quarta-feira, 10 de setembro de 2014


 

A CONSCIÊNCIA DA GRATIDÃO

Conforme a psique desenvolve a consciência para superar os níveis primitivos inundado pela sombra, conquista a gratidão com mais facilidade.

A sombra, resultante do egoísmo junto a  interesses inferiores de que quer escamotear, escondendo-os no inconsciente, é a grande adversária do sentimento de gratulação. Querer aparentar o que ainda não conquistou bloqueado pelos hábitos doentios, projeta os conflitos nas outras pessoas, sem a compreensão necessária para confiar e servir. Utilisando-se dos outros, acredita que todos agem da mesma forma, cabendo a ele fruir o melhor quinhão, por ser impossível ampliar a generosidade, que traria o amadurecimento psicológico para a convivência social saudável, para desenvolver  os valores nobres do amor e da solidariedade.

A miopia emocional que vem da predominância da sombra no comportamento do homem dificulta-lhe a visão da harmonia que há na vida, desde os fenômenos mágicos  até os estéticos e fundamentais para a sobrevivência harmônica e feliz.

A sombra trabalha para o ego, com poucas exceções, quando se liga ao self, evitando  comunhão fora do seu círculo estreito  autopunitivo, porque se satisfaz em manter  sua vítima em permanente culpa, que busca esconder, sustentando, no seu interior, uma necessidade autodestrutiva, porque incapaz de enfrentar-se e resolver os seus mascarados enigmas.

As imperfeições morais que não foram modificadas pelo processo de sua diluição e substituição pelas conquistas éticas maltrata o ser, tornando-o refratário, ou hostil aos movimentos de libertação.

Como consequência não há no seu emocional, espaço para o louvor, o júbilo, a gratidão.

Satisfazem-se em mecanismos de fuga ou  transferência, de modo que fiquem em paz e aparente uma situação que não existe.

E assim, os conflitos vindos de outras encarnações e tornaram-se importantes parte do ego predominam no indivíduo inseguro e sofredor, que se esconde na autocompaixão ou na vingança, para chamar a atenção, receba compensação narcisista, aplauso, guardando suspeitas infundadas quanto à validade do que lhe é dado, por saber que não  merece de tais tributos...

Acumuladas e preservadas as sensações que se transformaram em emoções de suspeita e ira, descontentamento e amargura, projetam-nas nas demais pessoas, por não acreditar em lealdade, amor e abnegação.

Se alguém se dedica ao bem na comunidade, é considerado dissimulador, por ser essa a sua atitude (da sombra).

Se outro reparte alegria e solidariedade, a inveja que  lhe está arquivada no inconsciente denomina-o  bajulador e pusilânime, já que, por sua vez, não conseguiria desempenhar as mesmas tarefas com naturalidade. A falta de maturidade afetiva isola o individuo na amargura e autopunição.

 

Todos os seus impedimentos mascara e transfere para os outros, assumindo posição crítica impiedosa, puritanismo exagerado, buscando desconsiderar os bons comportamentos do próximo que lhe inspiram antipatia.

Age dessa forma porque a sua consciência é ainda adormecida, não estando habituada a expressão da fraternidade e da compreensão, que só se harmonizando com o grupo onde vive é que vai poder tornar-se plena.

Autoconscientizando-se da sua estrutura emocional pela compreensão do dever, que significa amadurecer, fará o parto libertador do ego, retirando dele as suas feridas, polindo as camadas externas como ocorre com o diamante bruto que esconde o brilho das estrelas que estão no seu interior.

Não é necessário combater, mas entender e amar, porque, no  processo antropológico, em determinado período, o que hoje são sombras contribuiu para que vencesse as adversidades  do meio ambiente, das expressões primarias da vida, por isso se transformou em um bem estruturado mecanismo de defesa.

Aperfeiçoá-lo, adotando novas condutas que o aprimorem, é respeitá-lo, ao mesmo tempo que se liberta das fixações perversas com relação à atualidade com aceitação de outras condições próprias ao nível de consciência lucida em cuja busca avança.

Conseguindo esse despertar de valores, é inevitável a saída da sua individualidade para a convivência com a coletividade, onde mais se aprimorará, aprendendo a conquistar emoções superiores que o enriquecerão de alegria e paz, deslumbrando-se com as bênçãos da vida que embelezam tudo, compreendendo em vez de reclamando sempre, pela impossibilidade de percebê-las.

A sombra desempenha papel fundamental na construção do ser, que a deve direcionar para o self condutor da luz da razão e do sentimento profundo de amor, decorrente da sua origem transpessoal de essência divina.

O ingrato, por seu atraso emocional, reclama de tudo, desde os fatores climáticos aos humanos de relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais, sempre com o instrumento da acusação, da autojustificação ou do mal-estar a que se agarra em mecanismo de fuga da realidade.

Nos níveis nobres de consciência de si e da cósmica, a gratidão envolve-se de alegria, e os sentimentos não se limitam ao eu, ao meu, amplia-se ao nós, a mim e você, a todos juntos.

A gratidão é a assinatura de Deus na Sua obra.

Quando se enraíza no sentimento humano conquista harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por brilhar como estrela na imensidão sideral...

Por extensão, aquele que é agradecido torna-se veiculo do sublime autógrafo, marcando a vida e a natureza com a presença d’Ele.

A consciência responsável age sem disfarce, diluindo a contaminação dos miasmas ( emanação fétida oriundas  de animais ou plantas) que se faz portador o inconsciente coletivo gerador de perturbações e instabilidade emocional, que produz  conflitos bélicos, de arrogância, de crimes seriais, de todo tipo de violência.

Quando o egoísta insensatamente aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações que arrastam a sociedade, só vê o lado mau e negativo do mundo, está exumando os seus sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem a coragem de externa-los, de dar-lhes campo livre no consciente.

Quando alguém combate a guerra, a pedofilia, a hediondez que se alastram em toda parte, apenas utilizando palavras desacompanhadas dos valores positivos para os eliminar do mundo, conhece-os bem no íntimo e propõe a imagem do salvador, quando deveria impor à consciência o labor de diluição, despreocupando-se com o exterior, sem lhes dar vitalidade emocional.

Além das palavras são os atos que devem ser considerados como recursos de dignificação humana.

A paz de fora começa na intimidade de cada ser.  Da mesma forma é a gratidão.  Ao invés do anseio de recebê-la, importa tornar-se-lhe o doador espontâneo e curar-se de todas as chagas, propiciando harmonia generalizada.

A vida sem gratidão é estéril e sem significado existencial.

Do livro Psicologia da Gratidão, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. Postado dia 10/09/2014.

Nenhum comentário: