GRAVITANDO
EM TORNO DE DEUS
TOLERANCIA E CONIVENCIA
Confundem-se muito, tolerância como
anuência ao erro, que seria uma
forma gentil e diplomática de se estar de acordo com algo que fere o bom-tom, o
equilíbrio, os costumes saudáveis.
Tolerância é uma forma de respeito pelo outro indivíduo, por
cujo comportamento se lhe demonstram consideração e amizade, em atitude de
equilíbrio e não violência contra a sua forma de ser e de proceder.
É
natural que se deseje preservar a ordem em todo lugar, assim como os propósitos
edificantes que trabalham pela harmonia do grupo familiar e da sociedade. Embora
vendo-se os diferentes níveis de consciência
em que estagiam as criaturas, compreende-se que há uma diversidade considerável
de conceitos e de comportamentos, nem sempre compatíveis com a educação, as
leis e a convivência humana.
Não
se pode esperar que todos os indivíduos tenham a mesma maneira de proceder, que
tenham conduta que estimulam o progresso e a paz.
Eles
conduzem as características que lhes formam a personalidade, as vezes trazendo
azedume, agressividade, individualismo doentio...
Divergem
no bom senso, no saudável, alguns mantendo-se à margem da corrente do bem, em
situação contrária a tudo quanto trabalha pela harmonia.
Tolerá-los é dever de todos que estão
em nível superior de discernimento,
para não lhes piorar a situação deplorável em que estagiam, nem abrir áreas de
litígio desnecessário que agrava os relacionamentos humanos.
A tolerância é filha da amizade e
irmã da educação, porque ensina
sem palavras como todos devem se comportar, especialmente em relação de uns com
os outros.
Compreender o limite intelecto
moral do seu próximo deve ser a atitude daquele que já vislumbra a
fraternidade, podendo distinguir as variantes da conduta
humana e selecionar as que lhe devem
continuar roteiros de segurança para
as conquistas da evolução.
Esse comportamento é muito
importante para a construção da sociedade harmônica, dando a todos os mesmos direitos de liberdade de pensamento, de palavra e de ação, embora
nem sempre concordando com eles.
Não
impor as próprias ideias, expondo-as com oportunidade e discernimento, para não ferir convicções nem agredir
condutas, é a maneira mais conforme com o bem viver.
Como
animal gregário que deve viver em comunidade, o ser humano não deve se permitir a presunção de se considerar
irretocável, dando a impressão de que todos estão enganados e só ele conhece
e pratica o certo, a verdade...
A presunção, em qualquer aspecto, é lamentável comportamento agressivo, que
desrespeita os valores das outras pessoas.
Apesar da necessidade de
tolerar-se, não deve permitir a conivência com o erro, com tudo que agride os valores considerados dignos e estimulantes do
progresso humano.
A tolerância é um sentimento de
compreensão fraternal em relação ao outro,
àquele que está em diferente patamar de entendimento da vida.
Necessário é que o ser se revista
de coragem para aceitar a conduta
diferente como a que melhor se adapta àquele indivíduo, mantendo-se coerente
com a sua maneira de entender e de considerar a vida e os seus valores.
Coragem que não se dobra submissa em forma de ridícula humildade
ou de subserviência humilhante.
A lealdade para se estar ao lado de
quem pensa e age incorretamente,
mesmo que não concordando, e demonstrando-o sem palavras, através da conduta
correta, é manifestação edificante de tolerância.
O que não é correto não pode
adquirir cidadania, seja por intermédio de quem for. É comum valorizar-se determinados conceitos,
tendo-se em vista as pessoas que os expendem. Não é, porém, o indivíduo que dá
dignidade à ideia, mas é ele quem se honra com a mesma. Uma opinião elevada,
enunciada por um idiota, não perde o seu conteúdo em razão daquele que a
apresenta, assim como uma asnice dita por um intelectual não se transforma num
conceito relevante.
O processo evolutivo de natureza ético-moral
não pode ser visto como uma vertical impecável ou uma horizontal perfeita, sem nuanças e oscilações, porque toda aprendizagem resulta das experiências do
erro e do acerto.
As
variantes para cima ou para baixo proporcionam uma inclinada na qual as
conquistas novas se estruturam sobre as anteriores, sofrendo algumas descidas,
mas sempre ascendendo...
A tolerância faz parte desse
projeto de crescimento, pois desenvolve
os nobres sentimentos da amizade, da compaixão, que se transformam em amor e
caridade, a medida que se aprofundam no cerne do Espírito.
Quando
se convive, demonstra-se a debilidade de caráter, que não possui a qualidade da
decência para divergir sem agredir, exteriorizando insegurança moral diante do
que se sabe, daquilo em que se crê.
É muito sutil a linha divisória
entre ser tolerante e conivente,
sendo necessária uma dose de sabedoria para os relacionamentos humanos.
Quando
alguém abraça uma ideia que lhe parece a mais compatível com a felicidade, a
que melhor esclarece os enigmas da vida, logo lhe ocorre o desejo de
comparti-la com familiares, amigos, com as pessoas gratas... Às vezes, no
natural entusiasmo do deslumbramento inicial, apresenta-se a todos, confiando
que será bem entendido e a sua mensagem aceita, chocando-se, quando defronta resistência,
caindo no ressentimento e na amargura...
É
bom lembrar que, o que é motivo de alegria e de felicidade para uns, não é para
outros.
Essas
diferenças conceituais e ideológicas formam o painel de beleza que deve, por
enquanto, viger no mundo, permitindo que cada membro da sociedade apresente-se
como é, no maravilhoso esforço de crescimento para a unificação, nunca para a
uniformização, a igualdade perfeita...
No
atual estágio moral da Terra é utópico imaginar-se uma sociedade com todos os
seus membros harmonizados, unidos com os mesmos sentimentos.
Cada
um possui metas especificas que pretende alcançar, e o papel do companheiro, do
amigo, é o de cireneu, de auxiliar discreto e generoso.
Ninguém
tem a mesma tolerância de Jesus.
Compassivo, entendia todas as misérias humanas, suas
necessidades e aflições.
Generoso, sempre esteve às ordens daqueles que o buscavam.
Nunca se entediou com as pequenezas e irrelevâncias a que as criaturas davam superior importância.
Mesmo assim, nunca compactuou com a
hipocrisia dominante, com a
pusilaminidade dos enganadores e mentirosos, sendo austero e definitivo,
especialmente diante da classe sacerdotal e do farisaísmo poltrões,
invectivando a conduta desses servos da pequenez moral com severidade,
chamando-os de “sepulcros caiados de branco
por fora, sendo dentro somente podridão,” ou “raça de víboras, até quando
vos suportarei?”...
Com
a Sua autoridade e a agudeza que penetrava o âmago dos sentimentos humanos,
podia falar-lhes com franqueza, desnudando-os.
Mesmo sendo tolerante, surgirá ocasião
oportunamente em que se te tornará necessário um comportamento austero, mais ou menos dessa natureza, porém, sem
ressentimento ou rancor, sem ódio ou desespero por aqueles que se encontre na
situação infeliz...
Texto de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento,
trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 24/06/2017.
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