A CONQUISTA DO SI
A
encarnação do Espírito deve ser dirigida para a conquista do Si-mesmo.
Herdeiro das experiências
evolutivas no caminho dos instintos para razão, para o discernimento, para a conquista
da consciência, descobrindo o ser imortal que é, cuja
trajetória ilimitada contínua vai além da encarnação.
O inconsciente coletivo que
nele se encontra, na maioria das vezes resulta das vivências
nos referidos períodos antropológicos, no caminhar de uma para outra faixa da evolução, física, moral ou transcendental.
Armazenadas
no Self (Eu profundo) são essas tentativas de acerto e de erro, que lhe mapeam
as novas caminhadas corporais. Por isso, a sombra
resultante dos conflitos nos refolhos da
psique, normalmente surge-lhe ameaçadora criando dificuldades de raciocínio, de
comportamento saudável, de harmonia.
Iniciando
o desenvolvimento do Si-mesmo, como simples e ignorante, sem conhecimentos, habilidades ou treinamentos, aos poucos, como a
semente na terra, vão-se lhe desenvolvendo os germes da sabedoria adormecida,
experienciando os jogos dos sentidos, avançando para a lógica e o raciocínio,
dando lugar aos atavismos primitivos que devem ser ultrapassados sem traumas
nem choques emocionais.
A
medida que se tornam mais complexas as possibilidades que tem para evoluir,
surgem-lhe as marcas dos hábitos ancestrais que insistem em prendê-lo no já
conhecido, já desfrutado, confundindo os
valores de qualidade com as comodidades do prazer.
Atraído pelo Deotropismo (movimento irresistível para
Deus) ou (atração irresistível para Deus)da sua origem, não
pode fugir do conflito entre o que tem
sido e o que lhe espera. Nem sempre, aspira por situação ou condição melhor de
vida, bastando-lhe o atendimento das necessidades fisiológicas básicas, em esquecimento proposital ou não das psicológicas
essenciais para a individuação.
Quando
descobre o significado existencial e não tem ainda a maturidade emocional
indispensável, busca a transformação
interior com exigências descabidas e sacrifícios que se impõe, sem perceber
que a violência não faz parte do programa de uma vida feliz.
Em
face da desorientação religiosa do passado, e , infelizmente ainda presente em
muitos setores da sociedade, impõe-se a
fuga do mundo, buscando o isolamento, que é um adversário do bem-estar
humano, já que gregário, necessita do convívio, do relacionamento com o seu
próximo, resultando em profundas frustrações interiores levando-o a desastres
psicológicos ou ao abandono da opção...
Outras vezes, entrega-se ao
transtorno masoquista, propõe-se sofrimentos injustificáveis,
que faz crescer o desconforto emocional
e o desequilíbrio psicofísico.
A vida humana deve ser vivida
numa pauta de deveres morais e espirituais, além dos sociais,
familiares, como do corpo, estabelecidos para cada indivíduo, para que a carga
imposta não seja superior às forças interiores, assim evitando os desastres nos
insucessos.
O
comportamento nas diretrizes convencionalmente chamadas normais são-lhe caminho
de segurança para o avanço contínuo rumo à meta estabelecida.
Ao invés de imposições de
fora para dentro, da aparência dos padrões estabelecidos pelo
grupo social, são necessárias a lúcida interpretação das próprias necessidades
e a condução tranquila e equilibrada de
cada função ou ocorrência vivencial, para conseguir o estado saudável e progressista
na marcha da iluminação.
Compreendendo que a sombra é normal e constante na psique, a
sua fusão natural no Self é o objetivo do autoconhecimento, da conquista
que o desaliena, permitindo-lhe melhor visão da realidade e do que o cerca.
Tal
identificação – do que deve fazer o como fazê-lo, superando as marcas do
passado – abre-lhe espaços mentais e
emocionais para ser feliz.
Nesse
labor consciente, racional e objetivo, a individualidade cresce e
desenvolve-se, permitindo surgir valores até então não considerados,
que são elementos superiores para uma vida com sentido nobre.
A conquista do Si-mesmo nem
sempre é compreendida, no seu significado verdadeiro.
Muitas vezes crê-se referir a mística religiosa ou a tradições filosóficas
orientais do passado. Tem razão no significado, mas não na proposta, porque as
doutrinas orientais, descobrindo a realidade do ser que se é, encontraram na
meditação, na yoga, nas técnicas de concentração
e de abstração em relação ao tempo e aos sentidos, excelente instrumento pedagógico para a autoconquista.
Algumas religiões procuraram
auxiliar o ser a superar os conflitos, e desconhecendo-lhes a
intensidade e origem, estabeleceram normas, umas felizes, outras nem tanto,
para que o fiel tivesse um fio de Ariadne
para sair do labirinto existencial em que se encontra. A partir das regras
estabelecidas, entre outros, por Inácio de Loyola, os exercícios espirituais tem trazido resultados positivos aos que os
praticam de forma racional e sem fanatismos.
A concentração racional com
meditação reflexiva também é instrumento de fácil aplicação diária para a conquista
do Self, (
do Ser real, do Eu profundo) por proporcionar
o autoconhecimento, a observação do que se é, descobrindo-se os tesouros ao
alcance, pelo o vir-a-ser.
Aquele
que se impede a autoidentificação, fica na periferia da vida, sendo facilmente perturbado
ante os acontecimentos, sempre considerando-os perturbadores e sem
significados, porém quando são enfrentadas
conscientemente, podem transformar-se em importantes conquistas de plenificação
interior.
Ninguém deve se afligir por
ser humano, ter inclinações tormentosas, resultantes de experiências
frustradas, que serão superadas com disciplina e vontade resultante da escolha
das aspirações, constante da agenda de cada um.
Quando o indivíduo se
compreende, entendendo, o ser que é, fica mais fácil enfrentar os desafios e os
problemas, porque, libertando-se dos complexos de inferioridade, da
necessidade da culpa, e da autopunição, considera
tais desafios essenciais à evolução.
É natural que todo processo de transformação peça sacrifício e luta. Às experiências
psicológicas, devem ser analisadas com decisão firme de superá-las, com o fim de produzir bem-estar e alegria,
pela oportunidade de encontrar-se ativo, produzindo sempre para melhor.
A
essa conquista denomina-se, do bem, porque traz satisfações elevadas, que levam
a resultados saudáveis.
Quem se conhece tem
sabedoria, estando a um passo da autoiluminação que o faz muito
feliz.
Avançar seguro, sem conflitos
que trazem transtornos de vários tipos, é conquista ao alcance de quem
escolhe a consciência integral de Si-mesmo.
Quem
se desconhece anda inseguro e enfermo emocional, busca soluções de fora, desenvolvendo processos de transferência de
culpa, para poder suportar-se, não cair em situações de desajustes
psicológicos mais graves e lamentáveis.
O
objetivo da vida na Terra é autoconhecer-se, penetrar os abismos do inconsciente atual, para descobrir os objetivos da vida,
enquanto conquista instrumentos para
alcançar a superconsciência e captar as mensagens superiores da imortalidade,
que o convidam à autosuperação das dificuldades enquanto desenvolvem as aptidões dignificadora.
Não se consegue a paz sem a
harmonia entre a psique, a emoção e o físico. Não será pela ausência
de acontecimentos desagradáveis, que sempre ocorrerão, mas sim por compreendê-los
como necessários, responsáveis pelo progresso e as inevitáveis transformações
após descobri-los.
Quem
atinge o ponto mais alto do monte, já venceu todos os obstáculos do caminho... Nenhuma ascensão é fácil, da mesma forma a transformação
para melhor.
É
compreensível que haja uma aceitação normal do estado em que muitos se
encontram, acomodados às circunstâncias, sem aspirações importantes. Nesse nível de consciência de sono as necessidades são as orgânicas, como;
alimentar-se, dormir, fazer o sexo, num círculo de automatismos primários. Como
o progresso é inevitável, aos poucos
despertam as ambições emocionais, por saturação das físicas, e ocorre a mudança
para o nível de consciência desperta (ainda
semiadormecida, porque há prevalência da anterior), aparecendo desejos não habituais, desconforto em relação ao já vivido,
insatisfação diante da vida...
O Self desenvolve-se pelos esforços existenciais que lhe possibilitam
o despertar dos tesouros adormecidos, produzindo a imaginação, a ambição de
crescimento, o desejo de conquistas novas. São, saudáveis,
alguns estados de mal-estar, de queixa, de tristeza, desde que não se transformem
em sofrimento, em hábito doentio de reclamação, em que a pessoa justifica a sua
inercia.
Quem
satisfaz com o habitual encontra-se em demorado
sono de consciência, esperando que a
dor o acorde, para a partir daí buscar a renovação e a disposição de mudanças
psicológicas, para novas aspirações que lhe serão objetivos a serem
trabalhados.
O
Si-mesmo ( o Ser espiritual, o Ser
eterno) é a fonte da vida do corpo em suas expressões: psíquicas, emocionais e
físicas. Nele é que estão os dínamos que
geram todos os recursos para a vida humana, quando livre das pressões do
processo material na Terra, ideal e numinoso, avança para à plenitude.
O ser consciente deve dirigir
todos os esforços para a autoconquista, para superação das forças atávicas do passado
e para atrair os patrimônios iluminados da superconsciência.
Seria
um retorno, à deusa, uma reconquista
do que foi mal aplicado ou perdido pelos
caminhos da evolução.
O vencedor, que alcança o
entendimento lógico da vida, torna-se modelo e arrasta outros,
porque o seu exemplo de felicidade contagia
todos que se encontram na infelicidade e na insegurança.
Esse talento sublime que a vida dá a todos – a
oportunidade de evoluir e de descobrir o infinito – precisa ser multiplicado, para que o Senhor da Abundância se
regozije e propicie a conquista do reino
dos Céus, que se encontra nele e precisa exteriorizar-se.
Quem conquista os outros,
perde-se em conflitos, pelos métodos utilizados nem sempre nobres,
está sempre inseguro na aparente vitória. Mas
aquele que se conquista a si mesmo, atingiu a meta estabelecida pelo
processo evolutivo e é feliz.
Texto
trabalhado do livro Em Busca da Verdade de Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo
Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. 12/12/15.
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