, um
trabalho silencioso se executa. A
desmaterialização já está começada. Poderiam verificá-la por certos sinais, quantos
rodeiam o moribundo, se não estivessem distraídos pelos fatos externos. A moléstia
goza aqui de papel considerável. Ela acaba em alguns meses, em algumas semanas,
em alguns dias, apenas, o que o lento trabalho da idade havia preparado: é a obra I
de “dissolução” de que fala o Apóstolo Paulo. Essa palavra dissolução é muito
significativa: indica nitidamente que o organismo se desagrega, e que o perispírito se
“desliga”do resto da carne em que estava envolvido.
Que se passou nesse momento supremo, a que todas as línguas chamam
“agonia”, isto é, o último combate? Pressente-se, adivinha-se.
Um grande poeta moribundo traduziu tal instante solene neste verso:
“É este o combate do dia e da noite”.
Com efeito, a Alma entra em um estado crepuscular, está no limite extremo,
na fronteira dos dois mundos e é visitada pelas visões iniciais daquele em que vai
entrar. O mundo que deixa, envialhe os fantasmas da lembrança e todo um cortejo
de Espíritos lhe aparece do lado da aurora.
Ninguém morre só, pela mesma forma que ninguém nasce só. Os invisíveis
que o conheceram, que o amaram, que o assistiram aqui, em nosso orbe, vêm ajudar
o moribundo a desembaraçarse das últimas cadeias do cativeiro terrestre.
Nessa hora solene, as faculdades aumentam; a Alma, já meio desprendida,
dilatase; começa a entrar em sua atmosfera natural, a retomar a vida vibratória
normal, e é por isso que, nesse momento, se revelam, em alguns agonizantes,
fenômenos curiosos de mediunidade.
A Bíblia está cheia dessas revelações supremas. A morte do patriarca Jacó é o
tipo perfeito da desmaterialização e de suas leis. Os doze filhos estão reunidos em
torno do leito, formando uma viva coroa funerária. O ancião recolhese e, depois de
reconstituir o passado, as lembranças, profetiza a cada uma deles o futuro da família
e de sua raça.
A vista se lhe estende mais longe ainda: percebe na extremidade dos tempos
aquele que deve um dia recapitular toda a mediunidade secular do velho Israel: o
Messias, e mostra, por último rebento de sua raça, aquele que resumirá toda a glória
da posteridade de Jacó.
Nenhum Faraó, em seu orgulho, morreu com tanta grandeza quanto esse
velho obscuro e ignorado, que expirava a um canto da terra de Gessen.
Voltemos ao atoda morte. A desmaterialização está completa; o perispírito se
desprende do invólucro carnal, que vive ainda algumas horas, talvez, de uma vida
puramente vegetativa. Assim, os estados
sucessivos da personalidade humana desenrolamse
em ordem inversa àquela que preside
ao nascimento. A vida
vegetativa, com que o ser havia começado no seio maternal, é agora a última a
extinguirse; a vida intelectual e a vida sensitiva são as duas primeiras que partem.
Que se passa então? O Espírito, isto é, a Alma e seu envoltório fluídico e, por
consequência, o eu leva a última impressão moral e física que teve na Terra, e a
conserva durante um tempo mais ou menos prolongado, conforme o grau respectivo
de sua evolução. Eis por que convém rodear a agonia dos moribundos de palavras
doces e santas, de pensamentos elevados porque são estes últimos gestos, essas
últimas imagens que se imprimem nas folhas do livro subliminal da consciência; é a
linha última que o morto lerá desde sua entrada no Além, ou antes, desde quando
tiver consciência de seu novo modo de ser.
A morte é, pois, em realidade, uma
passagem, uma transição e uma
translação. Se devermos tomar à vida moderna uma imagem, comparemola a um
túnel. Com efeito, a Alma
avança no desfiladeiro da morte, mais
ou menos
lentamente, segundo seu grau de desmaterialização e espiritualidade.
As Almas superiores, que sempre viveram nas altas esferas do pensamento e
da virtude, atravessam essa obscuridade com
a rapidez do trem expresso que
desemboca, em um instante, na plena luz do vale, mas é esse um privilégio de
pequeno número de Espíritos evoluídos; são os eleitos e os sábios.
Não falaremos aqui dos criminosos, dos
seres animalizados, de instintos grosseiros, que viveram, ou antes, vegetaram toda uma existência nos pântanos do
vício e na enxurrada do crime. Para estes é à noite, a noite cheia de terríveis
pesadelos. Temos dificuldade, entretanto, em crer que as fronteiras do Além e os
caminhos da vida errática estejam povoados desses seres terríveis a que os ocultistas
chamam elementais. Só se poderiam ver aí símbolos e imagens, reflexos, de paixões,
vícios, crimes que os perversos cometeram na Terra.
Encaremos aqui, apenas, as vidas ordinárias,
as existências que seguem
tranquilamente as fases lógicas do seu destino. É a condição comum da maior parte
dos mortais.
A Alma entrou na sombria galeria: aí fica em obscuridade, ou antes, em uma
penumbra próxima da luz. É o
crepúsculo do Além. Os poetas, com
muita
felicidade, têm pintado esse estado e descrito esse meiodia, esse claroescuro do
mundo extraterrestre.
Aqui, as analogias entre a vida e a morte são impressionantes. A criança
permanece muitos dias sem fixar a luz e sem ter conhecimento do que a rodeia; seus
olhos ainda não se abriram, e assim a irradiação do pensamento.
O recémnascido no mundo invisível fica também ele, algum tempo sem
tomar conhecimento do seu modo de ser e de seu destino. Ele ouve, ao mesmo
tempo, os murmúrios próximos ou remotos dos dois mundos; entrevê movimentos e
gestos, que não poderia precisar, nem definir. Meio entrado na quarta dimensão,
perde a noção precisa da terceira, na qual havia até então evolvido. Não dá mais
tento, nem da quantidade, nem do número, nem do espaço, nem do tempo, pois que
seus sentidos que, quais outros tantos instrumentos de óptica, o ajudavam a calcular,
a medir, a pesar, se fecharam de repente, qual uma porta para sempre condenada.
Que estado estranho, esse da Alma, que tateia cega, nas estradas do Além! E, no
entanto, esse estado é real. Nesse
momento, as influências magnéticas da prece,
das lembranças, do
amor, podem gozar um papel considerável e apressar o advento das claridades
reveladoras que vão iluminar essa consciência ainda adormecida, essa Alma “em
trabalhos” do seu destino. A prece, nesse caso, é uma verdadeira evocação; é o grito
de apelo à Alma indecisa e flutuante. Eis porque o esquecimento dos mortos e a
negligencia de seus cultos são reprováveis
e nos acarretam mais tarde olvidos
semelhantes..
Esse período de transição, entretanto, e essa parada no túnel da morte são
absolutamente necessários, em preparo da
visão de luz que deve suceder à
obscuridade. É preciso que o sentido psíquico se vá adaptando proporcionalmente ao
novo foco que o vai esclarecer.
Uma passagem súbita, sem transição nenhuma desta vida à outra, seria um
deslumbramento que produziria perturbação prolongada. Natura non facit saltus,
disse o grande Lineu; essa lei rege
igualmente os graus progressivos do desprendimento espiritual.
É preciso que a visão da Alma
se engrandeça, que a ave noturna,
impossibilitada de encarar a aurora, fortaleça as pupilas, e possa igual à águia, olhar
de face o Sol, com olhar intrépido.
Esse trabalho de preparação executa-se
progressivamente, durante a demora, mais ou
menos prolongada, no túnel que
precede a vida errática propriamente dita. Pouco a pouco, vai à luz sendo feita; a
princípio muito pálida, Alba inicial que se ergue sobre a crista dos montes; depois, à
Alba sucede a aurora; aqui, a Alma entrevê o mundo novo em que habita; ela pode
ler em si mesma, e se compreende, graças a uma luz sutil que a penetra em toda a
sua essência. Gradualmente, todo o seu destino, com as vidas anteriores, e, antes de
tudo, com a noção consciente e reflexa da última, vai revelando-se, qual em um
clichê cinematográfico vibratório e animado. O Espírito, então, compreende o que é,
onde está e o que vale.
As Almas, por instinto infalível, vão para a esfera proporcionado a seu grau
de evolução, à sua faculdade de iluminação, à sua aptidão atual de perfectibilidade.
As afinidades fluídicas conduzem-na, qual doce, mas imperiosa brisa que
impele um batel, para outras Almas similares, com as quais vai unir-se em uma
espécie de amizade, de parentesco
magnético; e, assim, a vida, uma vida
verdadeiramente social, mas de grau superior, reconstitui-se, tal qual outrora na
Terra, porque a Alma humana não poderia renunciar à sua natureza. A estrutura
íntima, sua faculdade de irradiação, lhe impõe a sociedade que merece.
No Além, as famílias, os grupos
de Almas e os círculos de Espíritos
reformam-se segundo as leis de afinidade e simpatia.
O purgatório é visitado pelos anjos, dizem os místicos teólogos. O mundo
errático é visitado, dirigido, harmonizado pelos Espíritos superiores, dizemos nós.
Aqui, em nosso orbe terráqueo, entre os eleitos pelo gênio, pela santidade e pela
glória, houve
e haverá sempre iniciadores. São predestinados, missionários que
receberam por encargo fazer progredir o mundo na Verdade e na Justiça, com o
preço de seus esforços, de suas lágrimas e, algumas vezes, de seu sangue.
As altas missões da Alma jamais cessam. Os Espíritos sublimes, que têm
instituído e melhorado seus semelhantes na Terra, continuam em mundo superior,
em quadro mais vasto, seu apostolado de luz e sua redenção de amor.
Conforme dissemos no início
destas páginas, é assim que a
História eternamente recomeça e se torna cada vez mais universal. A lei circulatória que
preside ao eterno progresso dos Estados e dos mundos desenrola-se sem cessar em
esferas e mundos cada vez mais engrandecidos; tudo recomeça no Alto, em virtude
da mesma lei que faz tudo evolver no plano inferior. Todo o segredo do Universo aí
está.
As Almas, a quem a consciência acusa de haver falhado na última existência,
compreenderam a necessidade de reencarnar, e preparam-se para isso. Tudo se agita
tudo se move nessas esferas, sempre em vibração, sempre em movimento. É a
atividade incessante, ininterrupta, progressiva, eterna. O trabalho dos povos na Terra
nada é, em comparação com esse labor harmonioso do Universo. Lá em cima,
nenhum empecilho material, nenhum obstáculo
carnal faz parar os surtos, nem
entibia ou enfraquece o voo. Nenhuma hesitação, nenhuma ansiedade, nenhuma
incerteza. A Alma vê o fim, sabe os meios, precipita-se no sentido em que se deve
dirigir.
Quem nos poderá descrever a harmonia dessas inteligências puras, o esforço
dessas vontades firmes, o impulso desses amores mais fortes que a morte?
Que linguagem poderá jamais descrever a
comunhão sublime e fraternal
desses Espíritos que mantém entre si diálogos ardentes quanto o éa luz, sutis quanto
o são os perfumes, onde cada vibração magnética tem eco no próprio imo de Deus?
Tal é a vida celeste; tal é a vida eterna; são essas perspectivas que a morte abre
definitivamente diante do Espírito! O homem! Compreende, pois, teu destino, sé
altivo e feliz de viver; não blasfemes da lei de amor e beleza que abre diante de ti
caminhos tão amplos e radiosos! Aceita a vida tal qual são, com as suas fases,
alternativas, vicissitudes; ela é o
prefácio, o prelúdio de uma outra
vida mais elevada, onde planara qual águia na imensidade, depois de haveres penosamente
rastejado em um mundo material e imperfeito.
Não é, pois, com um hino fúnebre que devemos acolher a morte, e sim com
um cântico de vida, porque não é o astro da tarde que se ergue cruel, mas a estrela
radiosa da verdadeira manhã.
Canta ó alma, o hino triunfal, o hosana do novo século, no qual tudo irá
nascer para destinos mais gloriosos. Sobe sempre mais alto na pirâmide infinita da
luz; e, semelhante ao herói da legenda do Excelsior, vai fixar tua tenda nos Tabores
radiosos do Incomensurável, do Eterno!"
Livro: O Grande Enígma Escrito por Léon Denis Dia 25/12/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário