quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A GRATIDÃO COMO RECURSO PARA A AQUISIÇÃO DA PAZ,
Os usos heranças do processo antropossociopsicológico encontram-se no ser humano com a força de velhos hábitos,  predominando os instintos agressivo-defensivos, que castra as aspirações nobres e dificulta as atitudes novas, conduzidas pela razão, pelo sentimento, pelo ideal de servir e dignificar a sociedade.
A ingratidão destaca-se, como primarismo do comportamento, que ainda na fase do egocentrismo, não valoriza a contribuição das  pessoas, crendo-se merecedor de todos os serviços, sem obrigação retributiva ou, ao menos,  de respeito pelo outro.
A sombra é arquétipo que domina a conduta nessa fase da evolução psicológica do ser humano.
O predomínio do instinto de conservação da vida modela o caráter humano de forma que sempre coloca o indivíduo em atitude defensiva, armando-o contra tudo e todos, ainda que alguém se proponha a auxiliar.
Crendo que todas as pessoas são exploradoras, interesseiras, incapazes de afeto legítimo,   disfarçado ou não, para se aproveitar de todos os esforços empregados. Mesmo que os fatos mostrem o contrário, existe uma insegurança afetiva muito forte nesse indivíduo, que o faz considerar os demais conforme os seus  padrões de conduta, incapaz de ser útil, de auxiliar sem colher os frutos  desse procedimento.
À medida que desenvolve o self e diminui a predomínio do ego, que compreende melhor a finalidade da existência terrestre, amplia-se a capacidade de sentir amizade, de corresponder às expectativas, de contribuir pelo bem-estar alheio, que sempre redunda em satisfação pessoal, embora não seja esse o objetivo imediato.
Qualquer atitude dignificante em um grupo social inicialmente é benéfica a quem o assume.
Como, toda vez que alguém coloca obstáculo ao processo de crescimento da sociedade, sofre o seu estreitamento inevitável, aprisionando-se na prepotência.
Como consequência desses diferentes estágios evolutivos, surgiram os dominadores dos outros, os ditadores impiedosos, as classes poderosas  consequentes do status econômico, os presunçosos que se acreditam superiores, iludidos pelo conceito de raça ou de etnia em que renasceram no corpo, da astúcia que é uma herança do instinto felino e não efeito da inteligência ...
Allan Kardec estuda esse comportamento no livro Obras póstumas, no capítulo “As aristocracias”, analisando os níveis ou alternativas da humanidade com relação ao espiritismo, que oferece os recursos da iluminação, da integração no eixo ego-self como indispensável para a harmonia pessoal, o reconhecimento amoroso à vida por tudo que possui e frui, a infinita gratidão pela honra da existência terrena.
A verdadeira aristocracia refere-se o  Codificador, é de natureza intelecto-moral, na qual a inteligência e o sentimento unem-se, dando lugar à sabedoria, à libertação das paixões primarias, à superação das heranças negativas e dos atavismos perturbadores.
O velho conceito de aristocrata, pelo sangue, pelos títulos nobiliárquicos adquiridos por meios nem sempre dignificantes, que caracterizaram o passado da sociedade, trazendo os privilégios dos descalabros e o direito divino dos reis, como se não fossem constituídos pela mesma argamassa dos camponeses e do poviléu, sempre detestados pelos iludidos terrestres, está em decadência total.
Encontramo-los em todas as épocas da História, desde as classes sociais da Índia, no passado, e talvez no presente, embora não legais, mais sempre infelizmente morais, aos faraós egípcios... e mesmo os chefes tribais, nem sempre valorosos e dignos para exercerem o mandato de comando do grupo étnico ou do país sob o seu governo.
As religiões aproveitaram-se das circunstâncias e criaram também as suas aristocracias privilegiadas pelo poder temporal em nome da fé que deve estar acima das questões da vaidade humana...
Na interpretação dos ensinos religiosos, os indivíduos investidos das chamadas responsabilidades pelo rebanho adaptam a mensagem, tirando a essência superior e apresentando as próprias paixões que transferem para Deus. Com tal mecanismo de temor submetem os crédulos ao seu comando, dominando-os mantendo os menos evoluídos na revolta ou no egoísmo.
Se apresentassem o amor de que se revestem todas as doutrinas religiosas, mais fácil livrariam os presos do primarismo, conduzindo-os a iluminação.
Jesus a todos convocou com os mesmos direitos e os mesmos deveres, dando oportunidade de trabalho e de evolução aos  diferentes seguimentos sociais, sendo respeitoso aos poderosos do seu tempo, que o buscavam, como a ralé, a qual preferia por motivo da sua missão iluminativa e libertadora.
O progresso moral vem diminuindo esse perverso comportamento, anulando o poder das classes dominadoras por circunstancias adversas e ancestrais, abrindo espaço para os direitos humanos, ampliando as possibilidades de igualdade entre todas as pessoas, pouco importando as posses, a hereditariedade, mas valorizando as suas qualidades de inteligência e de sentimento, as suas conquistas morais que os destacam no cenário.
Por causa do processo evolutivo que é inevitável, essas heranças abriram espaço à outras mais nobres que as sucederam e que, se manifestarão com a força ética da solidariedade e do amor entre todos os seres, incluindo a natureza.
Apesar do fenômeno ininterrupto do progresso, muitos indivíduos tentam resistir aos seus impositivos, escolhendo a condição de infelizes, em razão da sombra que os submete aos caprichos da inferioridade.
Mas a Divindade dispõe de mecanismos que se impõem favoravelmente ao desenvolvimento das faculdades morais do ser, através das expiações em que liberam o mal estar que os asfixiam na inferioridade, sem perderem as conquistas das experiências vividas.
O processo de crescimento em relação à  plenitude é inadiável e ninguém foge, por fazer parte dos instrumentos universais do amor divino.
Serão demonstrativos da sua presença, os  primeiros sinais de compaixão e  ternura, de amizade desinteressada e desejo de retribuição, pelo menos do que se consegue. A solidariedade é a maneira de expressar alegria de viver e de desenvolver os relacionamentos que edificam os sentimentos ou os despertam quando se encontram adormecidos.
A gratidão é a impressão digital do desenvolvimento intelecto-moral do Espírito, que se liberta das heranças afligentes.

Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 07/10/2013, 

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