sexta-feira, 2 de junho de 2017

GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
A FELICIDADE POSSIVEL

A ambição natural do ser humano é a conquista da felicidade.

Mas o conceito, de felicidade,  difere de indivíduo para outro, assim como ocorre com as diferentes escolas do pensamento filosófico, quando abordam a mesma questão.

Repassando-se os princípios das várias correntes de escolas que estudaram a felicidade, como o hedonismo, o cinismo, o estoicismo, o idealismo, o espiritualismo, o utilitarismo, o existencialismo, o pessimismo, para citar apenas algumas, vemos que a questão felicidade varia de conceito!

Variando conforme os níveis da evolução dos grupos humanos, percebe-se que predominam o utilitarismo e o existencialismo, reduzindo a vida física ao fenômeno biológico, suas sensações e prazeres, que passariam a ser fundamentais na conquista do bem-estar sem problemas.

Uma analise dessa escolha mostra a inconsistência de tal aspiração, considerando que a organização física está sujeita a situações de insegurança e transformações, mudanças de contexto e acontecimentos inevitáveis.

Tais alterações transformam-se em dificuldade para manter um programa de satisfações plenas, de sensações  prazerosas.

Os sentimentos são os veículos emocionais que expressam a realidade do ser humano, mesmo que nem  perceba o que lhe ocorre.

Nascendo no cerne do Espírito, traduzem-se conforme o nível de evolução, que se exterioriza na maneira de conviver com as outras pessoas e consigo mesmo.

Quando entorpecidos pelos interesses imediatistas, sobrecarregados pelas toxinas dos desejos mais grosseiros, mostram-se perturbadores, agressivos, muitas vezes asselvajando os seus portadores, ou refletindo o primitivismo que os caracteriza.

Nos indivíduos que vivenciam os níveis elevados de consciência, as aspirações apresentam-se com formulação ético-moral relevante, na qual os sentimentos são de solidariedade e afeição, humanitarismo e compaixão, que promovem o progresso capaz de libertar os que sofrem os efeitos das correntes em que se encontram prisioneiros.

O seu conceito de felicidade difere muito dos que dão primazia ao egoísmo e tudo que a ele se refere.

O espiritismo, convidando a reflexão em torno do ser integral, como Espírito imortal que é, traça diferentes contornos e conteúdos sobre a felicidade.

Situada a vida carnal entre o berço e o túmulo, não a limita a esse curto tempo, mas dilata-o, considerando a anterioridade e a sobrevivência do Espírito à morte, o inevitável acontecimento de que ninguém foge, ampliando os horizontes de felicidade.

Com essa visão da realidade, elimina muitos fatores que se apresentam como desdita, infelicidade, como os sofrimentos de qualquer natureza, a morte, a saudade, demonstrando que todos esses fenômenos são passageiros ante a grandeza da vida em si mesma.

O importante não são as satisfações que se fruem, mas deixam insatisfação e ansiedades por novas experiências. Essa ocorrência frustrante trabalha pela inquietação do ser e da constante busca de sensações mais fortes.


A felicidade é de fácil conquista e deve ser tentada continuamente.

Não é resultado do que se pode acumular e desfrutar, mas do estado interior de cada um, resultado das aspirações mais elevadas e dos sentimentos harmonizados com a vida.

Se a felicidade fosse o gozo seguido, teria se fixado na organização fisiológica propiciadora de sensações.

As sensações tem caráter efêmero e insatisfatório, produzindo cansaço e tédio, transformando-se em mal-estar.

A felicidade constitui-se do bem-estar que deflui da consciência de paz, fruto natural dos pensamentos edificantes que levam aos atos retos e dignificadores.

Aquele que pensa com elevação de propósitos enriquece-se de energias saudáveis, adquirindo o hábito de manter-se em equilíbrio emocional, favorecendo-lhe o comportamento social edificante.

Nesse sentido, não buscar a posse do que se consegue deter, transforma-se em limite satisfatório para evitar preocupação desnecessária, escravização aos recursos  acumulados, avareza e desconfiança.

Daí, a amizade se estende generosa, produzindo um clima de alegria em relação às demais pessoas, porque o ser humano é essencialmente um animal biopsicossocial de origem espiritual, que precisa conviver com o outro, ao seu lado trabalhar pelo progresso pessoal, resultando no desenvolvimento comunitário.

E assim, surge-lhe o espontâneo prazer de servir, de ser útil, de ter o tempo preenchido com preocupações não desgastantes.

A felicidade desconhece o medo de perdê-la, porque, não tendo uma conotação física, desenvolve-se no plano da estesia, da emoção elevada, da satisfação de estar-se bem consigo mesmo.

O belo, o honesto, o pacificador que se apresentem de qualquer tipo, constitui-se, sem dúvida, fator de felicidade.

É preciso ter em mente que a vida na Terra não é uma viagem fascinante ao país da fantasia, nem é, por enquanto, o formoso oásis que muitos desejam para transformar em colônia de férias e de inutilidade.

O nosso abençoado planeta é bela escola de aprendizagem e de crescimento interior, na qual as experiências são multifacetadas com alegrias, tristezas, tensões, ansiedades e sorrisos, que devem ser administrados com sabedoria.

Por isso se pode ser feliz mesmo no sofrimento, por compreender-lhe a finalidade superior que é a lapidação das arestas morais defeituosas para que sejam trabalhadas as áreas que irão refletir a luz da sabedoria em forma de paz.

Pensa-se, sem fundamentação real, que os lugares, as situações, os recursos amoedados são essenciais para a felicidade. Sério engano. Eles podem criar condições de alegria, de exibicionismo, de lazer, de ócio, pois, se o indivíduo não estiver em harmonia íntima consigo mesmo, ao seu próximo e a Deus, onde quer que se encontre vai carregar sempre as preocupações e os conflitos que lhe pesam na consciência.

Apesar de que, muitos indivíduos que ainda se encontram nas faixas exclusivas da organização fisiológica, sem maiores aspirações, refestelam-se nos sentidos e acreditam que os excessos a que se permite, os gozos que frui, são os tesouros da felicidade.

Logo, porém, alargam-se-lhes os prazeres, sutilmente surge o vazio existencial que os empurra aos comportamentos viciosos e entorpecentes como forma de fuga para lugar nenhum.



A felicidade é constituída de pequenas ocorrências, delicadas emoções, sutis aspirações que se convertem em realidade, construções internas que facilita ou permite a paz interior.

Pergunte-se aos gozadores se eles estão felizes, satisfeitos com a vida, e com certeza responderão que se encontram saturados, cansados, desinteressados praticamente de tudo.

Assim, consciente das muitas bênçãos que tens recebido da vida, especialmente se dispões de um corpo harmônico e saudável para aplicar-lhe as forças para o desenvolvimento intelecto-moral, amando e servindo sem cessar. Mas, se te encontras com algum limite orgânico, com sofrimento de qualquer natureza, agradece a Deus a honra de resgatar os erros e adquirir o necessário equilíbrio para a felicidade que logo chegará.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento, trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 02/06/2017.

Nenhum comentário: