“GRAVITANDO EM TORNO DE
DEUS”
em BUSCA da ILUMINAÇÃO
No cristianismo
primitivo, a fé era o elo que identificava a criatura renovada com Jesus.
Ninguém se recuava ao
martírio, e, em algumas momentos, buscavam-no alegres.
O holocausto era honra
não merecida, graças a ela não havia recusa à fidelidade nem recuo da renuncia.
Os raros casos, representavam
os vários caracteres que distinguem as criaturas humanas, e aos crentes ainda
não convencidos da alta magnitude da conversão, o direito de preservar o corpo,
fugindo ao testemunho ali exigido...
A lembrança daqueles
mártires impressiona, a coragem da aceitação do Mestre, muitas vezes nos
primeiros contatos com a fé libertadora, e sem muito tempo dedicado à reflexão.
É como se aguardassem a Sua mensagem que, quando percebida, diluía toda a
sombra da ignorância, permitindo o entendimento real do significado da vida na terra.
Ouvindo a palavra de
consolo e as expectativas a respeito do reino de Deus, os corações renovavam-se, e a vida,
antes sem valor, adquiria um sentido surpreendente, arrebatando o espírito e
renovando-o.
Como prisioneiros no corpo físico, ao tomarem
conhecimento do evangelho, quebravam as presas vigorosas ante as lições do
pensamento de Jesus.
O martírio era recebido
com louvor e júbilos, mesmo que a debilidade emocional às vezes gerasse pavor e
lágrimas, no abismo a que eram atiradas as vítimas da crueldade. O momento do
sacrifício era encarado como o instante em que se aureolavam de tudo quanto os sentimentos
nobres aguardavam, felicitando-os.
Ante essa desconhecida
energia que vitalizava os mártires, os seus algozes mais se enfureciam,
aplicando mais terríveis punições que, não, quebravam-lhes o ânimo. Pelo
contrário, quanto mais açoites e ódio, mais resignação e misericórdia mantinham
em relação aos malfeitores implacáveis. Essa relação de amor desequilibrava-os,
porque eles esperavam a presença do ódio a que estavam acostumados nas refregas
da inferioridade moral a que se entregavam.
Jesus, desde quando era
conhecido, mudava-lhes os conceitos da vida e o sentido psicológico da vida.
A aspiração da
independência do corpo, para fruir a liberdade total, fascinava-os e os levava
aos piores tipos de execução com o rosto iluminado pela esperança de plenitude.
Deixavam-se penetrar
pelas lições de amor ensinadas pelo Sublime Amigo e sentiam o suave e doce
encanto da paz que passavam a sentir, enchendo-se da alegria imortalista.
Jesus conquistava-os
plenamente, e eles deixavam-se conduzir pelo enlevo e encanto da Sua mensagem.
Quanto mais severas as
punições injustas, mais deslumbramento e dedicação dos que se Lhe afeiçoavam.
Foi esse estoicismo
invulgar, antes e depois nunca igualado, que inscreveu nas páginas da história
a presença indiscutível e inapagável de Jesus.
A fé cristã aderindo à
politica infeliz do império romano e com a formulação engessadora nos dogmas,
deixou de arder nos corações e de iluminar nas mentes, para transformar-se a
crença em entidade terrena poderosa, onde o poder tornava-se essencial em prejuízo
do amor sublime que a caracterizava.
Pela alteração dos
objetivos, a troca do reino dos céus pelas ilusões e glórias mentirosas de
César no mundo, o combustível poderoso da fé diminuiu e a convicção abrindo
lugar para as conveniências humanas.
Com algumas exceções,
que foram os mártires de todos os tempos, os discípulos de Jesus hoje, diferem
pouco dos que não o aceitam.
As perseguições, antes
sofridas, passaram a ser infligidas por eles mesmos aos outros, que se lhes opunham,
ante a fascinação das conquistas e louvaminhas humanas. A vida espiritual abriu
espaço ao luxo e a prepotência, à dominação e à arbitrariedade.
Quando enfraqueceu
quase totalmente ante os camartelos da ciência que a tem desprezado, diante do
comportamento dos que se diziam discípulos de Jesus, com poucos servidores
fiéis e abnegados, o vazio existencial tomou conta da sociedade, gerando
desequilíbrios e alucinações.
Nesse ambiente de dor e
de amargura, o Consolador chegou à
Terra e reacendeu a chama da verdade, arrancando-a dos dogmas ultramontanos e
reativando a pureza dos ensinos incomparáveis do Mártir do Gólgota...
Novas ações de amor
passaram a surgir nos grupos sociais chamados à reflexão pelos Espíritos
abnegados que voltaram ao mundo como estrelas apontando rumos e convidando à
caridade consoladora, que agora passa a despertar o interesse dos novos
discípulos do evangelho.
Mas, ante a força do
materialismo e do utilitarismo, a debandada de servidores da Terceira
Revelação, atirando-se às multidões do prazer e do gozar, é lamentável e
devastadora ocorrência não esperada.
Por mais sejam
demonstradas as faces nobres da imortalidade do Espírito, as conveniências
sociais e as vaidades humanas dominam aos que deveriam se dedicar à renovação e
ao trabalho de construção do mundo feliz.
Ninguém quer testemunho
nos dias de hoje, e ante a dor natural, o sofrimento de qualquer natureza, logo
se deseja solução mágica, com a interferência do sobrenatural, gerando uma
comunidade que seria privilegiada e diferente.
Qualquer afeição ao
sacrifício e à renuncia dos bens terrenos pela autoiluminação indispensável à
harmonia é rotulada de masoquismo ou de fuga psicológica da realidade.
Faltam esforços para
libertação dos vícios e das paixões soezes que vem perturbando o processo de
elevação, desde há muito permitindo condutas contrárias aos objetivos da reencarnação.
Ningém deseja dor, devedora
como é a criatura humana, prefere transferi-la para depois da morte ou para
futuros renascimentos, como se fosse possível evitar-se o processo de evolução por
comodidade.
A doutrina espírita, ensina
que os lances de provas e angustias são parte do mecanismo de reabilitação e
desenvolvimento intelecto-moral na busca pela libertação total.
A dor ainda é o recurso
abençoado de despertamento do ser humano que, meditando, encontra os melhores
métodos para a vitória sobre as paixões do ego.
Não te confundas,
quando chamado ao testemunho, nem lamentes a existência, diante dos sofrimentos
inevitáveis.
É indispensável a luta
interior pela tua transformação moral para melhor.
Resgatando hoje, o
amanhã surgirá cheio de bênçãos, e, desde agora, experimentarás especial energia
de paz, encorajando-te ao prosseguimento.
Fortalece-te na fé ante
a dor com a confiança em Deus, tomando
Jesus como o teu caminho para Ele, e não temas nunca!
Quando chegar o teu
momento de sofrer, alegra-te e avança em paz.
Agindo assim, já estás
com a alma iluminada pela sublime claridade do amor de Jesus...
Texto de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Ilumina-te, trabalhado e
editado por Adáuria Azevedo Farias. 01/08/2017.
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