INTEGRAÇÃO
MORAL
A parábola, envolvida por símbolos
arquetípicos ancestrais, é processo psicoterapêutico para os que vivem e sofrem
consequências da imaturidade psicológica,
e se encontram mergulhados nos muitos eus
em conflito.
Enquanto se desconhecem as
lutas e não se tem ideia das possibilidades de crescimento interior, passando entre costumes sistemáticos e improdutivos, as aspirações são limitadas,
não saindo das necessidades fisiológicas, dos processos da libido, das ambições
imediatas: comer, dormir, gozar e suas consequências fisiológicas...
Os
valores morais, embora em germe, continuam desconhecidos ou
propositalmente ignorados.
Aquele
que está perdido espera ser encontrado, quando o ideal é sair da
sua solidão na direção correta por onde necessita continuar.
É
comum a busca de Deus pelas criaturas contritas, que se sentem perdidas,
embora vivam a desintegração dos valores
morais, necessitando se
predispor a serem encontradas por Deus, caminhando na Sua direção.
Na
busca, existe uma ansiedade
e uma luta interior contínuas, na dificuldade de compreender o significado da
existência, como; o motivo dos apegos e sofrimentos, enquanto que, ascendendo-se
intimamente, liberam-se dos conflitos
e abrem-se para o entendimento dos acontecimentos e a necessidade de vivenciar
os diferentes períodos do processo de independência, para que não haja traumas,
inseguranças e insatisfações...
Todo
o processo deve ser acompanhado de amadurecimento psicológico, de
autocompreensão, de entrega consciente.
A
viagem interna, para colocar-se à disposição de Deus é confortável, porque silenciosa e
renovadora, enquanto que a busca externa, no vaivém dos desafios e das
incertezas, produz o prejuízo do
desconhecimento da escala dos valores éticos, assim como a dos significados
existenciais.
Quando
o Filho Pródigo se apresenta em
situação deplorável, rebaixando-se e submetendo-se ao pai, nele há uma grandeza
ética fascinante, que o torna elevado, que o dignifica, ao invés de quando parte, carregando muitos
valores amoedados e joias, porém, apequenado, porque vazio de objetivos
existenciais.
É
comum o indivíduo subestimar-se, acreditando que somente terá valor quando
possuir as coisas que brilham e que dão realce social, que
produzem destaque na comunidade e despertam ambições, invejas, ciúmes. Esse
conceito reveste-se do mito infantil de um paraíso fascinante e tedioso, diante
da árvore do Bem e do Mal, ameaçadora, insinuando que a descoberta da nudez
interior, da pequenez moral, dos medos sub-repticiamente disfarçados na
balbúrdia que faz em volta, a fim de não serem identificados, será um
terrível mal, porque o atira fora, obrigando-o a rumar para um país longínquo.
Nessa conduta, a
insatisfação sempre enche a taça repleta de prazer com o azedume e o tédio,
sorvendo sempre mais, e esvaziando-se muito mais, por falta de valores
edificantes e legítimos.
As
conquistas de fora não conseguem preencher as perdas interiores.
O
conflito é inevitável, porque somente quando se é capaz de viver conforme os
padrões nobres da solidariedade e do equilíbrio moral, a
saúde e o bem estar se instalam no comportamento humano.
Nesse encontro com o perdido
– o eixo ego-Self - ocorre uma grande alegria, quando o encontrado
que se permite integrar no grupo de onde se afastara, percebe que o pai misericordioso – o estado numinoso – sempre esteve ao seu alcance,
e a fissão psíquica era o inevitável
resultado do processo de busca para a aquisição da consciência.
Todos os indivíduos passam
por esse estágio, sendo-lhes necessário
proceder à integração.
Nessa fase inicial de despertar da consciência, não existem valores
éticos nem conceitos morais, exceto
aqueles que decorrem das necessidades
primitivas que ainda permanecem em a natureza humana.
O
amadurecimento psicológico lento e seguro propicia a descoberta desses tesouros
íntimos que direcionam o comportamento, ajudando a discernir
como viver-se saudavelmente ou de maneira tormentosa.
O
hábito arraigado de ser-se infeliz sob disfarces
múltiplos conspira contra a identificação dos valores morais e a conquista do si-mesmo.
Eis
porque a parábola do Pai misericordioso
é rica de possibilidades para a integração dos valores morais esparsos, até
ali sem significados reais, esquecidos ou em choques contínuos conforme os
interesses mesquinhos dos filhos...
Sem dúvida, na análise psicológica de cada indivíduo,
ele pode assumir, ora a personalidade do filho pródigo, noutro momento a do
irmão ciumento, raramente, porém, se encontrará integrado no genitor
compreensivo e dedicado, que reúne os dois filhos, ambos necessitados, sob o manto da bondade e da compreensão.
Essa
possibilidade, quase remota, por enquanto, pelo menos durante a fase de
ajustamento do demônio com o anjo interiores,
acontecerá quando o amor se despir do egotismo, e o símbolo de Eros assim como o de Cupido adquirirem a abrangência do sentimento
universal do amor que integra a criatura
ao Seu Criador e a torna irmã de todos os demais seres sencientes que existem.
O Pai compassivo libera não mais o Filho Pródigo, mas, os
filhos que se tornaram saudáveis, apoiados na compreensão dos seus deveres
diante a vida e a sociedade, contribuindo para o progresso geral.
Nessa
fase, toda a herança ancestral do primitivismo antropológico cede lugar à
consciência do si-mesmo,
proporcionando incontáveis bênçãos de que o ser tem carência, auxiliando-o na
conquista da sua plenitude.
Não
será mais necessária a morte orgânica para vivenciar o Nirvana ou penetrar no
Reino dos Céus, porquanto já os conduzirá no íntimo, como autorrealização e
tranquilidade.
A
doença, o sofrimento, a morte não o impressionam mais,
porque percebeu que esses acidentes do caminho são parte do processo de
crescimento, e, da mesma maneira que o diamante que reflete a luz da estrela, não permanecem nele as marcas do carvão
bruto que era antes da lapidação.
É necessário, compreender
que o Pai quer encontrar o filho perdido num
país longínquo como também deseja reabilitar aquele que se perdeu em si
mesmo, no país próximo-distante da afetividade doentia.
A integração dos valores
morais é consequência do esforço da consciência profunda em busca da integração
do ego imaturo, trazendo significado existencial, trabalhando para a harmonia
dos sentimentos e dos comportamentos.
“Jesus conhecia a psique humana em profundidade, os seus abismos, as
suas heranças, os seus equívocos, as suas incertezas, todos os seus
meandros, e porque identificava naqueles que O seguiam os tormentos que os
infelicitavam, apresentou na parábola do Filho
Pródigo o eficiente processo psicoterapêutico para as gerações do futuro,
de forma que, em todas as épocas porvindouras, o amor e a compaixão, libertando dos traumas e dos ressentimentos,
contribuíssem para a plenificação interior dos indivíduos.”
Do livro, Em Busca da Verdade,
ditado pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco.
Postado dia 11/09/2014
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