quarta-feira, 29 de julho de 2015

APLICATIVOS GRATULATÓRIOS
Quando se pensa nos aplicativos gratulatórios, o arquétipo correspondente organiza a história dos acontecimentos para dar novo passo na conquista da consciência. Essa não é uma conquista convencional, mas a possibilidade de melhor compreender a realidade, de se reconhecer a grandeza da vida, sua beleza e seu significado.
Surgirá certa nostalgia conceptual da gratidão conforme a herança ancestral, que precisa ser superado pelo sentimento de ser útil e de participar ativamente no processo de crescimento da sociedade como um todo e do indivíduo em particular.
O homem é cocriador dos reflexos da realidade na história da evolução moral e espiritual presente num todo que, surge no inconsciente como sonhos arquetípicos, e se transformam em expositores das metas a atingir.
Todos temos papeis importantes a desempenhar no universo, permitindo que a consciência reflita os acontecimentos do cosmo e os introjete na consciência individual, e depois na coletiva.
Herdeiro das próprias experiências, o ser humano é chamado a crescer em cada etapa do seu processo  de desenvolvimento ético-moral, experimentando pequenos valores que se transformam em significados profundos. Natural é querer produzir realizações grandiosas, capazes de provocar admiração, num processo de exaltação do ego, embora, sejam as de aparente pequeno valor que aprimoram o caráter e contribuem para a saúde emocional, por serem mais vivas no dia a dia de cada um e de todos em geral.
A solidariedade, que fascina as massas, quando divulgada pela mídia, é pouco exercitada como aplicativo gratulatório, devendo propiciar o hábito de ser útil, de estar sempre atento para ajudar, contribuindo para a mudança do status quo presente para um patamar histórico e moral mais elevado.
Redescobrir a solidariedade, participando das atividades coletivas e ajudando com a  compreensão, a bondade e o entendimento fraterno  das dificuldades dos outros que enfrenta a maioria, ainda na infância psicológica, é conduta relevante  e magna. Essa cooperação expressa-se pelo interesse de tornar a vida na Terra mais feliz, diminuindo os motivos de atrito e de desconforto moral, social e econômico, com a gentileza ou qualquer tipo de ajuda a quem precise.
Esse esforço dá consciência ao ego sobre a responsabilidade de superar a sombra e vincular-se ao self ( o ser real, eu espiritual, eu profundo) em ação dinâmica de construções importantes. Essa conduta propicia ao indivíduo a alegria de viver, auxilia na libertação do estresse, evitando que caia na neurastenia ou na depressão.
Exercitando o sentimento da gratidão, automatiza-se o comportamento registrado no inconsciente, exteriorizando-se em outras oportunidades sem esforço.
A consciência objetiva (a psique) se relaciona com a subjetividade do ego, sendo assim imprevisível, já o inconsciente com os estereótipos arquivados responde com o esperado que se quer.
No universo da gratidão, consideremos a ternura que vem perdendo espaço no comportamento dos indivíduos por se encontrarem armados contra os acontecimentos perturbadores, só se expressando nos relacionamentos mais íntimos, nos momentos de emoção afetiva especialmente entre os familiares e amigos mais próximos. Ela, a ternura, deveria ser uma conduta natural, distribuindo gentileza e prazer no convívio, no entorno do indivíduo, como: a natureza e suas expressões, os seres humanos, mesmo os inamistosos, sofridos pelos conflitos a que se permitem.
A ternura resulta da cultura e da vivencia nas ações superiores do amor, que coloca modelos de conduta nobre, relacionando-se com simpatia e generosidade.
Todos necessitamos do estímulo da ternura que mantém os relacionamentos nas dificuldades, as afeições quando se vão desgastando, parando a animosidade quando surge.
Um dos motivos de desentendimentos nas uniões sexuais é a falta de ternura com que os pares se relacionam. Mais atraídos pelo prazer sexual, as pessoas quase não valorizam o convívio, porque são carentes afetivos interiores e esperam ser preenchidos pela outra pessoa, que carrega o mesmo problema da falta da afetividade pessoal. Após o prazer, surgem os atritos dos solitários a dois, esquecidos de serem solidários.
Não havendo ternura que estreita os laços do amor entre os parceiros, o gozo é rápido e abre espaço a buscas diferentes, abrindo espaço para sonhos e ambições por outro que lhe traga além do desejo e da realização rápida. A consequência, é a insatisfação, a busca de alguém ideal mitológico da perfeição, sem preocupar-se com o que esse buscado com ansiedade também deseja.
Como isso é generalizado, pessoas que esperam o ser ideal para se unir, - todos querendo que  o outro lhe preencha o seu vazio existencial -, aumenta o número dos solitários e insatisfeitos, na multidão, na família, nos vínculos da afetividade mais rápida.
A ternura propõe a preocupação de bem-estar, quando se pensa no outro, de como fazê-lo feliz, mantendo a comunicação jovial, as demonstrações do afeto, da necessidade da presença e da reciprocidade afetiva...
O tempo sem tempo que todos apontam responde pelas carências de todo tipo, sendo a falta da afetividade que cria as fugas psicológicas, as transferências para as coisas e os lugares, aplicando a oportunidade útil em buscas e em atividades secundárias frustradoras.
É preciso encarar a própria deficiência afetiva e  procurar voltar às causas próximas e  remotas, conservando momentos para o autoexame da consciência, para a transcendência, para o encontro com o si profundo (self).
Todas as vezes que a sombra, (nossas dificuldades psicológicas) mascara os sentimentos do indivíduo não deixando que ele perceba a realidade, a fuga prende-o ao conveniente, ao que gostaria de ser, ficando no medo de ser descoberto, criando conflito desnecessário de fácil eliminação, usando a coragem da compreensão para assumir como se é, embora com limites e dificuldades, ou com as bênçãos e as realizações que já conquistou.
A sombra sempre vigilante arma-se contra as novas conquistas, em autodefesa para continuar sobrevivendo, escondendo-se no ego. O cuidado para identifica-la e trabalha-la nunca é demais, dissolvendo a sua influencia e libertando-se para assumir a própria realidade.
A gratidão contribui para essa batalha silenciosa  na psique, trazendo uma visão ampla do mundo e profunda de todos que formam o circulo das amizades humanas.

Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco. 29/07/2015

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