GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão
ENCONTRO COM O SELF
Jung definiu o self como representação do “objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece quer não.”
Capitaneado,
pelo instinto, o self experimenta a
sua injunção,-
imposição - vivenciando uma
transformação contínua e sublimante na direção da individuação, no
desenvolvimento da personalidade, dizendo sim a si mesmo, considerando ser essa
a mais importante das tarefas, consciente de tudo o que faz, mantendo-se atento
às dubiedades.
Muitas
vezes vivenciando a própria sombra,
tem por finalidade principal ajudar ao ego na sua integração plena na
vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Apesar
da sombra gerar muitos conflitos, muitas
vezes ela nos traz razões de alegria, relacionamentos felizes, motivações para
viver, apresentando uma outra face contrária à sua constituição primitiva como arquétipo.
Na
integração da anima com o animus, a fim de se conseguir a harmonia,
a sombra contribui com uma boa parcela de entendimento das suas finalidades
facultando que ambos vivam sem perturbação da persona. Sendo ela o resultado da repressão de muitos sentimentos
que não puderam ser vividos, emergindo do inconsciente e expressando-se muitas
vezes de forma afligente.
Todos
acreditam por exemplo, que o médico tem sempre a função de curar, e que para isso
ele deve estar sempre preparado, às ordens. Fatores existem que o levam a
mudanças dessa estrutura da persona, que
o faz assumir também o comportamento de esposo e de cidadão e idealista com
direito a outras atividades, significando essa alteração à presença da sombra que lhe emerge do inconsciente pessoal onde se
encontram arquivadas, desde antes da concepção, heranças do inconsciente coletivo.
Numa
análise contemporânea, à luz dos ensinos espíritas, esses arquivos do
inconsciente coletivo são o resultado de vivencias que o espírito realizou em reencarnações
transatas através dos tempos, conduzindo essas heranças impressas no seu
períspirito (na consciência, enquanto as vivenciando no seu período próprio).
Em razão disso, não se estranhe que, se tornem rejeições da
consciência, que as mantém estáticas e uniformes, esperando o momento para
poderem expressar-se.
É
certo que o espírito nasce com todas as informações adormecidas, que vão
ressumando através dos tempos e tornando-se conscientes pelo self.
A imagem apresentada por Jung a respeito de inconsciente está bem
fundamentada, ele o imaginava um iceberg,
cuja parte visível são apenas 5% do
seu volume (consciência), estando os
95% de sua massa submersos (inconsciente). Assim se encontra a consciência no
ser humano. Já no conceito de Freud, compara o inconsciente a um oceano, e a consciência a uma casca de noz sobre ele.
Em realidade, os arquivos de todas as experiências pretéritas vivenciadas
nas sucessivas experiências corporais é imenso, presentes no inconsciente e vão
sendo revividas pela consciência, nos momentos dos grandes transes de
sofrimento, nos estados alterados (de consciência) os estágios oníricos, quando
são liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivê-los.
Em razão, desse imenso arsenal presente no inconsciente e que pode
flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam
corpo, conduzindo as pessoas a conflitos de variada denominação.
Quantos pacientes que se apresentam resignados na miséria, confiantes na
escassez, nobres e honestos nas situações mais lamentáveis da vida
socioeconômica em que se encontram!
Continuam, em tal situação exercendo os caracteres morais de existência
anterior, quando se encontravam em posição relevante, no poder, no conforto, na
dignidade, e hoje experimentam o oposto, contribuindo em favor do self harmônico, com o ego nele
integrado, formando a unidade.
Também existem os que se apresentam soberbos e malcriados na pobreza,
agressivos e raivosos, ostentando recursos que realmente não possuem, (re)
revivendo situações anteriores que não puderam ser dignamente cumpridas, e
voltaram ao proscênio terrestre em provas e expiações rigorosas. Tal ocorre para
se valorizar as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou
provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que
invariavelmente são transformadas em sítios de escravidão para os quais o self retorna sempre quando sob o açodar das recordações inconscientes.
Os muitos complexos de inferioridade ou de superioridade em que
expressivo numero de pessoas estorcega, conseguindo disfarçar as mágoas da situação
em que se encontram, projetando o que se demora no inconsciente, na difícil condição
em que transitam no mundo, tem a sua origem nas condutas mantidas em
existências anteriores que não souberam utilizar ou aplicaram de maneira
ignominiosa.
Divaldo Pereira Franco no livro,
Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 11/06/2020.
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