“GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS”
SIMPLICIDADE E PUREZA DE CORAÇÃO
A doutrina
de Jesus é toda prescrita com simplicidade e com amor.
A
renuncia aos bens terrenos é um dos seus fundamentos básicos, junto com a
transformação moral do indivíduo para
melhor, tornando-se exemplo de fraternidade e de honra.
O
instinto, porém, de preservação da vida humana, iludindo as pessoas frágeis de
sentimentos afetivos, impõe fixação nos valores materiais, como segurança,
muitas vezes com prejuízo da renovação interior e da libertação das paixões
primárias.
Como consequência,
desaparecem a simplicidade e a pureza de coração, que podem significar a irrestrita confiança em Deus e
na Sua misericórdia, que providenciam a beleza dos lírios e o alimento das aves,
e de todos os seres vivos...
É difícil
manter, a simplicidade em algumas situações mascarada por símbolos de
significados ambíguos, envolvendo o ser humano em complexidades que só o fazem
sofrer, afastando-o do foco essencial
que é a humildade real.
A
pureza de coração muitas vezes é misturada pela suspeita, pela insegurança
pessoal diante da vida.
Esses
fenômenos ocorreram com a mensagem do Mestre, que utilizou as mais simples
imagens para deixar permanente os Seus ensinos, como nas parábolas do semeador
e das sementes, das virgens loucas e das prudentes, do bom samaritano, do filho
pródigo, da figueira infrutífera, das
redes e dos peixes, das dracmas, do banquete de núpcias, da mesma forma tudo
que fazia o dia a dia dos seres humanos do Seu e de todos os tempos.
Suas
palavras, bordadas de poesia e musicadas pela partitura dos Seus exemplos, como
no Sermão das bem-aventuranças, no sermão profético, no dai
a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, no diálogo com Nicodemos, nas lições sobre a oração e a vigilância, os falsos profetas, entre
outras muitas, eram as que todos podiam entender, de que se utilizavam e
mantinham os relacionamentos.
Aos poucos
foram transformadas em complexa teologia de significados difíceis, complicados,
que somente os eruditos entendem, mas
nem sempre põem em prática, gerando problemas para as massas, os necessitados,
os aflitos, os ignorantes para os quais Ele veio...
Os Seus
feitos receberam adornos desnecessários, abrindo espaço a rituais embaraçosos,
que pedem treinamentos e são repetitivos, monótonos, bonitos para os olhos e
vazios de conteúdo para os sentimentos profundos, incapazes de sanear o íntimo
dos que os buscam entre tormentos e ansiedades sem nome.
Sempre
convivendo com os sofredores e os desprezados pelo mundo, Ele foi censurado
pela hipocrisia farisaica e pelo prazer supremo, no hedonismo dos dominadores,
dando lugar a condutas extravagantes de príncipes e de reis, de etiquetas e de
privilégios, distantes dos que tem fome e sede de justiça.
Exegeses
e leis diplomáticas muito complexas substituíram os Seus relatos e a lei de
amor, permitindo o predomínio da aparência e não à legitimidade do que é real e
próprio, entre os que dizem O representar e as multidões perturbadas, que vivem
sem condutores fieis e devotados que sigam à frente experimentando as
dificuldades e aplainando os caminhos que deverão ser percorridos...
Tudo
isso em Seu nome!
Quando
a dominação arbitrária tornou-se insuportável na Idade Média, veio Francisco,
Seu servidor devotado, inaugurando em Assis a proposta de renovação, a volta às
origens da simplicidade pelo exemplo, e do amor pela dedicação.
O hino
do Cantor de Deus comoveu o mundo, e as
pessoas pomposas que lhe aderiram ao chamado repetiram a epopeia dos inesquecíveis
dias em que Ele conviveu com os Seus...que somos todos nós.
Mas aos
poucos, ainda durante aquela vida de abnegação, os amigos frágeis, com saudades
da opulência, foram alterando as suas grandiosas lições, deixando-se arrastar
pelo intelecto vazio, que justificava a falência dos seus compromissos,
conseguindo exaurir o Trovador, que emurcheceu de angustia e de aflição no
silencio que se impôs, para evitar a fragmentação do imenso grupo que atraíra.
Depois da
sua morte, exaltaram-lhe o nome, santificaram-no, e alteraram completamente a
mensagem que ele trouxe e viveu, enriquecendo os santuários, os monastérios,
enquanto os pobres que ele tanto amava passaram a mendigar às suas portas,
quando ele então os punha para dentro como membros da família, não excluídos
como ainda permanecem...
Chega,
então, muitos séculos depois, o Consolador,
com a mesma filosofia do desapego aos recursos materiais, a atração pela
caridade e pela abnegação, havendo Allan Kardec, o Seu novo embaixador, vivido
com simplicidade, embora a sua grande cultura de que era portador, para que a
transformação moral para melhor fosse meta essencial do ser humano.
As
experiências científicas e as posições filosóficas do espiritismo trazem à
certeza da imortalidade e da transitoriedade da jornada humana, chamando com
segurança à reflexão dos tesouros mais valiosos a serem reunidos e trazendo o amor como solução para todos os
desafios existenciais.
Surgem
exageros, vindos do passado espiritual de alguns dos que se lhes vinculam aos
postulados, aparecem comentaristas de ocasião para complicar a simplicidade das
palavras da codificação espírita, surgem entusiastas que a declaram superadas
pelas vaidades e presunção da pobre cultura de que são portadores,
predominando, com algumas exceções compreensíveis, o ego ao invés do ser
integral, imortal, que busca a iluminação.
Cuida de
ti mesmo, com as tuas ambições e sofrimentos, que não devem se misturar aos conteúdos da doutrina que abraças e que te
serve de guia na passagem carnal.
Bloqueia
na mente os cânticos das sereias das
ilusões do oceano tumultuado em que te debates na frágil barca da fé e navega
em direção do porto seguro da autorrealização espiritual, do autoconhecimento,
do reino de Deus que te fascina...
Se não
consegues viver com simplicidade e pureza de coração, e necessitas de trombetas
para anunciarem os teus feitos, do aplauso para conceder-te estímulo, dos
elogios para atender-te as vaidades, estás completamente fora do caminho, entrando
no desvio que tem levado muitos aos abismos...
Volta à
simplicidade, à pureza e ao encantamento pela mensagem de Jesus hoje desvelada
pelo espiritismo e mantém-te saudável na fé sem presunção.
Aqueles
que O amam são fáceis de ser reconhecidos na coletividade humana, exatamente
por se amarem uns aos outros.
Se há litígios,
campeonatos de acusações reciprocas, comentários maldosos, esses que assim agem
estão trabalhando em favor das próprias necessidades emocionais e dos
conflitos, longe Daquele que é a solução.
Não te esqueças,
que são bem-aventurados os que tem puro o
coração, porque eles verão a Deus, assim como aqueles que são humildes de espírito, porque deles é o reino
dos céus, conforme as anotações de
Mateus, no seu capítulo V versículos 3 e 5.
E assim,
avança cantando o amor e sorrido de alegria com a ternura daqueles que são
simples e livres de complexidades e de egoísmo, mesmo que desprezado, acusado e
combatido, porque o teu compromisso é com Ele...
Texto
de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Ilumina-te. Trabalhado
e editado por Adáuria Azevedo Farias. 15/04/2018.
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