sábado, 23 de novembro de 2019


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão

A GRATIDÃO COMO SENTIDO MOTIVADOR DA EXISTENCIA

O ser humano é um conjunto eletrônico flexível administrado pela consciência. Sua harmonia ou desarmonia é o resultado da psique que o utiliza, a exteriorização do self, que armazena, através do psicossoma, as informações das experiências evolutivas, desde as primeiras manifestações de vida, gravadas no inconsciente profundo, remanescendo espontaneamente ou quando provocadas pela hipnose.

Nada se perde das vivencias que se iniciam nos automatismos biólogos e vão até as manifestações da transcendência espiritual.

O seu funcionamento é comandado pelos mecanismos automáticos do processo da evolução quando o self lucido passa a elaborar os conceitos do discernimento e da razão. Toda a harmonia dos equipamentos que funcionam conforme o estágio da evolução em que se encontram, cresce com os atos responsáveis, ou desorganizam-se pelo descuido e primitivismos que predominem no psíquico.

Todo esse desenvolvimento, há mais de dois bilhões e duzentos milhões de anos, desde a sua origem nas primeiras moléculas atraídas umas às outras pela lei das afinidades, são bênçãos, que estimula a inteligência e a emoção ao sentimento da gratidão, desde que percebe a grandeza inimaginável.


Sendo a maquina mais perfeita que a razão humana já contemplou,  copiando e tentando imitá-la pela robotização e outros mecanismos tecnológicos, que ficam sempre aquém da sua complexidade infinita...

E assim considerando ainda que com deficiências e até com disfunções, o corpo, é  oportunidade impar para o restabelecimento das peças estragadas pela invigilância daquele que o utiliza como possibilidade de autorreparação.

Como também, os belos conjuntos corporais, caracterizados pela beleza da harmonia das suas formas, é de grande responsabilidade para quem o utiliza transitoriamente, solicitando sérias reflexões daquele que se encontram, nas provas e expiações depuradoras...
Porque o futuro estará sempre relacionado em como será utilizado pelo Espírito que o comanda naquele momento.

A gratidão pela gloria de se encontrar naquele corpo deve ser expressa pelo respeito como ele é utilizado, pela maneira como é conduzido com o objetivo de preservá-lo saudável e forte para as situações inevitáveis no processo de crescimento para Deus. Embora toda a sua harmonia, uma picada de alfinete infectado pode trazer-lhe prejuízos muito sérios, uma emoção descontrolada é capaz de alterar o funcionamento, trazendo desajustes e transtornos físicos, emocionais e psíquicos de difícil recuperação.

A ignorância da imortalidade do ser, em revide aos sacrifícios que se impunham, na busca da sublimação dos instintos e desejos normais, cilícios e abstinências perversas, em revide às sensações de que se fazia objeto, manifestam-se, hoje, no culto das formas, na busca da aquisição do que é considerado ideal, que são programadas por personalidades nem sempre equilibradas emocionalmente e sexualmente, responsáveis por estabelecer os padrões de beleza que a mídia divulga e consome.

As cirurgias irresponsáveis, as lipoaspirações, os implantes e os transplantes de peças, os tratamentos levianos de preservação e de embelezamento, junto aos exercícios exagerados, das ginásticas de variadas significações, os cuidados alimentares que levam aos transtornos da anorexia e da bulimia tornaram-se fundamentais no campeonato da vaidade, sem preocupar-se com a mente e o comportamento moral, fundamentais, estes sim, pela indumentária carnal...

Como o tempo é imbatível e não deixa de avançar para a eternidade, calmamente impõe as suas marcas inexoráveis no funcionamento da maquina, que se altera e que imprime os hábitos viciosos, os conflitos interiores na argamassa celular, fazendo que os Deuses de um momento despertem expulsos do Olimpo onde estiveram por um dia, perdidos nos porões do Hades do desencanto e da amargura, para onde foram atirados...

Graças à evolução genética das formas físicas, podemos dizer que os biótipos atuais, após superar as experiências evolutivas, alcançaram um padrão de harmonia e beleza que indica a sua procedência, adquirindo mais equilíbrio estético em relação ao passado, com expectativas mais formosas para o futuro.

No entanto, Espíritos menos evoluídos podem utilizar-se dessa conquista e reencarnar-se com bela aparência, sem que os valores correspondam ao que se pode esperar daquilo que exteriorizam de forma agradável e atraente.

Mas os impulsos interiores, como os atavismos morais, levam-nos aos grupos primitivos de onde vem, fazendo-os reviver as situações e hábitos que já deviam ter superado.

Por isso, à educação cabe grande responsabilidade, para que sejam dissolvidas as construções morais viciosas, auxiliando na conquista de novos comportamentos que o ajudarão a libertar das fortes marcas que os caracterizam, possibilitando o treinamento de novos costumes, o anseio de aspirações mais elevadas, acima do imediato e fisiológico.

Nesse sentido, a dualidade amor e responsabilidade se dão as mãos para a sua edificação interior, trabalhando os condicionamentos antigos e instalando novas condutas que se transformarão em a natureza ética e social, guiando-os no empreendimento fabuloso da reencarnação.

Esse programa salutar, formado pela consciência do dever, estará sempre enriquecido dos valores espirituais que despertam para a realidade de cada um, apontando-lhe os rumos da individuação, que perseguirá como sentido existencial, agradecendo a oportunidade e bendizendo-a.

O apóstolo Paulo, na sua epístola aos Colossenses, no capítulo 3, versículo 16, exorta os discípulos, convidando-os a louvar “Deus com gratidão em seus corações.” Também, referira-se, noutra epístola, aos Coríntios, à sua gratidão pelos sofrimentos, pelas aflições que lhe chegavam por estar vinculado a Jesus.

Gratidão pelo sofrimento reparador, como gratidão pela alegria da fé iluminativa.

A gratidão nele habitava como sentido existencial, pois reconhecia que a dedicação ao ideal libertador do evangelho era uma benção, e que tudo no universo ocorre em troca de valores.

As dádivas fruídas são os frutos abundantes e opimos da sementeira produzida a suor e luta, mas com alegria feita de reconhecimento pela oportunidade de realizar algo de dignificante, não apenas para si mesmo, mas que pode transcender o ego na direção de outrem, da comunidade.

Sem esse entendimento, a vida humana não tem sentido, ficando no automatismo vegetativo, sem a significado psicológico enobrecedor.

Os fenômenos automáticos da nutrição, do repouso e da reprodução também são encontrados nos vegetais e nos outros animais da escala zoológica.

O ser humano que pensa tem deveres para com a vida, iniciando-a nas responsabilidades em relação a si mesmo, ao ato de viver e de sentir, de compreender e de amar...

Dessa maneira, a gratidão é também transcendência existencial, enriquecimento emocional e saúde comportamental, pela visão otimista que ultrapassa as barreiras do ego para se tornar motivador de plenitude.

Aquele que assim se comporta não apenas encontra o sentido, o significado existencial, mas a própria vida em toda a sua exuberância, sem a presença mórbida que é a sombra com as suas diversas máscaras, as bengalas psicológicas de fuga da responsabilidade que mantém o ser humano no estágio do primarismo do qual procede.

A evolução nele instala-se a partir do momento em que, discernindo entre o que aparenta e o que é realmente, permite-se insculpir  a consciência harmônica da responsabilidade moral proporcionadora da saúde integral.
Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 23/11/2019.

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