sábado, 2 de março de 2013

Os núcleos instintuais, a criança e o adulto

Joanna de Angelis fala do animal ainda presente no âmago do nosso Ser, as estruturas arcaicas, resíduos ainda vivos da nossa caminhada até onde estamos na atualidade. A garra, com suas extremidades que parecem punhais afiados capazes de cortar e dilacerar a carne, durante o longo trabalho realizado pela evolução cedeu lugar, paulatinamene, à mão, que com os dedos é capaz de agarrar, mas também de acariciar. 

Diz Pontes de Miranda, que a “mão” foi a “garra” que fez mais do que propulsar, impulsionar, prender e apreender. Segura com os dedos e com a palma, ajeita, acaricia, altera. Serve ao trabalho, à produção, à mudança da face da terra, ao aperfeiçoamento. E sem poder ocultar na biologia, que é filha da garra, prestou-se também ao manejo das armas e à melhora delas.
Ainda estamos nos conscientizando de nossas características animais, que se expressa, pelos instintos e impulsos, que quando se manifestam em nosso comportamento nos sentimos chocados e até pensamos, tentando nos iludir: “isso não sou eu”.
Essa parte primitiva do nosso ser se conjuga com estruturas não desenvolvidas de nossa personalidade, bloqueadas no seu desenvolvimento por situações vividas, sentidas e ou imaginadas pela criança ou pelo ser, enquanto feto, no útero, nos primeiros anos da sua interação com o ambiente e seus integrantes, principalmente pai e mãe.
É a mãe que inicialmente acolhe o ser que retorna. O pai entra com mais ênfase um pouco depois, sem querer dizer, com isso, que ele não esteja presente desde o início. Como o amor não é pleno ou amadurecido, mas o que é possível, promove distorções de diferentes intensidades, gerando matrizes que alicerçam o desenvolvimento da personalidade. Essas matrizes servem de transdutores de energias psicoespirituais mais profundas, que passam a se expressar pelo conjunto de características e atributos que compõem a nova personalidade.
Quantas vezes o adulto é movido pela criança mal resolvida em determinados comportamentos e relacionamentos? Quantas vezes o adulto é substituído pela criança magoada, ofendida e raivosa? Quantas vezes o animal se une com a criança raivosa apoderando-se do adulto, que se mostra incapaz de contê-los, por não se conhecer? Quantas vezes questões não resolvidas de vidas passadas se junta a essas estruturas, transbordando pelas áreas do pensamento, do sentimento e gerando comportamentos que trazem sofrimento para quem o experimenta? Quando não geram distorções tão graves que são enquadradas na psicopatologia.
 

Alguns relatos

"Em 1982, fui a um hospital psiquiátrico, a pedido de uma colega psiquiatra, para ver uma garota de 17 anos, que estava internada há cinco meses sem melhora. Quando vi a moça pensei que fosse alguém nascido com deficiência mental, tal a sua condição.

Perambulava pelo quarto, meio arqueada, grunhindo e fazendo necessidades fisiológicas enquanto caminhava. Não sentava à mesa, e se alimentava levando porções à boca, com as mãos. Só pela aparência se notava que era um ser humano. O olhar chamou minha atenção: não tinha brilho...era opaco. Ela não parecia me ver. Parecia que sua parte mais primitiva tinha sido trazida à tona, por forças incompreensíveis. Parecia impossível qualquer contato com ela, pois além de não falar, não dava mostras de entender o que lhe era dito nem demonstrava interesse pelos circunstantes. Parecia um “animal” perdido no tempo e espaço de sua mente.

Fiquei tão impressionado que perguntei se ela era assim desde pequena. A psiquiatra disse que até um ano atrás ela parecia uma garota como outra. Frequentava a escola, era estudiosa, de boa convivência, inteligente, até sofrer  primeira crise, que a deixou desconfiada, acreditando-se perseguida, ouvindo vozes e falando sozinha como se conversasse ou brigasse com alguém invisível. Com o tratamento melhorou um pouco dessa crise, mas permaneceu retraída e cismada. Pouco tempo depois piorou novamente e, desde aí, não parou de regredir, deteriorando-se cada vez mais, até chegar à condição atual. 

Minha colega me disse: “Já tentamos de tudo, inclusive, duas séries de eletrochoques, e não observamos nenhum resultado. Às vezes, tenho a impressão de que ela parece tentar reagir a alguém, por isso lhe pedi para vir aqui. Veja se vocês lá no centro espirita podem ajudá-la de alguma forma...”

Os amigos da instituição espírita fizeram uma reunião mediúnica para investigar o caso. Na primeira, constatamos que a paciente estava também sofrendo intenso assédio espiritual. Comunicou-se um espirito, portador de retardo mental, com os mesmos movimentos que a garota repetia com muita frequência. Nas reuniões seguintes vieram outros seres apresentando as características de grave deficiência mental, que se expressavam por grunhidos e movimentos estereotipados, semelhantes aos da jovem hospitalizada. Todos foram postos para dormir, sob hipnose, pois não havia meio de se comunicar com eles, pela condição mental que os caracterizava.

À medida que foram sendo afastados, a garota foi lentamente retomando os padrões mais adequados de caminhar, sentar, olhar e interagir, mesmo ainda com muita limitação. Na sequencia, vieram os espíritos responsáveis pelo grupo de retardados depois os que tinham laços afetivos de ódio com a paciente. Praticamente toda semana conversávamos com esses personagens, tentando compreender suas histórias e motivações pessoais para integrarem aquela ação obsessiva.

Em vários deles conseguimos localizar seus núcleos emocionais e ajudá-los; outros foram sensibilizados pela presença de familiares (Espíritos) queridos e alguns precisaram de ação hipnótica para serem colocados fora de ação. a maior parte das ações era operada pela equipe extrafísica, e o que nos cabia tentávamos realizar da melhor forma que nos era possível, sempre contando com a ajuda dos técnicos espirituais.

 


(Baseado no trabalho do livro Refletindo a Alma - Nucleo de Estudos Psicologicos JOANNA DE ANGELIS - do texto de Gerardo Campana.)
 
 

 

 

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