sexta-feira, 23 de junho de 2017


 GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS

TOLERANCIA E CONIVENCIA

Confundem-se muito, tolerância como anuência ao erro, que seria uma forma gentil e diplomática de se estar de acordo com algo que fere o bom-tom, o equilíbrio, os costumes saudáveis.

Tolerância é uma forma de respeito pelo outro indivíduo, por cujo comportamento se lhe demonstram consideração e amizade, em atitude de equilíbrio e não violência contra a sua forma de ser e de proceder.

É natural que se deseje preservar a ordem em todo lugar, assim como os propósitos edificantes que trabalham pela harmonia do grupo familiar e da sociedade. Embora  vendo-se os diferentes níveis de consciência em que estagiam as criaturas, compreende-se que há uma diversidade considerável de conceitos e de comportamentos, nem sempre compatíveis com a educação, as leis e a convivência humana.

Não se pode esperar que todos os indivíduos tenham a mesma maneira de proceder, que tenham conduta que estimulam o progresso e a paz.

Eles conduzem as características que lhes formam a personalidade, as vezes trazendo azedume, agressividade, individualismo doentio...

Divergem no bom senso, no saudável, alguns mantendo-se à margem da corrente do bem, em situação contrária a tudo quanto trabalha pela harmonia.

Tolerá-los é dever de todos que estão em nível superior de discernimento, para não lhes piorar a situação deplorável em que estagiam, nem abrir áreas de litígio desnecessário que agrava os relacionamentos humanos.

A tolerância é filha da amizade e irmã da educação, porque ensina sem palavras como todos devem se comportar, especialmente em relação de uns com os outros.

Compreender o limite intelecto moral do seu próximo deve ser a atitude daquele que já vislumbra a fraternidade, podendo distinguir as variantes da conduta humana e selecionar as que lhe devem continuar roteiros de segurança para as conquistas da evolução.

Esse comportamento é muito importante para a construção da sociedade harmônica, dando a todos os mesmos direitos de liberdade de pensamento, de palavra e de ação, embora nem sempre concordando com eles.

Não impor as próprias ideias, expondo-as com oportunidade e discernimento, para não ferir convicções nem agredir condutas, é a maneira mais conforme com o bem viver.

Como animal gregário que deve viver em comunidade, o ser humano não deve se permitir a presunção de se considerar irretocável, dando a impressão de que todos estão enganados e só ele conhece e pratica o certo, a verdade...

A presunção, em qualquer aspecto, é lamentável comportamento agressivo, que desrespeita os valores das outras pessoas.

Apesar da necessidade de tolerar-se, não deve permitir a conivência com o erro, com tudo que agride os  valores considerados dignos e estimulantes do progresso humano.


A tolerância é um sentimento de compreensão fraternal em relação ao outro, àquele que está em diferente patamar de entendimento da vida.

Necessário é que o ser se revista de coragem para aceitar a conduta diferente como a que melhor se adapta àquele indivíduo, mantendo-se coerente com a sua maneira de entender e de considerar a vida e os seus valores.

Coragem que não se dobra submissa em forma de ridícula humildade ou de subserviência humilhante.

A lealdade para se estar ao lado de quem pensa e age incorretamente, mesmo que não concordando, e demonstrando-o sem palavras, através da conduta correta, é manifestação edificante de tolerância.

O que não é correto não pode adquirir cidadania, seja por intermédio de quem for. É comum valorizar-se determinados conceitos, tendo-se em vista as pessoas que os expendem. Não é, porém, o indivíduo que dá dignidade à ideia, mas é ele quem se honra com a mesma. Uma opinião elevada, enunciada por um idiota, não perde o seu conteúdo em razão daquele que a apresenta, assim como uma asnice dita por um intelectual não se transforma num conceito relevante.

O processo evolutivo de natureza ético-moral não pode ser visto como uma vertical impecável ou uma horizontal perfeita, sem nuanças e oscilações, porque toda aprendizagem resulta das experiências do erro e do acerto.

As variantes para cima ou para baixo proporcionam uma inclinada na qual as conquistas novas se estruturam sobre as anteriores, sofrendo algumas descidas, mas sempre ascendendo...

A tolerância faz parte desse projeto de crescimento, pois desenvolve os nobres sentimentos da amizade, da compaixão, que se transformam em amor e caridade, a medida que se aprofundam no cerne do Espírito.

Quando se convive, demonstra-se a debilidade de caráter, que não possui a qualidade da decência para divergir sem agredir, exteriorizando insegurança moral diante do que se sabe, daquilo em que se crê.

É muito sutil a linha divisória entre ser tolerante e conivente, sendo necessária uma dose de sabedoria para os relacionamentos humanos.

Quando alguém abraça uma ideia que lhe parece a mais compatível com a felicidade, a que melhor esclarece os enigmas da vida, logo lhe ocorre o desejo de comparti-la com familiares, amigos, com as pessoas gratas... Às vezes, no natural entusiasmo do deslumbramento inicial, apresenta-se a todos, confiando que será bem entendido e a sua mensagem aceita, chocando-se, quando defronta resistência, caindo no ressentimento e na amargura...

É bom lembrar que, o que é motivo de alegria e de felicidade para uns, não é para outros.

Essas diferenças conceituais e ideológicas formam o painel de beleza que deve, por enquanto, viger no mundo, permitindo que cada membro da sociedade apresente-se como é, no maravilhoso esforço de crescimento para a unificação, nunca para a uniformização, a igualdade perfeita...

No atual estágio moral da Terra é utópico imaginar-se uma sociedade com todos os seus membros harmonizados, unidos com os mesmos sentimentos.

Cada um possui metas especificas que pretende alcançar, e o papel do companheiro, do amigo, é o de cireneu, de auxiliar discreto e generoso.

Ninguém tem a mesma tolerância de Jesus.
Compassivo, entendia todas as misérias humanas, suas necessidades e aflições.
Generoso, sempre esteve às ordens daqueles que o buscavam.
Nunca se entediou com as pequenezas e irrelevâncias a que as criaturas davam superior importância.
Mesmo assim, nunca compactuou com a hipocrisia dominante, com a pusilaminidade dos enganadores e mentirosos, sendo austero e definitivo, especialmente diante da classe sacerdotal e do farisaísmo poltrões, invectivando a conduta desses servos da pequenez moral com severidade, chamando-os de “sepulcros caiados de branco por fora, sendo dentro somente podridão,” ouraça de víboras, até quando vos suportarei?”...

Com a Sua autoridade e a agudeza que penetrava o âmago dos sentimentos humanos, podia falar-lhes com franqueza, desnudando-os.

Mesmo sendo tolerante, surgirá ocasião oportunamente em que se te tornará necessário um comportamento austero, mais ou menos dessa natureza, porém, sem ressentimento ou rancor, sem ódio ou desespero por aqueles que se encontre na situação infeliz...

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento, trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 24/06/2017.

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