sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O SER HUMANO EM CRISE EXISTENCIAL

As conquistas do conhecimento e do pensamento atual trouxeram muitos benefícios para a vida nas diversas expressões na Terra.

Temos avanços na sociologia, ampliando os espaços da fraternidade, dos direitos humanos, ainda não respeitados conforme propostos, demonstrando a excelência da comunhão espiritual entre as criaturas.

As duas grandes guerras perversas que marcaram o sec.XX, cujos efeitos negativos que a sociedade ainda vive, demonstraram o primitivismo e o atraso moral das criaturas humanas, que parecem ter regredido em algumas partes ao período primário da evolução, tamanha a crueldade que as caracterizou.

Um dos períodos mais difíceis foi o da explosão atômica em Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945, tornando-se limite do passado com relação ao presente-futuro, com o surgimento do período chamado pós-industrial ou pós-modernidade, conforme conceitos de muitos estudiosos inclusive Émile Durkheim, sociólogo e filósofo francês da educação.

Essa fase, cada vez mais perturbadora nas mentes e nos comportamentos, responde pela perda emocional de valores de alto porte, que vem reduzindo o ser humano à condição robótica.

De um lado, a evolução da ciência e da tecnologia, e d’outro, o isolamento em relação ao grupo social, as mudanças drásticas a respeito da vida e do seu significado, diante dos mentirosos padrões escolhidos como ideais para o bem-estar e a felicidade.

A contribuição virtual facilitou a comunicação, o conhecimento de acontecimentos on line, ao mesmo momento em toda a Terra, cresce os disparates e estímulos à violência, ao ódio, ao racismo, ao crime, ao suicídio, às mudanças de conduta, perturba e domina internautas desavisados ou menos resistentes moralmente.

Relações amorosas suspeitas estabelecem-se, dando asas à fantasia e à ilusão, resultando em lares e vidas que se fragilizam com personalidades psicopatas, sem sentimento de elevação, que utiliza do recurso para esconder-se,  expandindo às paixões perigosas...

O culto ao corpo e ao prazer, o desvio das funções sexuais, a mentirosa vitória nas telinhas com os seus quinze minutos de fama,  enlouquecem a juventude ansiosa e sem direção, que busca o fácil com a venda da inocência, antecipando as experiências humanas dolorosas no período juvenil, quando ainda não tem a madureza para os enfrentamentos, enfraquecendo as esperanças sensivelmente...

O curto tempo, pela necessidade de participar de tudo, de saber todos os acontecimentos, prisioneiro da liberdade de pensamento e de movimentação, acaba em dolorosa ansiedade e frustração, levando para a depressão ou a revolta as suas vítimas.

A falta de comunicação verbal e escrita, de contato humano sem suspeita nem deslumbramento, permitindo relacionamentos saudáveis, leva as pessoas aos interesses egóicos sem convivência com os demais, consequente dessa pós-modernidade doentia e sem significado psicológico.

Corpos belos pelo excesso de musculação, sarados e vazios de aspirações e de significado, abrem espaços para condutas insensatas, que elevam à glória equivocada e derrubam os que foram arrastados pelas fantasias dos seus apadrinhados.

Com algumas exceções, vivemos uma sociedade enlouquecida, na busca de coisa nenhuma, pela transitoriedade das conquistas e do sequente vazio  existencial, que envelhecem e envilecem rapidamente os seus seguidores e envolvidos com os sentidos físicos...

As mudanças rápidas de humor e as fugas dos compromissos éticos, que dão sentido a vida, caracterizam esta fase de incertezas.

O homem vive uma crise existencial.

A falta de identidade entre ego e Self resulta na falta de percepção do existir e do como agir, favorecendo o domínio da sombra ignorada nos comportamentos.

Aumenta o número de infelizes e de infelicitadores com patologia mal disfarçada.

Essa experiência individual e coletiva, é  necessária para o amadurecimento e evolução do  homem que se afastou de si, buscando fora a alegria que está nele. Ninguém pode trazer felicidade e bem-estar reais, porque essas emoções são independentes de situações externas, mesmo se pensem ao contrário. São sensações que se expressam como emoções e abrem espaço aos transtornos, às frustrações e amarguras quando a pessoa que traz o prazer muda de conduta ou se desinteressa por continuar no que agora lhe é tedioso.

A mídia cria ídolos e devora-os a cada instante, exaltando crimes e criminosos como manchete contínua, esgotando os clientes, especialmente pela televisão, nas repetições das cenas de horror, nos julgamentos arbitrários daqueles aos quais atribui a responsabilidade pela desgraça, no estímulo à justiça pelas próprias mãos, encorajando psicopatas adormecidos a se tornarem famosos pelos espetáculos terríveis que exibe...

O despudor agressivo que arrebata as multidões, especialmente acompanhando as cenas de deboche nos aplaudidos programas de degradação humana, para a conquista da fama pela imoralidade e do dinheiro pela perda da dignidade, faz surgir as múmias morais, os seres sem emoção nem sensibilidade que se submetem a tudo para atingir as metas estimuladas pelo mercado do sexo e da droga...

Temos muitos trabalhos de elevação moral e dignificação humana, mas ainda insuficientes, para levar a massa ao caminho do discernimento e da saúde real.

São exemplos de fidelidade ao dever e de continuidade da ação edificante que contribuem para equilibrar a balança moral do planeta humano, com os braços estendidos para o socorro aos caídos, para diminuição do desespero dos fracassados, para a solidariedade aos abandonados pelo triunfo mentiroso.

Eles comprovam que o homem é destinado à ascensão e que o estágio inferior em que se compraz é passageiro por mais que demore, possibilitando-lhe a experiência da vivencia para a construção da sua individuação.

Conquistar essa individuação é como um parto. Todos os partos doem mesmo os denominados sem dor... Então, as dores íntimas e as faltas  importantes, mas sem valor real, é a gestação para o parto da plenitude.

Inevitavelmente, o ser humano traz o mito do significado e mesmo que incapaz de identificar chega o instante que a anestesia do prazer desaparece ante o sol da realidade, eis que leva  para o avanço interno, a compreensão da mensagem do viver e do crescer psicologicamente.


Texto estudado do livro Em Busca da Verdade de Joanna de Ângelis e Divaldo Franco. 07/08/2015

Nenhum comentário: