sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


A PARÁBOLA DOS TALENTOS

... é assim como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: - Senhor entregaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito. Entra no gozo do teu senhor. Chegou também o que recebera dois talentos, e disse: - Senhor entregaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito. Entra no gozo do teu senhor. Chegou, por fim, o que havia recebido um só talento, dizendo: - Senhor, eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não plantaste; e atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu: - Servo mal e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundancia; mas ao que não tem, até o que tem, ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, porém, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes. (Mateus 25:14-30.)
Jesus, utilizando imagens simples e comuns, conhecidas e vividas por todos, conseguiu penetrar nos arquivos profundos do inconsciente para desmascarar os conflitos e a culpa, apontou a conduta para a conquista da autoconsciência, produzindo a identificação do ego com o Self.

A parábola é psicoterapêutica leva a reflexões profundas e lógicas sobre o comportamento de todos com a consciência ( senhor que ofereceu os talentos) que exigir aplicação dos recursos destinados ao indivíduo.
Todos somos agraciados com talentos morais, intelectuais, do sentimento, das aptidões, precisando serem aplicados para enriquecimento próprio, desenvolvendo habilidades conforme a capacidade de uso de cada um. Considerando os diferentes níveis de evolução nasce-se com recursos, a sua fortuna emocional, para serem usados corretamente, trazendo lucros de crescimento interior.

A parábola dos talentos refere-se aos indivíduos mais beneficiados na vida, que souberam multiplicar a concessão recebida e enobrecidos pela alegria de entrar no gozo do seu senhor, que é o estado de harmonia emocional e de crescimento mental .

O que recebeu menos, negligente e avaro, medroso e incapaz, enterrou a moeda, com a preguiça moral de multiplicá-la, e medroso da justiça do seu senhor, por ser severo. Os valores enterrados na indiferença e na falsa justificativa se transformam em sofrimento interior, porque a culpa na hora da prestação de contas, leva-o às lágrimas e às lamentações...

A parábola não fala de servos que não foram contemplados, nos levando a pensar que todos os seres humanos são detentores de bens que precisam ser multiplicados, nunca justificando a não posse, todos tem oportunidades de evoluir. Mesmo quando se tem limitações mentais, físicas ou emocionais desestruturados, no inconsciente profundo estão os motivos da carência aparente, sendo a sua falta, talento de recuperação por haver desperdiçado em vidas passadas.

Quando o senhor parte para outro país e deixa os seus bens em mãos dos servos de confiança, à luz da psicoterapia, representa não interferência da consciência em definições do rumo da aplicação dos talentos, no momento sob o domínio da sombra. O Self (o ser espiritual, o ser real) vigilante, aciona os mecanismos da inteligência e estimula os condutores de maior responsabilidade a que multipliquem os bens recebidos, embora correndo risco de perder. Todo ação vivencia o êxito ou do insucesso, devendo escolher a aplicação, mais rendosa, menos perigosa, como  fizeram os dois servos dedicados.

Todos os dons são da à vida, vêm de Deus e dados como empréstimos, como experimento, para se fixar na realidade, produzindo os efeitos que lhe correspondem.

A vida é dinâmica, não permite frivolidades e desleixos com consequências afligentes para os levianos e irresponsáveis, que enterra o que deve e pode aplicar ampliando suas possibilidades de crescimento.

Por isso, reencarnam-se em penúria, em sofrimentos e angústias impostos pela consciência, o senhor severo que colhe onde não semeou, porque a sua seara é o Universo que a antecedeu, possuidor de tudo que se imagina.

O guardador da moeda, agindo equivocadamente, poderia ter se complicado, perdendo-a no jogo, usando-a incorretamente, o que lhe traria situação mais dificil, como ocorre com aqueles que usam os valores que receberam para a degradação, as aventuras perturbadoras, os prazeres desarvorados...

Heranças atávicas geradoras da sombra e a infância emocional que teima em ficar como criança ferida em muitos comportamentos, fazem dos indivíduos pacientes piegas ou astutos, que se negam o esforço na esperança de que outrem lhes deem o que lhes cabe conquistar. Tornam-se egoístas e displicentes.

Essa dicotomia era comum entre pessoas que  alugavam casas: plantar ou arrancar árvores.
Algumas, quando se mudavam, deixavam as árvores que plantaram no terreno que não lhes pertencia, outras as arrancavam, demonstrando  insensibilidade.

Outras não plantavam porque o terreno não era seu e diziam que não iriam trabalhar, para o bem de estranhos, mas, alegravam-se quando encontravam pomares preparados por outras que não conheceram, mas fizeram para o futuro...

Se cada um fizer a sua parte, pensando nos bens do futuro, não se preocupando de quem colher onde não semeia, seus talentos serão sempre aumentados e receberão outros mais que lhes são confiados...

O servo bom, do bom trabalho retira a prosperidade e o ocioso transforma a ação em penúria, sofrendo a limitação do prazer e da harmonia.

Os servos dedicados são os que não recuam medrosos nas dificuldades existenciais e trabalham para afastá-las, facilitando a oportunidade dos que vem atras. Sempre se viverá beneficiado ou não pelos ancestrais, que caminharam antes pelas veredas por onde agora caminham. Eles facilitaram a primeira experiência na mata fechada,  em seguida outros alargaram os caminhos, vieram aqueles que asfaltaram ou não a estrada agora percorrida com facilidade.

Quando se tem consciência desse valor dos antepassados, ao conseguir-se a cura das neuroses, imediatamente surge o interesse de servir, ajudar os familiares, os mais próximos, treinando fraternidade e generosidade para com todos os demais seres humanos.

A experiência do significado e do bem-estar traz tal alegria que o paciente recuperado não se basta, não fica indiferente ao que ocorre a sua volta, porque sente-se membro do conjunto e sabe que como uma célula doente compromete o órgão, a saudável trabalha na  reconstituição.

Embora a maioria das ações humanas e suas aspirações venham do inconsciente, o despertar da consciência contribui com a harmonia e a vida saudável nos grupos sociais onde venha a viger a identificação do eixo ego-Self, cooperando pelo ajustamento de todos para a mesma conquista.

Muitos adquirem conflitos e complexos, especialmente de inferioridade, decorrente da  família, onde são humilhados submetidos aos caprichos dos distúrbios do grupo doméstico. A vítima deve desenvolver a esperança e relativizar as circunstâncias e os acontecimentos danosos, tentando recomeço, psicoterapia apropriada e descobrirão como trazem elevados talentos, que foram soterrados pelos desavisados membros do clã. Com facilidade perceberá que os tesouros enterrados podem ser recuperados e multiplicados em abundancia, superando as limitações e conflitos até então dominantes. A consciência lúcida, dando-se conta do esforço feito, dirá: - Entra no gozo do teu senhor. E esse lhe conferirá outros tantos talentos, ampliando o seu campo de possibilidades inimagináveis.

O indivíduo é o que se faz a si mesmo, mas, no seu instinto gregário e sua necessidade social, não podem evitar os efeitos da sua convivência no grupo em que nasceu, se educou ou continua vivendo.

Porém, o Self pode suprir as carências, demonstrando que a sintonia com o divino que está nele mesmo diluirá a  sombra  perturbadora que o prende em qualquer conflito.

Quando as mulheres e os homens de hoje utilizarem os bens da vida querendo ser honesto, fiéis à alma, uma religiosidade espiritual surgirá do inconsciente profundo trabalhando a sua realidade emocional e impulsionando-os ao desenvolvimento da saúde e do bem-estar como contribuição interior para o equilíbrio e exterior para o grupo em que se encontra.

Tem-se, a família que se impõe como necessidade para o desdobramento dos valores morais, resultante das ações do passado, que proporcionam as facilidades ou os problemas que devem ser enfrentados sem pieguismo nem ressentimento para o amadurecimento interno que leva à individuação.

Essa conscientização deve começar pelos membros da sociedade em crise existencial, moral e espiritual.

A perda do significado pode ser reparada com a renovação dos sentimentos, os esforços para equilibrar-se interiormente, pelas tentativas do silêncio mental, abrindo campo aos divinos insights.

Ante a conturbação presente, as pessoas tímidas temendo o enfrentamento com os alucinados enterram os talentos, dissimulando as virtudes, escondendo-as temendo serem ridicularizadas, sofrer zombaria ou consideradas débeis mentais.

Em tempo de loucura a razão parece deslocada, e o desvario é o estado aceito e prescrito.

Partindo-se para outro país de experiências múltiplas e realizações incomuns, é natural que sejam repartidos os haveres com os que encontram no cotidiano da vida, sem motivações ou estímulos para o próprio crescimento intelecto-moral, proporcionando-lhes os talentos que deverão ser investidos ou aplicados nos bancos da produção espiritual, para que sejam beneficiados com os juros do equilíbrio.

A saúde, é um dos mais importantes talentos que o Senhor oferece ao Espírito no seu processo de evolução, diante das possibilidades que oferece ao  possuidor, que tem por dever preservá-la, multiplicando as experiências iluminativas e o crescimento intelecto-moral. Mas assim o compreendem, sendo a maioria aqueles que a desperdiçam, não preservam, vivenciando cada hora  desperdiçando a cada momento o tesouro que vai esgotando até o desaparecimento completo.

Também para eles, chegará o momento da prestação de contas, e constatando as leviandades praticadas, a conduta irresponsável vivida, sofrer-lhes-ão os efeitos graves, em batalha interna para reconquistá-la, o que não é fácil, sendo pela consciência atirados às trevas exteriores, em reencarnações pungentes e aflitivas.

Todos os talentos são importantes porque, multiplicados, proporcionam a fortuna do bem-estar, da alegria de terem sido usados com sabedoria.

A palavra é um talento, que nem todos aplicam conforme deveriam, através dela se produzem as rixas as brigas, as intrigas e maledicências, as infâmias e as acusações, muitas vezes terminando em guerras sérias... quando não era essa a sua finalidade.

À sua semelhança, o discernimento, a razão são valores inapreciados, pelas infinitas possibilidades que trazem, como permitir o conhecimento do Cosmo, a identificação dos valores elevados da vida, a edificação moral e espiritual do próprio possuidor, assim como da Humanidade como um todo.

A vida física é uma viagem rápida pela terra, porque passageira e finita, sendo parte fundamental da vida no seu caráter de imortalidade, desde quando criado o Espirito não mais se extingue, abençoado pelo vir e volver ao Grande Lar onde é avaliado pela própria consciência e pelos seus Guias espirituais encarregados de o auxiliar no processo evolutivo.

Os talentos, de que dispõe cada um, tanto podem ser renovados como retirados, conforme a aplicação que se dê.

São empréstimos divinos que o Senhor coloca à disposição de todos, sem exceção, com generosidade e confiança, na condição de serem prestadas contas da sua utilização.

Mesmo o sofrimento, bem pensado, é um talento valioso, pelo que oferece de dignidade e libertação dos compromissos infelizes, facultando a perfeita identificação do eixo ego-Si mesmo, com a integração da sombra e a conquista da individuação.

Todo empreendimento pede esforço, vigilância, cuidados, não sendo diferente nos que se referem ao caráter moral, ao significado espiritual.

Analisando Jesus, como detentor dos talentos de vida eterna, descobre-se como aplicou-os na Sua vivencia diária, especialmente no tempo de Sua vida pública, enriquecendo o mundo com sabedoria e liberdade, com beleza e esperança de plenitude.

E quando foi traído, negado, julgado, condenado e crucificado, o tesouro da Sua misericórdia  transformou-se em bênção que vem atravessando  séculos como  única forma de se encontrar a felicidade, que só se consegue pelo amor, por amor-terapia


Texto trabalhado do livro Em Busca da Verdade de Joanna de Ângelis, Psicografado por Joanna de Ângelis. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. 04/12/15.

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