domingo, 26 de agosto de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
 A CONSCIENCIA DA GRATIDÃO

Conforme a psique desenvolve a consciência, levando-a a superar os níveis primitivos alimentados pela sombra, (o lado escuro de ser, o lado desconhecido) conquista com mais facilidade,  a capacidade de gratidão.

A sombra, resultado dos fenômenos egóicos, tendo acumulado interesses inferiores que procura driblar ou esconder, escondendo-os no inconsciente, é a grande adversária do sentimento de gratulação. Querendo mostrar o que ainda não conquistou, impedida pelos hábitos doentios, projeta nas pessoas os seus conflitos, sem a clareza necessária para confiar e servir. Utilizando-se dos outros, crendo que é assim que todos agem, busca fruir a melhor parte, por ser impossível alargar a generosidade, que lhe traria o amadurecimento psicológico para o convívio social saudável, para o desenvolvimento interior dos valores nobres do amor e da solidariedade.

A miopia emocional que vem do predomínio da sombra no comportamento do ser humano não permite que veja a harmonia que há na vida,  desde os mágicos  fenômenos existenciais até os estéticos e fundamentais para a sobrevivência harmônica e feliz.

A sombra trabalha para o ego, poucas vezes se liga ao self, evitando  qualquer possibilidade de comunhão fora do seu circulo autopunitivo, por querer manter a sua vítima em culpa contínua, enquanto busca ocultar, mantendo, na sua intimidade, uma necessidade autodestrutiva, porque se sente incapaz de enfrentar-se resolvendo os seus enigmas.

As imperfeições morais que não foram modificadas pelo processo da sua diluição e substituição pelas conquistas éticas atormentam o ser, tornando-o refratário e hostil aos movimentos de libertação.

No seu emocional não há espaço para o louvor, o júbilo, ou para a gratidão.

Constrói mecanismos de fuga ou de transferência, de modo que se apazigue e aparente uma situação inexistente.

E assim, os conflitos vindos de outras existências hoje parte importante do ego predominam no individuo inseguro e sofredor, que se esconde na autocompaixão ou na vingança, para chamar atenção, para receber compensação narcisista, aplauso, suspeitando do valor de tudo que lhe é oferecido, por saber que não é merecedor daqueles tributos...

Acumuladas e preservadas as sensações que se transformaram em emoções de suspeita e de ira, de descontentamento e de amargura, projetam nas pessoas, por que não creem em lealdade, amor e abnegação.


Se alguém é dedicado ao bem na comunidade, considera dissimulador, porque no seu caso seria essa a sua atitude (da sombra).

Se o outro reparte alegria e é solidário, a inveja que se lhe encontra arquivada no inconsciente acha meios de o definir como bajulador e pusilânime, pois, de sua parte, não conseguiria desempenhar as mesmas tarefas com naturalidade. A não maturidade afetiva isola o indivíduo na amargura e na autopunição.

Mascara e transfere para os outros, tudo o que lhe é impedimento, ou dificuldade, assumindo uma postura crítica impiedosa, puritanismo exagerado, desconsiderando sempre os comportamentos louváveis do próximo que lhe inspiram antipatia.

Age dessa forma porque a sua é uma consciência adormecida, não acostumada aos voos expressivos da fraternidade e da compreensão, que só se plenificará após harmonizar-se com o grupo em que vive.

Autoconscientizando-se da sua estrutura emocional pelo entendimento do dever, que significa amadurecer, fará o parto libertador do ego, retirando dele as suas mazelas, suas dificuldades, suas limitações, lapidando as crostas externas da mesma forma que ocorre com o diamante bruto que oculta o brilho das estrelas presentes no seu interior.

Não se trata de combater, mas de entender e  amar, porque, no processo antropológico, em certo período, o que hoje são sombras ajudou-o a vencer as condições hostis do meio ambiente, das expressões primárias da vida, e se transformou em um bem estruturado mecanismo de defesa.

Aprimorar, aperfeiçoar, com novas condutas que o aprimorem, significa respeitá-lo, enquanto se liberta das fixações perversas em relação a atualidade pela aceitação de outras condições próprias para o nível de consciência lúcida para o qual avança.

Conseguindo esse despertar de valores, a saída da sua individualidade para a convivência com a coletividade, é inevitável, onde mais se aprimorará, aprendendo a conquistar emoções superiores que o enriquecerão de alegria e de paz, deslumbrando-se entre as bênçãos da vida que adornam tudo, assimilando-as em vez de reclamando sempre, pela impossibilidade de percebê-las.

A sombra é fundamental na construção do ser, que a deve dirigir no caminho do self – (eu profundo, ser espiritual, ser imortal, Si mesmo, somatório de todas as vivencias e experiências) -  portador da luz da razão e do sentimento profundo de amor, decorrente da sua origem transpessoal de essência divina.

O ingrato, diante do seu atraso emocional, reclama de tudo, desde os fatores climatéricos aos fatores humanos de relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais, sempre com a postura da autojustificação como do mal-estar a que se agarra para fugir da realidade.

Nos níveis nobres da consciência de si e da cósmica, a gratidão enche-se de alegria, e os sentimentos não se limitam mais ao eu, ao meu, ampliando-se agora ao nós, a mim e você, a todos juntos.

A gratidão é a assinatura de Deus na Sua obra.

Quando se enraíza no sentimento humano conquista harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por brilhar como estrela na imensidão sideral...

Aquele que se faz grato torna-se veículo do sublime autógrafo, analisando a vida e a natureza com a presença dEle.

A consciência responsável age sem disfarce, diluindo a contaminação de todos os miasmas de que se faz portador o inconsciente coletivo gerador de perturbações e instabilidade emocional, produtor de conflitos bélicos, de arrogância, de crimes seriais, de todo tipo de violência.

Quando o egoísta insensatamente aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações     que devastam a sociedade, apenas enxerga o lado mal e negativo do mundo, está desenterrando os seus sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem ter a coragem de exterioriza-los, de dar-lhes  campo livre no consciente.

Quando alguém combate a guerra, a pedofilia, a hediondez que se alastram em toda parte, utilizando apenas palavras desacompanhadas dos valores positivos para os eliminar do mundo, conhece-os bem no íntimo e propõe a imagem do salvador, quando deveria impor a consciência o trabalho de diluição, despreocupando-se com o exterior, sem lhes dar vitalidade emocional.

Além das palavras são os atos que devem ser considerados como recursos de dignificação humana.

A paz de fora inicia-se no mais íntimo de cada criatura. A gratidão tambem. Ao invés do desejo de receber, mais importante é ser-lhe o doador espontâneo e curar-se de todos os desconfortos ou mazelas, proporcionando-se harmonia generalizada.

A vida sem gratidão é estéril e vazia de significado existencial.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 26/08/2018.

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