quinta-feira, 11 de junho de 2020


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão
ENCONTRO COM O SELF

Jung definiu o self como representação do “objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece quer não.”

Capitaneado, pelo instinto, o self experimenta a sua injunção,- imposição - vivenciando uma transformação contínua e sublimante na direção da individuação, no desenvolvimento da personalidade, dizendo sim a si mesmo, considerando ser essa a mais importante das tarefas, consciente de tudo o que faz, mantendo-se atento às dubiedades.


Muitas vezes vivenciando a própria sombra, tem por finalidade principal ajudar ao ego na sua integração plena na vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.


Apesar da sombra gerar muitos conflitos, muitas vezes ela nos traz razões de alegria, relacionamentos felizes, motivações para viver, apresentando uma outra face contrária à sua constituição primitiva como arquétipo.


Na integração da anima com o animus, a fim de se conseguir a harmonia, a sombra contribui com uma boa parcela de entendimento das suas finalidades facultando que ambos vivam sem perturbação da persona. Sendo ela o resultado da repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vividos, emergindo do inconsciente e expressando-se muitas vezes de forma afligente.

Todos acreditam por exemplo, que o médico tem sempre a função de curar, e que para isso ele deve estar sempre preparado, às ordens. Fatores existem que o levam a mudanças dessa estrutura da persona, que o faz assumir também o comportamento de esposo e de cidadão e idealista com direito a outras atividades, significando essa alteração à presença da sombra que lhe emerge do inconsciente pessoal onde se encontram arquivadas, desde antes da concepção, heranças do inconsciente coletivo.


Numa análise contemporânea, à luz dos ensinos espíritas, esses arquivos do inconsciente coletivo são o resultado de vivencias que o espírito realizou em reencarnações transatas através dos tempos, conduzindo essas heranças impressas no seu períspirito (na consciência, enquanto as vivenciando no seu período próprio). Em razão disso, não se                estranhe que, se tornem rejeições da consciência, que as mantém estáticas e uniformes, esperando o momento para poderem expressar-se.


É certo que o espírito nasce com todas as informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos e tornando-se conscientes pelo self.


A imagem apresentada por Jung a respeito de inconsciente está bem fundamentada, ele o imaginava um iceberg, cuja parte visível são apenas 5% do seu volume  (consciência), estando os 95% de sua massa submersos (inconsciente). Assim se encontra a consciência no ser humano. Já no conceito de Freud, compara o inconsciente a um oceano,  e a consciência a uma casca de noz sobre ele.

Em realidade, os arquivos de todas as experiências pretéritas vivenciadas nas sucessivas experiências corporais é imenso, presentes no inconsciente e vão sendo revividas pela consciência, nos momentos dos grandes transes de sofrimento, nos estados alterados (de consciência) os estágios oníricos, quando são liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivê-los.

Em razão, desse imenso arsenal presente no inconsciente e que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam corpo, conduzindo as pessoas a conflitos de variada denominação.

Quantos pacientes que se apresentam resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações mais lamentáveis da vida socioeconômica em que se encontram!

Continuam, em tal situação exercendo os caracteres morais de existência anterior, quando se encontravam em posição relevante, no poder, no conforto, na dignidade, e hoje experimentam o oposto, contribuindo em favor do self harmônico, com o ego nele integrado, formando a unidade.

Também existem os que se apresentam soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos, ostentando recursos que realmente não possuem, (re) revivendo situações anteriores que não puderam ser dignamente cumpridas, e voltaram ao proscênio terrestre em provas e expiações rigorosas. Tal ocorre para se valorizar as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que invariavelmente são transformadas em sítios de escravidão para os quais o self  retorna sempre quando sob o açodar das recordações inconscientes.

Os muitos complexos de inferioridade ou de superioridade em que expressivo numero de pessoas estorcega, conseguindo disfarçar as mágoas da situação em que se encontram, projetando o que se demora no inconsciente, na difícil condição em que transitam no mundo, tem a sua origem nas condutas mantidas em existências anteriores que não souberam utilizar ou aplicaram de maneira ignominiosa.

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 11/06/2020.

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