domingo, 15 de abril de 2018


“GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS”
SIMPLICIDADE E PUREZA DE CORAÇÃO

A doutrina de Jesus é toda prescrita com simplicidade e com amor.

A renuncia aos bens terrenos é um dos seus fundamentos básicos, junto com a transformação moral  do indivíduo para melhor, tornando-se exemplo de fraternidade e de honra.

O instinto, porém, de preservação da vida humana, iludindo as pessoas frágeis de sentimentos afetivos, impõe fixação nos valores materiais, como segurança, muitas vezes com prejuízo da renovação interior e da libertação das paixões primárias.

Como consequência, desaparecem a simplicidade e a pureza de coração, que podem significar a irrestrita confiança em Deus e na Sua misericórdia, que providenciam a beleza dos lírios e o alimento das aves, e de todos os seres vivos...

É difícil manter, a simplicidade em algumas situações mascarada por símbolos de significados ambíguos, envolvendo o ser humano em complexidades que só o fazem sofrer, afastando-o do foco essencial que é a humildade real.

A pureza de coração muitas vezes é misturada pela suspeita, pela insegurança pessoal diante da vida.

Esses fenômenos ocorreram com a mensagem do Mestre, que utilizou as mais simples imagens para deixar permanente os Seus ensinos, como nas parábolas do semeador e das sementes, das virgens loucas e das prudentes, do bom samaritano, do filho pródigo,  da figueira infrutífera, das redes e dos peixes, das dracmas, do banquete de núpcias, da mesma forma tudo que fazia o dia a dia dos seres humanos do Seu e de todos os tempos.

Suas palavras, bordadas de poesia e musicadas pela partitura dos Seus exemplos, como no Sermão das bem-aventuranças, no sermão profético,   no dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, no diálogo com Nicodemos, nas lições sobre a oração e a vigilância, os falsos profetas, entre outras muitas, eram as que todos podiam entender, de que se utilizavam e mantinham os relacionamentos.

Aos poucos foram transformadas em complexa teologia de significados difíceis, complicados, que somente os eruditos  entendem, mas nem sempre põem em prática, gerando problemas para as massas, os necessitados, os aflitos, os ignorantes para os quais Ele veio...

Os Seus feitos receberam adornos desnecessários, abrindo espaço a rituais embaraçosos, que pedem treinamentos e são repetitivos, monótonos, bonitos para os olhos e vazios de conteúdo para os sentimentos profundos, incapazes de sanear o íntimo dos que os buscam entre tormentos e ansiedades sem nome.

Sempre convivendo com os sofredores e os desprezados pelo mundo, Ele foi censurado pela hipocrisia farisaica e pelo prazer supremo, no hedonismo dos dominadores, dando lugar a condutas extravagantes de príncipes e de reis, de etiquetas e de privilégios, distantes dos que tem fome e sede de justiça.

Exegeses e leis diplomáticas muito complexas substituíram os Seus relatos e a lei de amor, permitindo o predomínio da aparência e não à legitimidade do que é real e próprio, entre os que dizem O representar e as multidões perturbadas, que vivem sem condutores fieis e devotados que sigam à frente experimentando as dificuldades e aplainando os caminhos que deverão ser percorridos...


Tudo isso em Seu nome!

Quando a dominação arbitrária tornou-se insuportável na Idade Média, veio Francisco, Seu servidor devotado, inaugurando em Assis a proposta de renovação, a volta às origens da simplicidade pelo exemplo, e do amor pela dedicação.

O hino do Cantor de Deus comoveu o mundo, e as pessoas pomposas que lhe aderiram ao chamado repetiram a epopeia dos inesquecíveis dias em que Ele conviveu com os Seus...que somos todos nós.

Mas aos poucos, ainda durante aquela vida de abnegação, os amigos frágeis, com saudades da opulência, foram alterando as suas grandiosas lições, deixando-se arrastar pelo intelecto vazio, que justificava a falência dos seus compromissos, conseguindo exaurir o Trovador,  que emurcheceu de angustia e de aflição no silencio que se impôs, para evitar a fragmentação do imenso grupo que atraíra.

Depois da sua morte, exaltaram-lhe o nome, santificaram-no, e alteraram completamente a mensagem que ele trouxe e viveu, enriquecendo os santuários, os monastérios, enquanto os pobres que ele tanto amava passaram a mendigar às suas portas, quando ele então os punha para dentro como membros da família, não excluídos como ainda permanecem...


Chega, então, muitos séculos depois, o Consolador, com a mesma filosofia do desapego aos recursos materiais, a atração pela caridade e pela abnegação, havendo Allan Kardec, o Seu novo embaixador, vivido com simplicidade, embora a sua grande cultura de que era portador, para que a transformação moral para melhor fosse meta essencial do ser humano.

As experiências científicas e as posições filosóficas do espiritismo trazem à certeza da imortalidade e da transitoriedade da jornada humana, chamando com segurança à reflexão dos tesouros mais valiosos a serem reunidos e trazendo o amor como solução para todos os desafios existenciais.

Surgem exageros, vindos do passado espiritual de alguns dos que se lhes vinculam aos postulados, aparecem comentaristas de ocasião para complicar a simplicidade das palavras da codificação espírita, surgem entusiastas que a declaram superadas pelas vaidades e presunção da pobre cultura de que são portadores, predominando, com algumas exceções compreensíveis, o ego ao invés do ser integral, imortal, que busca a iluminação.

Cuida de ti mesmo, com as tuas ambições e sofrimentos, que não devem se misturar  aos conteúdos da doutrina que abraças e que te serve de guia na passagem carnal.

Bloqueia na mente os cânticos das sereias das ilusões do oceano tumultuado em que te debates na frágil barca da fé e navega em direção do porto seguro da autorrealização espiritual, do autoconhecimento, do reino de Deus que te fascina...

Se não consegues viver com simplicidade e pureza de coração, e necessitas de trombetas para anunciarem os teus feitos, do aplauso para conceder-te estímulo, dos elogios para atender-te as vaidades, estás completamente fora do caminho, entrando no desvio que tem levado muitos aos abismos...


Volta à simplicidade, à pureza e ao encantamento pela mensagem de Jesus hoje desvelada pelo espiritismo e mantém-te saudável na fé sem presunção.

Aqueles que O amam são fáceis de ser reconhecidos na coletividade humana, exatamente por se amarem uns aos outros.

Se há litígios, campeonatos de acusações reciprocas, comentários maldosos, esses que assim agem estão trabalhando em favor das próprias necessidades emocionais e dos conflitos, longe Daquele que é a solução.


Não te esqueças, que são bem-aventurados os que tem puro o coração, porque eles verão a Deus, assim como aqueles que são humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus,  conforme as anotações de Mateus, no seu capítulo V versículos 3 e 5.

E assim, avança cantando o amor e sorrido de alegria com a ternura daqueles que são simples e livres de complexidades e de egoísmo, mesmo que desprezado, acusado e combatido, porque o teu compromisso é com Ele...
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Ilumina-te. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 15/04/2018.

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