domingo, 25 de novembro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Gratidão na Convivência Social
O processo antropológico da evolução retirou aos poucos o ser humano do individualismo egóico, para a parceria sexual por impulso do instinto, para que, depois, com o surgimento da afetividade biológica, tivesse origem o sentimento do grupo familiar envolvendo a prole.

A partir dali surgiram os mecanismos gregários na construção do grupo social, formando a tribo em convivência harmônica, para que, através dos milênios, o instinto pudesse deixar-se iluminar pela razão, ampliando as afinidades na sociedade.

Nesse período tribal, a animosidade contra os outros grupos exteriorizava o primitivismo agressivo-defensivo.

Lentamente é que os interesses comuns uniram aqueles que tinham afinidades, surgindo daí as primeiras experiências sociais.

A beligerância, que lhe era inata, desencadeava as guerras cruéis, como ocorre ainda hoje, demonstrando o predomínio da natureza animal sobre a natureza espiritual.

A formação da sociedade foi resultado da necessidade de preservação de cada grupo, dos recursos e valores diversos em tentativas de auxílios recíprocos, de sustentação dos seus membros, de crescimento econômico e cultural.

O self em desenvolvimento foi superando a sombra coletiva, ao mesmo tempo a individual começa a cristalizar-se, surgindo a dualidade de comportamento: eu opositor ao outro eu.

Animal gregário que é, sobrevive no planeta que  o alberga graças a importante contribuição social, que o leva ao desenvolvimento intelecto-moral, por meio das reencarnações.

Alcançando o atual nível de cultura, de civilização e de tecnologia, o sentimento de gratidão pelas gerações passadas deve estar presente propiciando o entendimento das conquistas do vir a ser.

A busca da sua plenitude leva-o a busca contínua para superar as marcas do comportamento primitivo que ainda se encontram no cerne, impedindo-lhe a autorrealização.

Os sentimentos, substituindo ou modificando os instintos agressivos, ampliam os horizontes a respeito do sentido e do significado existencial, para que possa crescer no rumo da plenitude.

Conquistando a consciência individual, a razão o leva a contribuir pela consciência coletiva, ao mesmo tempo que trabalha pela  renovação constante e o abandono das paisagens mentais em clichês viciosos a se lhe insculpirem, assim criando hábitos de harmonia de conduta e alegria de viver.

Teimosamente, a sombra o mantém no egoísmo, aprisionando-o nas paixões grosseiras, enquanto o self  se lhe opõe, surgindo uma batalha perturbadora que se transforma em conflito.

O despertar para a vitória sobre tais amarras não deve ser meta afligente, para que se consiga a pureza espiritual, a conduta irreprochável, a vivencia sem problemas. É inevitável, como diz Kierkegaard, Paul Tillich, Rollo May e outros estudiosos da psicologia existencial assim como do socialismo religioso, a presença na psique e no comportamento do indivíduo da ansiedade, do medo, da culpa, da solidão... heranças da jornada evolutiva, esses transtornos continuarão por longo tempo ainda até a libertação paulatina e a conquista da individuação.

Nesse sentido, merece especial atenção o corpo emocional do indivíduo, que se apresenta enfermo em decorrência da sombra que o leva a negar tudo que pode modificar os seus hábitos para melhor, levando-o a permanecer na angústia ou na ansiedade, mantendo a culpa consciente ou não, numa atitude autopunitiva arbitrária. Assim como se reservam espaços para os cuidados com o corpo, é indispensável se preservar o self  com silêncios interiores que propiciem a reflexão e a meditação, com diálogos salutares com a consciência, numa atitude de preces sem palavras, mantendo o vinculo com as fontes da vida.

Só através desse hábito pessoal será possível superar as conjunturas negativas propiciadas pela sombra, sem entrar em luta, assimilando as suas lições e diluindo as que são perturbadoras  abrindo espaço ao bem-estar e a resistência para as atividades de autoiluminação e de convívio social nem sempre equilibrada.

Os interesses dos grupos humanos são  variados, criando constantes atritos e desgastes emocionais, que pedem autocontrole, disciplina da vontade e espírito de paz, para não entorpecer os valores éticos, os significados morais e objetivos da vida, deixando-se levar pelos conflitos...

A saúde emocional permite a harmonia do self, motivando o entendimento de que o processo de inserção na sociedade cria dificuldades e propõe desafios que fazem o indivíduo crescer para a aspiração numinosa.

Com tal comportamento alteram-se as condições ambientais do planeta, tendo-se em vista que tudo que existe interage uma expressão na outra, formando a unidade.

Uma leve brisa num jardim liga-se a uma tormenta no outro lado da Terra, como um pensamento de amor contribui para a sinfonia universal da harmonia cósmica.

Enquanto se estudam as melhores técnicas para deter e evitar os prejuízos da devastação dos recursos planetários em extinção, a limitação da emissão de gazes que contribuem para o lento aquecimento global, em razão também do envenenamento dos rios, das nascentes d’agua, dos mares e dos oceanos, a morte e a ameaça de desaparecimento de vegetais e animais, que levará até a do ser humano, merece reflexão a tenebrosa condição mental das criaturas humanas que se demoram nos descalabros morais e na crueldade.
As ambições sem medidas que vem levando a sociedade à conquista de contínuas tecnologias, sem pensar nos prejuízos que  causam à natureza, resultam nos milhares de fragmentos de satélites e de foguetes que se desintegram, e os que escapam do aniquilamento no contato com atmosfera, atraídos pela gravidade do planeta, constituem hoje o terrível lixo espacial vindos dos grandes engenhos do pensamento desarvorado sem as reflexões indispensáveis...

As providencias que tem sido tomadas não tem efeito retroativo em relação ao que se encontra em volta da Terra e não consumido na sua queda natural na superfície do planeta. Pensou-se ingenuamente que tais fragmentos cairiam sempre nos mares e oceanos, assim mesmo poluindo-os, o que não se pode confirmar, porque tem caído em organizações urbanas, no campo e em toda parte...

Diante da sombra individual e coletiva que domina a sociedade moderna, a gratidão tem um papel relevante, porque começa na emoção superior dentro de casa, no próprio individuo e por si mesmo, amplia-se buscando os grupos sociais, considerando sempre tudo que a vida tem dado gratuitamente sem nada pedir de volta, a não ser que se mantenha o equilíbrio necessário para a continuação do processo  evolutivo.

Usufruem-se de mil favores e conquistas na encarnação, sem nenhum sacrifício nem gratulação em torno do seu significado  e das respostas oferecidas.

A gratidão social é a resposta do coração feliz pelas excelentes oportunidades de que se frui durante toda a existência terrena.

Com essa conduta, atenuam-se as competições malsãs entre os indivíduos e os grupos, as intrigas e as malquerenças, os ódios e os ressentimentos doentios...

Reflexionando-se em torno do grupo social em que se encontra, a gratidão enriquece o self  que absorve a sombra sem antagonizar, e a plenitude se instala no ser humano.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 25/11/2018.

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