sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Andei pensando, o que oferecer hoje aos queridos amigos que nos acompanham nas  leituras? Lembrei então que todos temos junto de nós, vivendo conosco, algum ente muito querido que se encontra viajando por essa fase solene da vida, chamada entre nós de idade da velhice. Recorri então ao grande pensador considerado o Apóstolo do Espiritismo, o francês Léon Denis. Vamos ver o que ele nos diz na sua linguagem tão poética que caracteriza os seus escritos e embala nossas almas; dizendo e, ao mesmo tempo, ensinando com doçura . Vamos aprender com ele a viver e a conviver conosco e ou com os nossos entes tão queridos que vivenciam fase tão importante e rica da grande lei circulatória da vida evolutiva, como o Espiritualismo Moderno nos aponta. Vejamos então Léon Denis diz assim:
Perdoem-me eu apenas o copiei. Não foi permitido alguns ajustes e acertos

"A velhice é o outono da vida; no último declínio, a vida está no inverno.  Somente com o pro-nunciar esta palavra — velhice — sente -­se já o frio que sobe ao  coração; a velhice, segundo o modo de ver comum dos homens, é a decrepitude, a  ruína; ela recapitula todas as tristezas, todos os males, todas as dores da vida; é o  prelúdio melancólico e aflitivo do último adeus. Há aí um grave erro. Em regra geral  nenhuma fase da vida humana é inteiramente deserdada dos dons da Natureza, e  muito menos das bênçãos de Deus. Por que o derradeiro quartel da existência, o que  precede imediatamente a coroação do destino, será mais triste que os outros? Seria  uma contradição — e esta não pode existir na obra divina — onde tudo é harmonia  comparável à da composição viva de um concerto impecável.  Ao contrário, a velhice é bela, é grande, é santa. Vamos estudá ­la um instante,  à luz pura e serena do Espiritualismo.  Cícero escreveu um eloquente tratado sobre a velhice. Sem dúvida, tornamos  a encontrar nessas célebres páginas alguma coisa do gênio harmonioso desse grande  homem; é, no entanto, uma obra puramente filosófica, e que só contém vistos frios,  uma resignação estéril e abstrações puras.  Precisamos colocar­nos em outro ponto de vista, para compreender e admirar  a peroração augusta da existência terrestre.  A velhice recapitula todo o livro da vida; resume os dons das outras épocas da  existência, sem as ilusões, nem as paixões, nem os erros.  O ancião viu o nada de tudo quanto deixa; entreviu a certeza de tudo o que há  de vir; é um vidente. Sabe, crê, vê, espera. Em torno da fronte, coroada de cabeleira  branca qual a faixa hierática dos antigos pontífices, paira majestade sacerdotal. A  falta de reis, entre certos povos, eram os velhos que governavam.  A velhice é ainda, e apesar de tudo, uma das belezas da vida, e certamente  uma de suas mais altas harmonias.  Diz­se  muitas  vezes:  que  belo  velho!  Se  a  velhice  não  tivesse  estética  especial, por que tal exclamação? Entretanto, é preciso não esquecer de que, em  nossa época, “há — já o dizia Chateaubriand—muitos velhos, o que não é a mesma  coisa, e — poucos anciães!” O ancião, com efeito, é bom, indulgente, estima e  encoraja a mocidade; seu coração não envelheceu. Os velhos, porém, são ciumentos,  malévolos e severos; e, se nossas gerações novas perdem o culto de outrora pelos

antepassados,  não  é,  precisamente,  porque  os  velhos  deixaram  de  ter  a  alta  serenidade, a benevolência amável que fazia, primitivamente, a poesia dos antigos  lares?  A velhice é santa, pura quanto à primeira infância; por isso, aproxima­-se de  Deus e vê mais claro e mais longe nas profundezas do Infinito.  Ela  é,  em  realidade,  um  começo  de  desmaterialização.  A  insônia,  característico  ordinário  dessa  idade,  disso  oferece  a  prova  material.  A  velhice  assemelha­se à vigília prolongada, à vigília da eternidade, e o velho é uma espécie  de sentinela avançada, na extrema fronteira da vida; já tem um pé na terra prometida  e vê a outra margem, a segunda vertente do destino. Daí essas ausências estranhas,  essas distrações prolongadas que costumamos tomar por enfraquecimento mental e  que são, em realidade explorações momentâneas no Além, isto é, fenômenos de  expatriação passageira. Eis o que nem sempre se compreende. A velhice tem­se dito  muitas vezes, é à tarde da vida, é à noite. À tarde da vida, em verdade; mas, há  tardes belas e poentes com reflexos de apoteose.  É à noite; mas, a noite é tão bela, com o seu ornato de constelações!  Igual  à  noite,  a  velhice  tem  suas  vias­lácteas,  suas  estradas  brancas  e  luminosas, reflexo esplêndido de longa vida, cheia de virtude, de bondade, de honra!  A velhice é visitada pelos Espíritos do Invisível, tem iluminações instintivas; um  dom maravilhoso de adivinhação e profecia; é a mediunidade permanente, e seus  oráculos são os ecos da voz de Deus.  Eis por que são duplamente santas as bênçãos do ancião.  Devem­se guardar no coração os últimos transportes do ancião que morre  qual o eco longínquo de uma voz amada de Deus e respeitada pelos homens.  A velhice, quando é digna e pura, assemelha­se ao nono livro da Sibila que,  por si só, vale o preço de todos os outros, porque os recapitula e, resumindo todo o  destino humano, anula os outros livros.  Prossigamos nossa meditação sobre a velhice, e estudemos o trabalho interior  que nela se estabelece.  “De todas as histórias — diz­se — a mais bela é a das Almas”. Isso é  verdade. É belo penetrar nesse mundo interior, e surpreender as leis do pensamento,  os movimentos secretos do amor.  A Alma do ancião é uma cripta misteriosa, esclarecida pela Alba inicial do  sol do outro mundo. De igual forma que as antigas iniciações se davam nas salas  profundas  das  pirâmides,  longe  do  olhar  e  do  ruído  dos  mortais,  abstratos  e  inconscientes, paralelamente, na cripta subterrânea da velhice dão­se as iniciações  sagradas, que preludiam as revelações da morte.  As transformações, ou melhor, as transfigurações operadas nas faculdades da  Alma, pela velhice, são admiráveis. Esse trabalho interior resume­se em uma única  palavra: a simplicidade.

A velhice é eminentemente simplificadora de tudo. Simplifica, a principio. O  lado­material da vida; Suprime todas as necessidades irreais as mil necessidades  artificiosas que a mocidade é a idade madura nos tenham criado e que faziam. De  nossa existência complicada, verdadeira escravidão, servidão, tirania. Já o dissemos  acima: que é um começo de espiritualização.  Dá­se  o  mesmo  trabalho  de  simplificação  na  inteligência.  As  coisas  adquiridas tornam­se mais transparentes; no fundo de cada palavra, encontra­se a  idéia, entrevê­se Deus.  O ancião tem uma faculdade preciosa: a de esquecer. Tudo que lhe foi fútil,  supérfluo na vida, apaga­se; só conserva na memória, qual o fundo de um cadinho, o  que foi substancial.  A fronte do velho não tem mais a atitude altiva e provocadora da mocidade, a  da idade viril; ela pende, sob o peso do pensamento, lembrando um fruto maduro.  O ancião curvo a testa e inclina­se sobre o coração. Procura converter em  amor tudo quanto lhe resta de faculdades, de vigor, de lembranças. A velhice não é  uma decadência: é realmente um progresso. Caminhada avante para o termo; e esse  título é uma das bênçãos do Céu.  A velhice é o prefácio da morte; é o que a torna santa, igual à vigília solene  que faziam os iniciados antigos, antes de levantar o véu que cobria os mistérios. A  morte é, pois, uma iniciação.  Todas as religiões e todas as filosofias têm tentado explicar a morte; bem  poucas lhe têm conservado o verdadeiro caráter.  O  Cristianismo  divinizou-­a;  seus  santos  encararam-­na  nobremente,  seus  poetas cantaram­na por uma libertação. Entretanto, os santos do Catolicismo só  viram nela as exonerações da servidão da carne, o resgate do pecado, e, por isso  mesmo, os ritos funerários da liturgia católica espalham uma espécie de terror sobre  essa peroração, aliás, tãonatural, da existência terrestre.  A morte é simplesmente um segundo nascimento deixamos o mundo pela  mesma razão por que nele entramos, segundo a ordem da mesma lei.  Algum  tempo  antes  da  morte,  um  trabalho  silencioso  se  executa.  A  desmaterialização já está começada. Poderiam verificá-­la por certos sinais, quantos  rodeiam o moribundo, se não estivessem distraídos pelos fatos externos. A moléstia  goza aqui de papel considerável. Ela acaba em alguns meses, em algumas semanas,  em alguns dias, apenas, o que o lento trabalho da idade havia preparado: é a obra I  de “dissolução” de que fala o Apóstolo Paulo. Essa palavra dissolução é muito  significativa: indica nitidamente que o organismo se desagrega, e que o perispírito se  “desliga”do resto da carne em que estava envolvido.  Que se passou nesse momento supremo, a que todas as línguas chamam  “agonia”, isto é, o último combate? Pressente-­se, adivinha-­se.  Um grande poeta moribundo traduziu tal instante solene neste verso:

“É este o combate do dia e da noite”.  Com efeito, a Alma entra em um estado crepuscular, está no limite extremo,  na fronteira dos dois mundos e é visitada pelas visões iniciais daquele em que vai  entrar. O mundo que deixa, envia­lhe os fantasmas da lembrança e todo um cortejo  de Espíritos lhe aparece do lado da aurora.  Ninguém morre só, pela mesma forma que ninguém nasce só. Os invisíveis  que o conheceram, que o amaram, que o assistiram aqui, em nosso orbe, vêm ajudar  o moribundo a desembaraçar­se das últimas cadeias do cativeiro terrestre.  Nessa hora solene, as faculdades aumentam; a Alma, já meio desprendida,  dilata­se; começa a entrar em sua atmosfera natural, a retomar a vida vibratória  normal, e é por isso que, nesse momento, se revelam, em alguns agonizantes,  fenômenos curiosos de mediunidade.  A Bíblia está cheia dessas revelações supremas. A morte do patriarca Jacó é o  tipo perfeito da desmaterialização e de suas leis. Os doze filhos estão reunidos em  torno do leito, formando uma viva coroa funerária. O ancião recolhe­se e, depois de  reconstituir o passado, as lembranças, profetiza a cada uma deles o futuro da família  e de sua raça.  A vista se lhe estende mais longe ainda: percebe na extremidade dos tempos  aquele que deve um dia recapitular toda a mediunidade secular do velho Israel: o  Messias, e mostra, por último rebento de sua raça, aquele que resumirá toda a glória  da posteridade de Jacó.  Nenhum Faraó, em seu orgulho, morreu com tanta grandeza quanto esse  velho obscuro e ignorado, que expirava a um canto da terra de Gessen.  Voltemos ao atoda morte. A desmaterialização está completa; o perispírito se  desprende do invólucro carnal, que vive ainda algumas horas, talvez, de uma vida  puramente  vegetativa.  Assim,  os  estados  sucessivos  da  personalidade  humana  desenrolam­se  em  ordem  inversa  àquela  que  preside  ao  nascimento.  A  vida  vegetativa, com que o ser havia começado no seio maternal, é agora a última a  extinguir­se; a vida intelectual e a vida sensitiva são as duas primeiras que partem.  Que se passa então? O Espírito, isto é, a Alma e seu envoltório fluídico e, por  consequência, o eu leva a última impressão moral e física que teve na Terra, e a  conserva durante um tempo mais ou menos prolongado, conforme o grau respectivo  de sua evolução. Eis por que convém rodear a agonia dos moribundos de palavras  doces e santas, de pensamentos elevados porque são estes últimos gestos, essas  últimas imagens que se imprimem nas folhas do livro subliminal da consciência; é a  linha última que o morto lerá desde sua entrada no Além, ou antes, desde quando  tiver consciência de seu novo modo de ser.  A  morte  é,  pois,  em  realidade,  uma  passagem,  uma  transição  e  uma  translação. Se devermos tomar à vida moderna uma imagem, comparemo­la a um

túnel.  Com  efeito,  a  Alma  avança  no  desfiladeiro  da  morte,  mais  ou  menos  lentamente, segundo seu grau de desmaterialização e espiritualidade.  As Almas superiores, que sempre viveram nas altas esferas do pensamento e  da  virtude,  atravessam  essa  obscuridade  com  a  rapidez  do  trem  expresso  que  desemboca, em um instante, na plena luz do vale, mas é esse um privilégio de  pequeno número de Espíritos evoluídos; são os eleitos e os sábios.  Não  falaremos  aqui  dos  criminosos,  dos  seres  animalizados,  de  instintos  grosseiros, que viveram, ou antes, vegetaram toda uma existência nos pântanos do  vício e na enxurrada do crime. Para estes é à noite, a noite cheia de terríveis  pesadelos. Temos dificuldade, entretanto, em crer que as fronteiras do Além e os  caminhos da vida errática estejam povoados desses seres terríveis a que os ocultistas  chamam elementais. Só se poderiam ver aí símbolos e imagens, reflexos, de paixões,  vícios, crimes que os perversos cometeram na Terra.  Encaremos  aqui,  apenas,  as  vidas  ordinárias,  as  existências  que  seguem  tranquilamente as fases lógicas do seu destino. É a condição comum da maior parte  dos mortais.  A Alma entrou na sombria galeria: aí fica em obscuridade, ou antes, em uma  penumbra  próxima  da  luz.  É  o  crepúsculo  do  Além.  Os  poetas,  com  muita  felicidade, têm pintado esse estado e descrito esse meio­dia, esse claro­escuro do  mundo extraterrestre.  Aqui, as analogias entre a vida e a morte são impressionantes. A criança  permanece muitos dias sem fixar a luz e sem ter conhecimento do que a rodeia; seus  olhos ainda não se abriram, e assim a irradiação do pensamento.  O recém­nascido no mundo invisível fica também ele, algum tempo sem  tomar conhecimento do seu modo de ser e de seu destino. Ele ouve, ao mesmo  tempo, os murmúrios próximos ou remotos dos dois mundos; entrevê movimentos e  gestos, que não poderia precisar, nem definir. Meio entrado na quarta dimensão,  perde a noção precisa da terceira, na qual havia até então evolvido. Não dá mais  tento, nem da quantidade, nem do número, nem do espaço, nem do tempo, pois que  seus sentidos que, quais outros tantos instrumentos de óptica, o ajudavam a calcular,  a medir, a pesar, se fecharam de repente, qual uma porta para sempre condenada.  Que estado estranho, esse da Alma, que tateia cega, nas estradas do Além! E, no  entanto, esse estado é real.  Nesse  momento,  as  influências magnéticas da prece,  das  lembranças,  do  amor, podem gozar um papel considerável e apressar o advento das claridades  reveladoras que vão iluminar essa consciência ainda adormecida, essa Alma “em  trabalhos” do seu destino. A prece, nesse caso, é uma verdadeira evocação; é o grito  de apelo à Alma indecisa e flutuante. Eis porque o esquecimento dos mortos e a  negligencia  de  seus  cultos  são  reprováveis  e  nos  acarretam mais  tarde  olvidos  semelhantes..

Esse período de transição, entretanto, e essa parada no túnel da morte são  absolutamente  necessários,  em  preparo  da  visão  de  luz  que  deve  suceder  à  obscuridade. É preciso que o sentido psíquico se vá adaptando proporcionalmente ao  novo foco que o vai esclarecer.  Uma passagem súbita, sem transição nenhuma desta vida à outra, seria um  deslumbramento que produziria perturbação prolongada. Natura non facit saltus,  disse  o  grande  Lineu;  essa  lei  rege  igualmente  os  graus  progressivos  do  desprendimento espiritual.  É  preciso  que  a  visão  da  Alma  se  engrandeça,  que  a  ave  noturna,  impossibilitada de encarar a aurora, fortaleça as pupilas, e possa igual à águia, olhar  de  face  o  Sol,  com  olhar  intrépido.  Esse  trabalho  de  preparação  executa-­se  progressivamente,  durante  a  demora, mais  ou  menos  prolongada, no  túnel  que  precede a vida errática propriamente dita. Pouco a pouco, vai à luz sendo feita; a  princípio muito pálida, Alba inicial que se ergue sobre a crista dos montes; depois, à  Alba sucede a aurora; aqui, a Alma entrevê o mundo novo em que habita; ela pode  ler em si mesma, e se compreende, graças a uma luz sutil que a penetra em toda a  sua essência. Gradualmente, todo o seu destino, com as vidas anteriores, e, antes de  tudo, com a noção consciente e reflexa da última, vai revelando­-se, qual em um  clichê cinematográfico vibratório e animado. O Espírito, então, compreende o que é,  onde está e o que vale.  As Almas, por instinto infalível, vão para a esfera proporcionado a seu grau  de evolução, à sua faculdade de iluminação, à sua aptidão atual de perfectibilidade.  As afinidades fluídicas conduzem-­na, qual doce, mas imperiosa brisa que  impele um batel, para outras Almas similares, com as quais vai unir­-se em uma  espécie  de  amizade,  de  parentesco  magnético;  e,  assim,  a  vida,  uma  vida  verdadeiramente social, mas de grau superior, reconstitui­-se, tal qual outrora na  Terra, porque a Alma humana não poderia renunciar à sua natureza. A estrutura  íntima, sua faculdade de irradiação, lhe impõe a sociedade que merece.  No  Além,  as  famílias,  os  grupos  de ­  Almas  e  os  círculos  de  Espíritos  reformam­-se segundo as leis de afinidade e simpatia.  O purgatório é visitado pelos anjos, dizem os místicos teólogos. O mundo  errático é visitado, dirigido, harmonizado pelos Espíritos superiores, dizemos nós.  Aqui, em nosso orbe terráqueo, entre os eleitos pelo gênio, pela santidade e pela  glória, houve  e haverá sempre iniciadores. São predestinados, missionários que  receberam por encargo fazer progredir o mundo na Verdade e na Justiça, com o  preço de seus esforços, de suas lágrimas e, algumas vezes, de seu sangue.  As altas missões da Alma jamais cessam. Os Espíritos sublimes, que têm  instituído e melhorado seus semelhantes na Terra, continuam em mundo superior,  em quadro mais vasto, seu apostolado de luz e sua redenção de amor.


Conforme  dissemos  no  início  destas  páginas,  é  assim  que  a  História  eternamente recomeça e se torna cada vez mais universal. A lei circulatória que  preside ao eterno progresso dos Estados e dos mundos desenrola-­se sem cessar em  esferas e mundos cada vez mais engrandecidos; tudo recomeça no Alto, em virtude  da mesma lei que faz tudo evolver no plano inferior. Todo o segredo do Universo aí  está.  As Almas, a quem a consciência acusa de haver falhado na última existência,  compreenderam a necessidade de reencarnar, e preparam-­se para isso. Tudo se agita  tudo se move nessas esferas, sempre em vibração, sempre em movimento. É a  atividade incessante, ininterrupta, progressiva, eterna. O trabalho dos povos na Terra  nada é, em comparação com esse labor harmonioso do Universo. Lá em cima,  nenhum empecilho material, nenhum obstáculo  carnal faz parar os surtos, nem  entibia ou enfraquece o voo. Nenhuma hesitação, nenhuma ansiedade, nenhuma  incerteza. A Alma vê o fim, sabe os meios, precipita­-se no sentido em que se deve  dirigir.  Quem nos poderá descrever a harmonia dessas inteligências puras, o esforço  dessas vontades firmes, o impulso desses amores mais fortes que a morte?  Que  linguagem  poderá  jamais descrever  a  comunhão  sublime  e  fraternal  desses Espíritos que mantém entre si diálogos ardentes quanto o éa luz, sutis quanto  o são os perfumes, onde cada vibração magnética tem eco no próprio imo de Deus?  Tal é a vida celeste; tal é a vida eterna; são essas perspectivas que a morte abre  definitivamente diante do Espírito! O homem! Compreende, pois, teu destino, sé  altivo e feliz de viver; não blasfemes da lei de amor e beleza que abre diante de ti  caminhos tão amplos e radiosos! Aceita a vida tal qual são, com as suas fases,  alternativas,  vicissitudes;  ela  é  o  prefácio,  o  prelúdio  de  uma  outra  vida  mais  elevada, onde planara qual águia na imensidade, depois de haveres penosamente  rastejado em um mundo material e imperfeito.  Não é, pois, com um hino fúnebre que devemos acolher a morte, e sim com  um cântico de vida, porque não é o astro da tarde que se ergue cruel, mas a estrela  radiosa da verdadeira manhã.  Canta ó alma, o hino triunfal, o hosana do novo século, no qual tudo irá  nascer para destinos mais gloriosos. Sobe sempre mais alto na pirâmide infinita da  luz; e, semelhante ao herói da legenda do Excelsior, vai fixar tua tenda nos Tabores  radiosos do Incomensurável, do Eterno!" 
Livro: O Grande Enígma Escrito por Léon Denis Dia 25/12/2015

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