domingo, 23 de agosto de 2015

RENDENDO-SE À GRATIDÃO

Enquanto o exercício da gratidão não for natural, espalhando-se generoso, a maturidade psicológica do indivíduo ainda não atingiu o objetivo a que deve alcançar.
Considerando que é preciso consegui-lo pelo esforço moral bem dirigido, o indivíduo aflige-se nos conflitos existenciais, valorizando as reações e comportamentos negativos do convívio social.
Faltar a gratidão na agenda emocional mostra o primarismo evolutivo, a ingratidão é inferioridade moral pedindo terapêutica especifica e cuidadosa, por se comportar como doenças que consomem o ser humano.
O ingrato é ansioso, com baixo nível de autoestima, medo dos enfrentamentos, conduzindo complexo de inferioridade.
Se é homenageado ou apontado por afeições sinceras, ou mimoseado com algo, sofre e, interiormente soberbo, cala o sentimento gratulatório, demonstrando o transtorno sistêmico que o aflige. Outras vezes sente mágoa ou desconforto emocional acreditando-se credor de mais consideração, enquanto inconscientemente ele inveja o outro, o ser generoso e amigo que o busca dignificar.
Suspeita da lealdade de qualquer amizade, buscando motivos falsos para justificar-se, pela falta de mérito que reconhece conscientemente, em paradoxo da conduta emocional.
Esconde-se numa aparência que disfarça os sentimentos, bloqueando as vias do relacionamento, mantendo atitudes agressivas e medrosas com que afasta as pessoas do seu circulo de amizade, já bem pequeno. Satisfazendo-se na solidão até que, supervalorizando-se, faz-se falante, importante, chamando a atenção para os seus títulos de destaque, após cuja catarse glamourosa volta ao mutismo, à conduta desagradável.
Em outras situações é gentil com os estranhos querendo conquistá-los com uma imagem bem projetada, e rude, quando o objetivo é alcançado.
Esses pacientes são encantadores fora do lar e  verdugos domésticos de difícil convivência.
A sombra neles predomina e asfixia as manifestações do self mantendo-se como vítimas da sociedade, dos indivíduos, incompreendidos.
A gratidão é sentimento nobre que vem das profundas nascentes da psique.
As decisões que dignificam o ser humano e a vida, vem do psiquismo – o selfe são captadas pelo córtex posteromedial que transmite a mensagem por redes neuronais, incumbidas de atender o impulso original, transformando aquelas decisões em emoções de prazer, de felicidade.
Em poucos segundos atingem o ápice em relação às outras emoções que se expressam mais rapidamente na organização fisiológica.
Por isso, as emoções vindas da gratidão são de bem-estar, de alegria, compensando as despesas energéticas decorrentes das neurotransmissões com ondas menos harmoniosas e benéficas.
O hábito de ser grato, pela repetição, equilibra as descargas de adrenalina e de noradrenalina, ao tempo em que o cortisol mantém o controle dessas substancias químicas neutralizando os excessos que poderiam ocorrer, produzindo em consequência alterações glicêmicas, do ritmo cardíaco... como ocorre com as emoções inferiores como a ira, o medo, a ansiedade, a mágoa...
Fazendo reflexões sinceras o indivíduo pode render-se à gratidão, evitando condutas agressivas e atitudes mentais pessimistas.
Nessa análise, descobre-se o quanto se tem de reconhecimento e o pouco de que se necessita para uma vida plena.
O essencial está sempre ao alcance do ser em evolução, enquanto o secundário é o resultado de ambição egoica sem medida.
Com esse enfoque percebe-se certas faltas e carências valorizadas, produzindo sofrimento, pela falta de entendimento da sua finalidade. Com suas enfermidades, acontecimentos malsucedidos, fenômenos chamados de aziagos que são parte do processo de crescimento moral e espiritual, consequentes das ações do passado que os originaram.
Às vezes, uma decepção com alguém querido, ao invés de ser um mal transforma-se em bem, porque o outro mostra-se, com melhor possibilidade de o entender além da sombra em que se oculta.
Insucessos de um momento, bem administrados, transformam-se em lições de profunda sabedoria, libertando o ego da sua situação afligente.
Tudo, que ocorre, mesmo que produza sensações desagradáveis ou emoções desconcertantes, são parte das experiências que promovem o ser humano, desde que compreenda a sua finalidade, expressando gratidão por sua ocorrência. Não somente o que traz prazer e sucesso merece gratulação, até porque a sua passagem é rápida,  como a insatisfação e o momentâneo mal-estar...
A compreensão de que tudo tem um sentido moral e um significado psicológico importante proporciona harmonia íntima, trabalhando pela superação de como se encontra, para se alcançar a plenitude.
Muitas existências aquinhoadas por tesouros, como equilíbrio orgânico e saúde, beleza, prestígio social e recursos econômicos, sofrem pelo excesso, caindo no tédio, nas fugas psicológicas levando à quedas morais esses privilegiados.
Deparam-se, em consequência, duas posturas: a que se caracteriza pela carência, pelo sofrimento, pela falta de vitórias materiais, que proporcionam alegria quando bem administrados, e a outra cheia de valores preciosos mas sem significado...
É Indispensável, a entrega irrestrita à gratidão, à vivencia da alegria de aprender, à conquista da saúde integral a caminho da individuação, a perfeita integração do eixo ego-self.
A psicologia da gratidão abre-se, num elenco de excelentes recursos que proporciona a felicidade do ser humano.
Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, autor espirito Joanna de Ângelis, psicografia Joanna de Ângelis. 23/08/2015


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