terça-feira, 5 de maio de 2015

Gratidão pela vida

A vida é um milagre do universo.
Presente em todas as expressões imagináveis é lei de amor funcionando no mais profundo significado.
Não importa o nome que se dê à fonte geradora, é o maior desafio à inteligência, especialmente quanto à sua finalidade quando atinge o esplendor no ser humano.
Tendo conquistado o discernimento e razão, a vida se lhe corporifica nos cem trilhões de células do organismo, em incomparável mecanismo de harmonia e de interdependência, controlado pela psique, em ultima análise, do self original do qual procedem todas as manifestações físicas.
Conseguindo, nessa fase, a capacidade de logicar, permite-lhe penetrar nos antes insondáveis mistérios do cosmo, no macro ou no micro, culminando na ideação, na percepção do abstrato, sobretudo nos sentimentos de amor, de ternura, de compaixão, de esperança e de alegria. As manifestações primárias aos poucos são substituídas pela transcendência, e o si-mesmo participa da elaboração do próprio destino e das ocorrências que lhe trarão a conquista do infinito, nunca lhe permitindo retroceder ou permanecer em postura parasitária, inadequada ao processo da evolução.
A busca da plenitude revela-se como a máxima aspiração que deve tornar-se realidade. Mas, para consegui-la, é indispensáveis os instrumentos da vontade consciente e das necessidades prementes superando as injunções da sombra que segue ao lado da claridade mental.
A plenitude é a glória de ser-se o a que se está predestinado pela injunção da força criativa, independendo das coisas, mas resultante da essência de que cada um é único e deverá unir-se à inteligência cósmica, tornando-se consciente da realidade universal.
A plenitude dilui e absorve a sombra, fazendo desaparecer todas as marcas ancestrais que dificultavam o processo da autoiluminação.
Ao lado disso, proporciona a cura real das mazelas antigas arquivadas no insondável do ser, no seu corpo perispiritual, responsável por modelar as formas físicas e os equipamentos da sua fisiologia e da sua psicologia.
Recompondo o corpo emocional com a superação dos traumas, dos medos, da culpa, da ansiedade possível, traça novos mapas delineadores dos processos de desenvolvimento, expressando-se em harmonia e bem-estar conforme sejam alcançados os patamares elevados onde se encontra a sua destinação.
Assim, são vencidos os estresses, as desarmonias vibratórias, e facilitada a comunicação equilibrada de todas as células com as suas memórias ativadas, facultando a harmônica homeostase.
Embora desempenhando funções  diferentes, essas células no seu circuito perfeito no organismo trabalham em conjunto pelo todo, sem exaltação ou timidez, em razão do controle da mente sobre o corpo.
O ser humano faz tentativas para uma boa vida, compreendida como, acúmulo de bens e de conforto, que são exigências do ego, em prejuízo da vida boa e serena conforme aspira o self.
A busca, da transformação para melhor a cada instante é o hino de louvor e de gratidão à vida que se experimenta em consonância com a harmonia cósmica.
Nisso não ocorrem imediatas alterações importantes do ser, mas na maneira como vive, cada qual se mantendo na sua estrutura superior em contínua ascensão espiritual.
Diz-se que o mundo é o resultado de contrastes, que é verdade, pelo menos aparentemente. Mas, são esses contrastes que promovem o raciocínio, impulsionam as ações saudáveis, ajudam a desenvolver as faculdades sublimes do self, pois se fosse ao contrário, tudo igual, não teria motivação nem razão para lutar pelo numinoso, alcançando-se um final degenerativo, sem significado, sem objetivo, por desconhecer-se o outro lado da ocorrência evolutiva.
A responsável pelos desafios em seus muitos aspectos é sempre a natureza, que arranca o indivíduo do estado de entorpecimento para o levar ao de lucidez. Em tudo estarão presentes as duas faces: o claro e o escuro, o alto e o baixo, o yang e o yin, a tristeza e a alegria, o bem e o mal...
A oposição das forças no universo responde pela existência dele mesmo, assim ocorrendo de maneira equivalente no cosmo humano.
A sombra muitas vezes disfarça-se e dá a ilusão de que se pode ser essencialmente bom, nobremente generoso, completamente afetuoso, sem máculas nem problema emocional. Essa façanha escraviza muitas pessoas desatentas, atraindo-as para o fanatismo religioso, racial, desportivo ou de qualquer outra natureza, gerando graves distúrbios de conduta e recalques de sentimentos. É normal e saudável deixar-se vivenciar por uma raiva momentânea, por uma tristeza justificada, por uma reação ante a agressividade, não se permitindo, no entanto, transformar esses fenômenos emocionais em estado generalizado de comportamento. Esses transtornos procedem da obscuridade existente no ser que se vai libertando das imposições penosas para fruir o bem-estar, não importando a situação em que se encontre.
A sombra, não se constitui um adversário perverso, e sim um auxiliar no processo da autorrealização anelada, pois a vitória sobre a circunstancias, chamadas de aziagas às vezes, faz-se torna-se responsável pelo equilíbrio emocional.
Muito se teme cair em erro, quando é uma pessoa que aprendeu a discernir a verdade da impostura, a realidade da fantasia, a conquista da perda... Não houvesse essa dicotomia, essa possibilidade, o sentido existencial perderia o seu significado, porque tudo estaria pronto, terminado, levando ao tédio, ao desinteresse pela vida.
É preciso que o lado favorável de todas as ocorrências esteja à frente, após a sombra, em convite fascinante que será atendido no momento oportuno.
Quem não tropeça não avança, porque todo caminho traz dificuldades e isso só acontece a quem está de pé, indo adiante.
Nesse sentido, é necessário buscar a harmonia entre o que se é e o que se quer ser, evitando que a raiz das ocorrências esteja muito profunda, distante da sua capacidade de arrancá-la quando necessário.
O organismo sabe que precisa estar vivo e, para isso, os órgãos funcionam dentro dos vários seguimentos que se interligam, demonstrando o que se deve fazer em relação ao existir e ao universo, ao ter e ao ser...
A consciência vive um contínuo despertar, um natural estado de lucidez que capacita o indivíduo ao contínuo trabalho, ao enfrentamento das dificuldades, porque sabe da fatalidade evolutiva a que está ligada. Essa é a tarefa do self, mas conquistada por ele, formando um conjunto de apoio à individuação.
Embora se saiba da necessidade de compaixão com relação à sombra, uma  indiferença assalta muitos lutadores que temem o empreendimento por considerar impossível conseguir a vitória. Por outro lado, sentem certa melancolia, em razão do hábito de viver o paradoxo do bem e do mal-estar, ao qual se está vinculado.
A dor de certa forma, leva o ser humano a essa atitude, com o objetivo de libertá-lo da sua difícil aflição, influenciando-o a lutar com destemor, sem pressa nem receio de perda. Nunca se perde a batalha pela plenitude, porque toda conquista representa um tesouro que acumula tudo quanto já se possui emocionalmente.
Quando alguém percebe que necessita conscientizar a sombra em gratidão à vida, logo se esboroam os planos perversos de manutenção da ignorância de si-mesmo. Nesse cometimento, muitas vezes equivoca-se o pretendente à vitória, experimentando momentaneamente a predominância do oposto, ao tempo em que, conseguida a primeira etapa, as seguintes se tornam mais fáceis e edificantes, pelo prazer que experimenta em cada conquista.
Todo indivíduo normal tem alguns conflitos básicos, como segurança e insegurança, amor e ódio, medo e coragem, aceitação e rejeição, alegria e tristeza. Quando  vence um deles, surgem as perspectivas para a conquista do outro em contínuo esforço de autoaprimoramento.
Vivendo-se numa cultura de violência, de sexo desajustado, de drogadição, de transtornos psicológicos graves, as incertezas a respeito de tudo tornam-se naturais, constituindo a trilha que deverá ser vencida para a integração no conjunto dos que conquistaram a plenitude.
A gratidão pela vida em qualquer forma que se apresenta em cada indivíduo é o sublime desiderato a alcançar, pleno e feliz por viver.
Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, escrito pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Publicado dia 05/05/2015




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