domingo, 6 de dezembro de 2015


AMBIÇÕES PSICOLÓGICAS E TRANSTORNOS DE CONDUTA

Infelizmente o homem renasce hoje num contexto cultural imediatista, utilitarista, que considera os valores reais em segundo plano sendo levado a conquistar os de rápida duração, por fazer parte do mundo material.

Orientação cultural e educacional tem meta   nas vitórias externas, nas conquistas de recursos que exaltam o ego, que o alienam, que anulam os  sentimentos de beleza e de amor, substituindo-os pelo poder e pelo ter crendo-se na vitória e triunfo social, econômico, político, religioso ou de outras denominações... 

Raras vezes se pensa na construção saudável do ser que (re) começa a jornada carnal, incutindo-lhe as propostas nobres de autorrealização pelo bem, pelo reto cumprimento do dever, pelas aspirações da beleza, da harmonia e da imortalidade. 

Valores considerados hoje de significado modesto, que pode-se reservar para a velhice ou para quando se instalem as doenças. Tal filosofia da comodidade suplanta a busca do equilíbrio emocional e moral, por se manter nos  valores sensoriais.

Dessa forma, o egoísmo marca o caminho de preparo do ser jovem, mapeando-lhe na mente que é preciso destacar-se na comunidade a qualquer preço, deixando-o atordoado quanto a formação da personalidade e da sua identidade, tomando como modelo o que chama a atenção: os comportamentos exóticos, alienantes, as paixões de efeito imediato, sem que os sentimentos educados possam fixar-se nos hábitos para a construção da conduta do futuro.

Vem então as culpas presentes no inconsciente ressurgindo as qualidades negativas, presentes ali para serem corrigidas, mas encontraram campo de expressão pela irresponsabilidade oral e comportamental em uma sociedade leniente, que tudo aceita, desde que esteja nos padrões do exibicionismo, da fama, da fortuna, da mocidade do corpo e da estética...

Há também os vícios sociais  para participar nos grupos, começando pelo fumo, o álcool, às vezes ocorrendo ao mesmo tempo, abrindo espaço para as drogas alucinógenas que destroem os neurônios, o entendimento, a saúde orgânica, emocional e mental.

Sendo importante o prazer, e tudo se aceita como natural, normal, alegre, mesmo que à custa de substancias químicas devastadoras e de comprometimentos sexuais desgastantes.

A cultura encontra-se permissiva e cruel, onde a ética e a moral são consideradas amolecimento de caráter, debilidade mental, conflito de inferioridade mascarado de pureza, ironizando os bens espirituais, que trazem saúde real e equilíbrio.

Aos poucos, a exibição do crime que vem se tornando legal estimula o desrespeito às leis da vida, quando os multiplicadores de opinião e pessoas “famosas”, mais pela exuberância do desequilíbrio do que pelas ações edificantes, apresentam-se em canais de televisão para contar os abortos praticados, as traições conjugais, as mudanças de parceiros em adultérios chocantes ou relacionamentos muitos e promíscuos, como novos padrões de conduta.

Marchando para a decrepitude que não demora  no organismo gasto, nas futilidades e na corrupção, percebem que se encontram no exílio, ao abandono, no esquecimento, graças ao surgimento de outros tipos mais ousados e paranoicos, vivendo remorso e apresentando quadros de depressão tardiamente...

Conforme a velhice lhes avança a vitalidade orgânica e a morte se aproxima, quando não são surpreendidos nos bacanais, nas overdoses, na luxuria e no despautério, desesperam-se e buscam novos escândalos para serem notícias já que desapareceram da mídia que os explorou e consumiu no anonimato, ou estigmatizados pelos novos deuses de ocasião...

Surgem, os transtornos psicológicos, na afetividade, na conduta, nas emoções.

Sem resistências morais para os enfrentamentos que acontecem a todos os seres vivos, tornam-se negativos, por comodismo para justificar a falta de valor íntimo, permitindo que a sombra governe os sentimentos angustiados.

Abre-se, a comporta emocional para a fuga psicológica e transferência de responsabilidade para os outros, para o governo, para Cristo ou  Deus...

Tal conduta resulta da necessidade da  compensação interna. Fugindo do autoenfrentamento passando a ser vítima da família, da sociedade, da vida...

O significado da vida está também no caminho que se faz para a meta determinante do bem-estar.

É preciso ser receptivo aos dons do existir, tirando os melhores resultados de cada momento, sem angústia nem projeção pelo que se luta.

Qualquer pessoa que busca o bem e o amor trabalha-se interiormente e busca relacionamentos afetivos ou não, sentindo satisfação a cada momento, porque vivenciar os sentimentos transforma-se em alegria de viver pelo conteúdo que traz.

Há muita coisa no mundo da ilusão que não se precisa. Mas, o apego às quinquilharias, atormenta ao que não tem, tornando-o inquieto para aumentar a posse, acumulando inutilidades em prejuízo dos bens internos que enriquecem a vida.

A preocupação em consumir é contínua, sem valorizar as bênçãos da saúde, da lucidez mental, dos movimentos harmônicos, da afetividade compensadora.

O ideal é que cada um que acorda para os bens imateriais diga sorrindo: “Quanta coisa já não necessito! Agradeço, a Deus, a dádiva de ter superado essa fase da minha existência.”

Vencendo o conflito e o transtorno psicológico, a emoção gratulatória assoma e a satisfação existencial toma sentido no construto pessoal.

Quando vige a gratidão, mesmo no que se considera falta ou insucesso, percebe-se a conquista da normalidade emocional e mental da pessoa.

Antes as cidades celebrizavam-se pelas  catedrais, cada uma mais suntuosa que a outra demonstrando o poder e a grandeza da cidade. Hoje, aqueles santuários foram substituídos pelos shoppings centers e motéis atraentes e perversos...

Foi superada a beleza, a arte, e a fé religiosa, mesmo que arbitrária anteriormente, para o consumismo, o tormento das conquistas e o relaxamento no prazer sexual de origem duvidosa e de efeitos perturbadores.

Por isso, surgem as crises, cada uma mais forte, até quando o indivíduo acorda para a mudança interior agradecendo as adversidades que o acordou para a realidade.

Aquele que teve morte clínica e voltou, que esteve próxima da desencarnação por acidentes, vítima de acontecimentos infelizes, de perdas importantes, superada a aflição, muda de conceito sobre a vida e seus valores. Tornando-se grata a tudo que lhe ocorre.


Texto trabalhado do livro Em Busca da Verdade, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Elaboração de Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 06/12/15.

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