AS
CONQUISTAS EXTERNAS
A evolução antropológica é um grande desafio da vida, trazendo mudanças nas formas e funções orgânicas, permitindo assim o
desenvolvimento das faculdades mentais até alcançar a área da inteligência e dos sentimentos. daí ser o
instinto, já uma inteligência embrionária, por
criar os condicionamentos que, mais tarde, a razão ampliará até possibilitar entendimento da compreensão dos conceitos sutis e das abstrações ...
A necessidade da sobrevivência desenvolveu os instintos agressivos que
predominaram no ser humano por milênios e, quando atingiu o limiar da razão e o seu estabelecimento na intimidade do Espírito, aquelas
heranças continuaram dominantes no comportamento. A libertação lenta do
primarismo e a aspiração do belo e do nobre, o deotropismo se vêm impondo, podendo hoje a consciência administrar os impulsos violentos, orientando para as ações das edificações,
sem traumas nem conflitos.
Nada
obstante, o individualismo, filho do materialismo, que
se rebelou contra as imposições do religiosismo exterior, sem
significados internos, expressa-se, hoje, como uma incompleta
autorrealização, levando o individuo a ter, a destacar-se, a conseguir o que quer de qualquer forma, tornando-se consumista insaciável e inquieto.
Diante desse instalado pós-modernismo, atribuiu-se à ciência valores e
significados quase divinos, parecendo incorruptível e insuperável, ao tempo em
que as referencias pessoais nos relacionamentos que não se aprofundam,
mantendo-se sempre na superficialidade, tornam as afeiçoes descartáveis, como
tudo que se compra na sede de ter.
Os
afetos são ligeiros e medrosos, oportunistas e descomprometidos, cada um com
medo de ser dominado pelo outro, evitando submeter-se, o que fica caracterizado como pequenez, falta de personalidade, risco de perda, quando se
estabelece a dependência...
A confusão entre afetividade e interesse sexual, amor e
compensações sentimentais, é responsável pelo desinteresse do convívio fraternal saudável, sem interesses subalternos, deixando-se que a sombra domine os espaços do ego, enquanto isso não se abrem as
possibilidades psicológicas do Self para
a realidade.
As
artes, tem expressado o estagio evolutivo, politico, comportamental
da sociedade, e de beleza, hoje, são agressivas e sem propostas elevadas em muitas
áreas, expressando apenas os conflitos, as
aspirações doentias, a revolta e os desânimos dos seus portadores. A música, por
exemplo, descendo do pedestal das musas, enveredou pela contracultura, pela ironia, a perversão moral, o deboche, a agressividade, o duplo
sentido com destaque para o pejorativo, como se o ser humano devesse sempre
reagir, mesmo quando pode agir, deixar-se cair no desespero, quando
poderia aspirar pela alegria real de viver, modificando o status quo e contribuindo para um mundo melhor, onde seja possível a
vida expressar-se em harmonia e grandeza.
Os governantes da Terra, aturdidos, impossibilitados de conduzir os povos, por se encontrarem perdidos na burocracia e nos
interesses partidários, demonstram não saber
o que fazer nem como faze-lo. Permitindo a desorientação das massas, a sua
revolta contínua, esquecidos das responsabilidades não cumpridas apresentadas nos seus programas eleitoreiros enganando o povo
desorientado.
Surgem revoltas, revoluções, amolentamento do caráter e perda da moral, com
reações em cadeia, cada vez mais violentas e ameaçadoras, porque os limites da
ordem e do respeito foram superados pelo não limite da rebeldia.
Os
esportes, oportunidades de catarses
coletivas, competições saudáveis, alegrias e entusiasmo coletivo, transformaram-se
em fontes mafiosas de domínio e de conquistas financeiras, construindo deuses
frágeis que logo caem do pedestal, tornando-se campo de batalha pelas
torcidas ferozes que digladiam com frequência em contínuos espetáculos
deprimentes que acabam com a morte de alguns dos seus fanáticos...
O
desrespeito pelos valores internos do ser humano propõe a importância das conquistas exteriores, tornando-o avaro e pretensioso.
A
falta de concentração das pessoas em questões importantes do ser interior tem
contribuído para a futilidade e o desconhecimento da própria
realidade, crendo que a vida é um passeio pelo país
da pressa dourada, onde tudo é muito rápido, dificultando a reflexão e o
encontro com a consciência, com o Si-mesmo. Essa sombra teimosa consegue
separá-las do eu divino que há no
íntimo e de que se constitui, é preciso transmudar esse material
inferior num processo alquímico emocional, para aí encontrar o
significado existencial.
Trazer em mente a presença da sombra, para vencê-la, é necessidade psicológica urgente, como nos contos de fadas, nos mitos, possibilitando a liberação do ser oculto, misteriosamente transformado
pela magia da ignorância (A bela e a fera, O príncipe sapo, Branca de neve, A
bela adormecida etc.)
Com
essa compreensão, fica claro que não adiantam as lutas externas, os
combates contra os outros, a ânsia de superar competidores, o desejo de ultrapassar os demais, por insegurança pessoal, permitindo-se encontrar e
viver-se o sentido da vida. Ninguém pode ser saudável sem a integração da fé religiosa com a razão numa harmonia que estimule a continuação dos enfrentamentos inevitáveis do dia-a-dia, conquistando confiança nos
momentos difíceis e renovando a coragem ante a ameaça de desanimo. Esse sentido
da vida não se consegue pelos hábitos externos, mas sim, construindo de forma subjetiva, idealista, interior, pelo enriquecimento das
aspirações que engrandecem a existência. Não se vive sem o sentimento dos conceitos eternos, que dão dignidade à
criatura humana, trazendo ética e moralidade sedo-se fiel aos
objetivos existenciais.
Descobre-se então que os conflitos, as aflições das posses e
o medo de perde-las são fenômenos pessoais interiores da própria insegurança,
levando a transtornos de comportamento e a distúrbios orgânicos repetitivos.
A
legítima psicoterapia leva o indivíduo a redescobrir a sua
realidade, a sua origem espiritual, a finalidade existencial, o seu futuro
imortal que se lhe transformam em bases de segurança para as lutas
contínuas, evitando projetar os seus conflitos nos outros, assumindo a culpa
e libertando-a do inconsciente onde vem trazendo sombra e desconforto.
Quando
Jesus diz ser preciso tomar a sua cruz e seguí-lO, está propondo a
conquista da autoconsciência, a definição e determinação para assumir as próprias
responsabilidades, ao invés de ficar perdido buscando como
encontrar o melhor processo para o equilíbrio, que não se expressa em formas
exteriores ou nas fugas de transferência de responsabilidades, ou em prazeres que se extinguem, por mais durem...
A
psique precisa de apoio transcendente que possibilitem elementos
dignificadores, na realidade onde todos estão mergulhados, escolhendo os mais conformes com as aspirações e de possíveis execução.
Todos
dependem de Deus, porque, estamos mergulhados em Deus, portanto é preciso reconhecê-lO em nós, para que O manifestemos no
comportamento emocional e nas ações sociais, familiares, espirituais...
Quando perguntaram a Jung se ele acreditava em Deus, respondeu com humildade e sabedoria,
que não precisava crer, dizendo: - Eu
sei, não preciso acreditar...
Há uma batalha na definição de Deus atribuindo-Lhe apenas caráter religioso, limitando-Lhe a grandeza, o que falta aos que pensam e
se libertaram das crenças ligeiras, negá-lO, porque a sua visão é mais ampla e
abrangente do que a limitada proposição do fanatismo religioso. Se for
considerado como a vida, por exemplo, passa a existir naquele que O imagina,
porquanto a Sua realidade só pode ser aceita pela consciência depois que
se começa a concebê-lO.
Sem
um valor maior, que mereça investimento, ninguém vai à luta, ao
sacrifício, porque tudo que é superficial perde o sentido rápido. É como algumas metas humanas, que são imediatas, como conseguir coisas, posses, juntar fortuna, conviver com pessoas, e quando alcança, atingindo o
objetivo, surgem as frustrações e os desencantos.
Há
pais que educam os filhos, colocando neles todas as suas
aspirações e insatisfações, esperando compensação quando forem adultos. Quando isso ocorre, e os filhos são chamados a
seguir a sua vida, eles sofrem, setem-se abandonados, tem depressões, perdem o sentido existencial...
O
Significado da vida não é esse compromisso breve da existência.
Ocorre o mesmo com o trabalho, com a carreira profissional, com as
aspirações políticas e culturais, artísticas e religiosas... Alcançando o
patamar programado, a falta de nível mais elevado leva ao tédio, ao
desinteresse, à perda de sentido da vida...
Isto
porque a educação infantil é feita de ilusões que escravizam que se transformam
em metas principais, tornando-se uma proposta neurótica e sem significado. Descobrir o destino e trabalhá-lo, programar essa fatalidade
honorável e saudável é o objetivo da vida, aquele que traz a saúde
integral, porque não é conquistado de um para outro momento, não se reduz a encantos passageiros, não é monótono, sendo sempre colocado um passo à
frente.
Conforme a religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo ser
espiritual também sofreu como uma atrofia emocional, deixando que cada um escolha, no momento preciso, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse possível deixar se contaminar de alguma doença para
depois expor-se aos perigos que a mesma traz.
A
criança deve sentir o valor da família, compreender o que significa esse pequeno grupo
social, para poder conviver com a outra, a social e ampla,
com ideias religiosos liberais e enriquecedores, amadurecendo psicologicamente com segurança e respeito pela vida.
Uma
visão infantil bem trabalhada pelos pais e educadores permanecerá
conduzindo-lhe a vida toda. Os diferentes símbolos de cada
fase etária serão decodificados e transformados com naturalidade sem choques
nem perdas, substituídos por outros mais oportunos e significativos, que
abrirão espaço para o encontro com a realidade existencial sem fantasmas nem bichos papões.
Os
mitos pessoais, as fantasias, os complexos e os sonhos não realizados quando se
expressam naturalmente, são superados pelas conquistas da compreensão e da
razão, da contribuição da psique, unindo as duas fissões numa só significação.
texto trabalhado do livro Em Busca da Verdade, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Joanna de Ângelis. dia 20/11/2015
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