domingo, 10 de junho de 2018


          GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS

A benção da gratidão

Entre os sentimentos nobres que caracterizam o ser psicológico maduro, a gratidão é um dos mais importantes.

A vida, é um hino de louvor à Vida, portanto, de gratidão incontida.

Vida, é vibração de harmonia presente em todo o universo.
Limitada nas várias expressões através das quais se manifesta, é um desafio em constante desdobramento na busca de significado.
Quando o processo de crescimento emocional liberta o Espírito da sombra  que o perturba, se apresenta nele a luz da verdade, que é o discernimento a compreensão  dos valores que o integram na harmonia do cosmo, do Universo.
Buscando a perfeita identidade, na fusão do eixo ego-self, entende que viver é vivenciar gratidão por tudo quanto lhe ocorre e tem oportunidade de experienciar.

A gratidão,  é então a força que consegue desintegrar a discussão confusa da queda ou da perda do sentido existencial.

Filha da maturidade alcançada pela  razão, sobrepõe-se ao instinto, é conquista de elevada magnitude porque propicia equilíbrio àquele que a sabe ofertar.

É comum, na imaturidade emocional, acreditar-se que a gratidão é uma retribuição pelo bem ou pelos favores que se recebe, como se fosse uma devolução, pelo menos em parte.
É certo que, quando se devolve algo do que se recebeu, que tem significados saudáveis, é um  reconhecimento. Sendo isso apenas resultado de uma convenção, efeito do mercado da oferta e da procura ou vice-versa.

O instinto de preservação da vida, trabalhando pelos interesses imediatistas, age, muitas vezes, com ações retributivas se levado ao prazer.

Mas a gratidão na realidade é um sentimento mais profundo e significativo, porque não se resume na recompensa habitual. Ele é  maior trazendo satisfação por ser psicoterapêutico.

Aquele que é grato, que entende o que significa a gratidão real, tem saúde física, emocional e psíquica, porque sente alegria de viver, compartilha de todas as coisas, é membro atuante na organização social, é criativo e alegre.

Vê-se comumente, nas massas, que  diluem a identidade do individuo, confundindo os valores éticos e comportamentais, a ingratidão, filha infeliz da soberba, e muitas vezes do orgulho ou da prepotência,  remanescentes do instinto, transformados em sombra perturbadora. Como consequência, vivem-se em inquietação, perturbam-se e desequilibram os demais, cultivando as enfermidades parasitas da agressividade, da violência ou da autocompaixão, entregando-se aos conflitos em mecanismos de transferência de responsabilidades. Sem conseguirem compreender a finalidade existencial, a busca de um sentido para a autorrealização, tornando-se omissos, até no que se refere aos próprios insucessos, entregando-se a condutas esdruxulas, estranhas até mesmo esquisitas crendo poder escamotear, ou disfarçar ou esconder os conflitos em que se encontram.

Essa estranha conduta é responsável por alguns mitos que continuam no inconsciente, e esses arquétipos desculpistas são-lhes recursos de auto apaziguamento, dessa forma tentando conciliar a consciência que exige lucidez com o ego que prefere a ilusão.

O self imaturo- o ser interno, o Espírito, o Ser imortal que vem se construindo, acumulando experiências - sofre o efeito do ego dominador e atribui-se méritos que não tem, acreditando-se credor de todas as benesses que lhe são dadas, sempre desejando mais recursos que infelizmente não o plenificam. Nesse estágio conquista bens que não sabe usar e amontoam-se em armários ou em bancos, acumulando presunção e despotismo, sem se integrar no conjunto social em que se movimenta. E quando o faz, destaca-se pelo orgulho e pelo falso poder externo, compensando as angustias internas com a bajulação e o aplauso dos outros, que se transformam em estímulo para exibir qualidades que gostaria de ter.

Aspira sempre por ter mais, sem a preocupação de ser melhor.

Busca ser respeitado, quer dizer temido, antes que ser amado, pela dificuldade que tem de amar, o que lhe traz insegurança e mal-estar disfarçados com os vícios sociais, como o álcool, as drogas da moda, o tabaco, o sexo apressado e sem sentimento emocional compensatório.

Recebe onde não semeou, por crer-se possuidor de direitos que ainda não possui, não se dando o dever de repartir solidariedade e harmonia.

Assume postura agressivo-defensiva, para amealhar sem oferecer, descobrindo inimigos onde na realidade  são apenas desconhecidos que não foram conquistados e simpatizantes que não foram atraídos ao seu fechado circulo de egoísmo.

Armado, em vigília contínua, em vez de amando em todas as situações, pela irradiação de desequilíbrio que é o seu estado interno.

Introverte-se, quando deveria espraiar-se como as águas generosas do regato, diluindo as fixações que o prende à infância da evolução antropológica...

O sentido existencial é de conquistas internas, aplicadas em favor da gratificação.

Conforme se recebe, doa-se, e, na mesma razão que se é aceito e querido, mais ama e mais agradece.

A gratidão é benção de valor desconhecido, porque tem sido considerada apenas na sua forma simplista e primaria, sem o conteúdo psicoterapêutico de que ela trás.

Quando se pensa na gratidão, se pensa em devolver parte do que foi recebido, o que a torna insignificante e sem valor. Revelando -se com isso uma visão material imediatista, sem os conteúdos psicológicos renovadores.

Quando vemos uma rosa exteriorizando perfume levado pela brisa, estamos diante da gratidão do vegetal que transformou terreno orgânico e água em aroma delicado.

Assim como o Sol, responsável pela preservação do milagre da vida em incontáveis manifestações oscula o charco sem assimilar dele os odores apodrecidos e acaricia as pétalas das flores sem lhes roubar o aroma agradável. Sendo aquela a sua maneira de agradecer a finalidade para a qual foi criado...

Quando o Espírito alcança o objetivo do seu significado imortal e o entende com compreensão clara, abençoa tudo e todos, sendo grato pela oportunidade de fazer parte do seu conglomerado.
                              
A gratidão deve ser um estado interior que cresce e mimetiza com as dádivas da alegria e da paz.

Por isso, aquele que agradece com um sorriso ou uma palavra, com uma expressão facial em silencio ou numa canção oracional, com o bem que esparze, é sempre feliz, vivendo pleno. Mas, aquele que sempre espera receber, que faz e busca a resposta gratulatória, que se movimenta e realiza atos nobres, contando com o reconhecimento do outro, de forma imatura ele está negociando, permanecendo instável, neurastênico, em inquietação.

Quando se é grato, nunca experimenta qualquer decepção ou queixa, porque nada espera em resposta ao que faz.

A busca, da autorrealização é alcançada a partir do momento em que a gratidão predomina no Self (Eu profundo, ser imortal, o Espírito ou Ser verdadeiro) sem sombra perturbadora, constituindo-se uma sublime benção de Deus.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 10/06/2018.

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