domingo, 24 de fevereiro de 2019


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
RENDENDO-SE À GRATIDÃO

Enquanto o sentimento da gratidão não se apresentar natural, espalhando-se generoso, a maturidade psicológica do indivíduo está distante da meta a ser atingida.

Considerando-se o esforço moral bem dirigido para consegui-lo, o indivíduo aflige-se nos conflitos existenciais, valorizando as reações e comportamentos negativos do convívio social.
                                                   
A sua ausência na agenda emocional significa primarismo evolutivo, a ingratidão é inferioridade moral que pede terapêutica especializada e cuidadosa, da mesma forma que ocorre com as enfermidades que sutilmente devoram as entranhas do ser humano.

O ingrato,  como efeito, sofre de ansiedade, de baixo nível de autoestima, de medo dos enfrentamentos, carregando complexo de inferioridade.

Quando ele é homenageado ou distinguido por afeições sinceras, ou mimoseado com algo, sofre e, interiormente soberbo, silencia o sentimento gratulatório, demonstrando o transtorno distimico que sofre... outras vezes, vivencia magoas ou desconforto emocional acreditando ter direito a mais deferência, e ao mesmo tempo inconscientemente inveja o outro, aquele generoso e amigo que quer o dignificar.

Suspeita a lealdade de qualquer afeição, buscando motivos falsos para justificar-se, pela falta de mérito que reconhece conscientemente, num paradoxo de conduta emocional.

Esconde-se numa aparência que disfarça os sentimentos, bloqueando as vias do relacionamento, mantendo atitudes agressivas e temerosas com que afasta as pessoas do seu círculo de amizade, já muito reduzido. E assim satisfaz-se na solidão até que, supervalorizando-se, faz-se falante, importante, chamando a atenção para os seus títulos de destaque, para depois dessa catarse glamourosa, voltar ao mutismo, à conduta desagradável.

Noutros momentos é gentil com os estranhos tendo por meta conquista-los com uma imagem bem projetada, sendo rude, logo depois de conseguir o objetivo.

Esses pacientes são encantadores fora do lar e  verdugos domésticos de convívio difícil.

A sombra neles predomina e asfixia as manifestações do self, para se manterem como vítimas da sociedade, como indivíduos incompreendidos.

A gratidão é sentimento nobre que vem das profundas nascentes da psique.


Todas as decisões superiores que dignificam o ser humano e a vida exteriorizam-se do psiquismo – o self – e são captadas pelo córtex posteromedial que transmite a mensagem por  redes neuronais, encarregadas de atender o impulso original, transformando-as em emoções de prazer, de felicidade.

Em poucos segundos atingem o ápice em relação às outras emoções que se expressam mais rapidamente na organização fisiológica.

Por isso, as emoções originadas na gratidão são de bem-estar, de alegria, compensando as despesas energéticas das neurotransmissões com ondas mentais harmoniosas e benéficas.

O hábito de ser grato, pela sua repetição, equilibra as descargas de adrenalina e de noradrenalina, enquanto o cortisol mantém o controle dessas substancias químicas neutralizando os excessos que poderiam ocorrer, produzindo em consequência alterações glicêmicas, do ritmo cardíaco... como acontece com as emoções inferiores como a ira, o medo, a ansiedade, a mágoa...

Através de reflexões sinceras o indivíduo pode render-se à gratidão, evitando condutas agressivas e atitudes mentais pessimistas.


Nessa analise, descobre-se quanto se possui digno de reconhecimento e quão pouco se necessita para uma vida plena. O essencial está sempre ao alcance do ser em evolução, sendo secundário o resultado da desmedida ambição egóica.

Com esse enfoque percebe faltas e carências que são valorizadas, produzindo sofrimento, por falta de entendimento da sua finalidade. Como as enfermidades, as ocorrências malsucedidas, os fenômenos aziagos que são parte do processo de crescimento moral e espiritual, consequentes das ações passadas originadas em existências pregressas.

Muitas vezes, uma decepção com alguém que é afeiçoado, ao invés de ser um mal torna-se um bem, porque o outro desvela-se, permitindo melhor o entender além da sombra em que se oculta.

Insucessos de um momento, quando bem administrados, transformam-se em lições de profunda sabedoria, libertando o ego de sua injunção afligente.


Tudo, que acontece, mesmo produzindo sensações desagradáveis ou emoções desconcertantes, é parte das experiências que promovem o ser humano, desde que se lhes compreenda a finalidade, expressando gratidão pela sua ocorrência. Não só o que traz prazer e sucesso merece gratulação, até porque é de breve curso mas também os que respondem pela insatisfação e pelo mal-estar...

A compreensão lúcida de que tudo tem um sentido moral e um significado relevante proporciona harmonia intima, trabalhando pela superação de como se encontra, para se alcançar a plenitude.

Por outro lado, muitas existências agraciadas por admiráveis tesouros, como equilíbrio orgânico e saúde, beleza, prestígio social e recursos econômicos, sofrem pelo excesso, caindo no tédio, nas fugas psicológicas levando esses privilegiados a quedas morais.

Deparam-se, em consequência, duas posturas: a que se caracteriza pela carência, pelo sofrimento, pela falta de vitórias materiais, que trazem alegria quando bem administrados, e a outra cheia de valores preciosos mas vazias de significado...

É indispensável, a entrega sem limites à gratidão, à alegria de aprender, a conquista da saúde integral em marcha para a conquista da individuação, da perfeita integração do eixo ego-self.

A psicologia da gratidão abre-se, num elenco de excelentes possibilidades que propiciam a felicidade do ser humano.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 24/02/2019.

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