O
SER HUMANO EM CRISE EXISTENCIAL
As conquistas do
conhecimento e do pensamento atual trouxeram muitos
benefícios para a vida nas diversas expressões na Terra.
Temos avanços na sociologia,
ampliando os espaços da fraternidade, dos direitos humanos,
ainda não respeitados conforme propostos, demonstrando a excelência da comunhão
espiritual entre as criaturas.
As duas grandes guerras
perversas que marcaram o sec.XX, cujos efeitos negativos que
a sociedade ainda vive, demonstraram o primitivismo e o atraso moral das
criaturas humanas, que parecem ter regredido em algumas partes ao período primário
da evolução, tamanha a crueldade que as caracterizou.
Um dos períodos mais
difíceis foi o da explosão atômica em Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de
1945, tornando-se limite do passado com relação ao presente-futuro, com
o surgimento do período chamado pós-industrial ou pós-modernidade, conforme conceitos
de muitos estudiosos inclusive Émile Durkheim, sociólogo e filósofo francês da
educação.
Essa fase, cada vez mais
perturbadora nas mentes e nos comportamentos, responde pela perda
emocional de valores de alto porte, que vem reduzindo o ser humano à condição
robótica.
De um lado, a evolução da
ciência e da tecnologia, e d’outro, o isolamento em relação ao grupo social, as
mudanças drásticas a respeito da vida e do seu significado, diante dos mentirosos
padrões escolhidos como ideais para o bem-estar e a felicidade.
A contribuição virtual
facilitou a comunicação, o conhecimento de acontecimentos on line, ao mesmo momento em toda a Terra, cresce
os disparates e estímulos à violência, ao ódio, ao racismo, ao crime, ao
suicídio, às mudanças de conduta, perturba e domina internautas desavisados ou
menos resistentes moralmente.
Relações amorosas suspeitas
estabelecem-se, dando asas à fantasia e à ilusão, resultando em lares e vidas
que se fragilizam com personalidades psicopatas, sem
sentimento de elevação, que utiliza do recurso para esconder-se, expandindo às paixões perigosas...
O culto ao corpo e ao
prazer, o desvio das funções sexuais, a mentirosa vitória nas telinhas com os
seus quinze minutos de fama, enlouquecem a juventude ansiosa e sem direção,
que busca o fácil com a venda da inocência, antecipando as experiências humanas
dolorosas no período juvenil, quando ainda não tem a madureza para os enfrentamentos,
enfraquecendo as esperanças sensivelmente...
O
curto tempo, pela necessidade de participar de tudo, de saber todos os acontecimentos,
prisioneiro da liberdade de pensamento e de movimentação, acaba em dolorosa
ansiedade e frustração, levando para a depressão ou a revolta as suas vítimas.
A falta de comunicação
verbal e escrita, de contato humano sem suspeita nem deslumbramento, permitindo
relacionamentos saudáveis, leva as pessoas aos interesses egóicos
sem convivência com os demais, consequente dessa pós-modernidade doentia e sem
significado psicológico.
Corpos
belos pelo excesso de musculação, sarados
e vazios de aspirações e de significado, abrem espaços para condutas insensatas,
que elevam à glória equivocada e derrubam os que foram arrastados pelas
fantasias dos seus apadrinhados.
Com
algumas exceções, vivemos uma sociedade enlouquecida, na busca de coisa
nenhuma, pela transitoriedade das conquistas e do sequente vazio existencial, que envelhecem e envilecem rapidamente
os seus seguidores e envolvidos com os sentidos físicos...
As
mudanças rápidas de humor e as fugas dos compromissos éticos, que dão sentido a
vida, caracterizam esta fase de incertezas.
O
homem vive uma crise existencial.
A
falta de identidade entre ego e Self resulta na falta de percepção do
existir e do como agir, favorecendo o domínio da sombra ignorada nos comportamentos.
Aumenta
o número de infelizes e de infelicitadores com patologia mal disfarçada.
Essa
experiência individual e coletiva, é necessária
para o amadurecimento e evolução do homem
que se afastou de si, buscando fora a alegria que está nele. Ninguém pode trazer
felicidade e bem-estar reais, porque essas emoções são independentes de situações
externas, mesmo se pensem ao contrário. São sensações que se expressam como
emoções e abrem espaço aos transtornos, às frustrações e amarguras quando a pessoa
que traz o prazer muda de conduta ou se desinteressa por continuar no que agora
lhe é tedioso.
A
mídia cria ídolos e devora-os a cada instante, exaltando crimes e criminosos como
manchete contínua, esgotando os clientes, especialmente pela televisão, nas
repetições das cenas de horror, nos julgamentos arbitrários daqueles aos quais
atribui a responsabilidade pela desgraça, no estímulo à justiça pelas próprias mãos, encorajando psicopatas adormecidos a
se tornarem famosos pelos espetáculos terríveis que exibe...
O
despudor agressivo que arrebata as multidões, especialmente acompanhando as
cenas de deboche nos aplaudidos programas de degradação humana, para a
conquista da fama pela imoralidade e do dinheiro pela perda da dignidade, faz
surgir as múmias morais, os seres sem emoção nem sensibilidade que se submetem a
tudo para atingir as metas estimuladas pelo mercado do sexo e da droga...
Temos
muitos trabalhos de elevação moral e dignificação humana, mas ainda insuficientes, para levar a massa ao
caminho do discernimento e da saúde real.
São exemplos de fidelidade
ao dever e de continuidade da ação edificante que contribuem para equilibrar a
balança moral do planeta humano, com os braços estendidos
para o socorro aos caídos, para diminuição do desespero dos fracassados, para a
solidariedade aos abandonados pelo triunfo mentiroso.
Eles
comprovam que o homem é destinado à ascensão e que o estágio inferior em que se
compraz é passageiro por mais que demore, possibilitando-lhe a experiência da vivencia
para a construção da sua individuação.
Conquistar essa individuação
é como um parto. Todos os partos doem mesmo os denominados sem
dor... Então, as dores íntimas e as
faltas importantes, mas sem valor real, é
a gestação para o parto da plenitude.
Inevitavelmente,
o ser humano traz o mito do significado e mesmo que incapaz de identificar
chega o instante que a anestesia do prazer desaparece ante o sol da realidade,
eis que leva para o avanço interno, a compreensão da
mensagem do viver e do crescer psicologicamente.
Texto
estudado do livro Em Busca da Verdade de Joanna de Ângelis e Divaldo Franco.
07/08/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário