quarta-feira, 28 de agosto de 2019



GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão

SONHOS DE FELICIDADE E SIGNIFICADO EXISTENCIAL

Conquistas e projetos de felicidade iniciam na mente. A mente é muito importante na construção dos valores humanos e do significado existencial.

É preciso sonhar, para que as inspirações do amor sejam transformadas em realidade, enriquecendo assim a vida de atos dignificantes e saudáveis.

A conquista da felicidade vai depender de como se espera ser feliz, de quais os fatores que a proporcionam, da maneira mais eficiente de alcança-la.

Desde que não seja uma aspiração do que é efêmero passageiro e logo se transforma, alterando totalmente o seu sentido, é importante que o ser humano aspire pela harmonia interior, pela aquisição do que lhe é necessário a uma existência honrada, a partir do alimento que nutre, até as questões referentes à educação, à saúde, ao trabalho, ao repouso, mas também ao cultivo dos ideais de beleza que enriquecem o Espirito de estímulos para a continuação das lutas edificantes.

  Nessa busca da realização pessoal, base de sustentação para uma vida feliz, surge o desafio do significado existencial, no momento em que a sociedade vive a pandemia psicopatológica das vidas vazias.


Normalmente se acredita que a felicidade impõe como condição principal o poder que facilita a aquisição de poder e de compra, e de todas as coisas que a complementam. Embora, o numero de vidas perdidas no vazio existencial, por estarem marcadas pelo tédio, pelo desinteresse, seja maior que os poderosos que buscam realização através das fugas psicológicas lamentáveis. Por ser muito fácil conseguir tudo quanto lhes satisfaz, descobrindo aos poucos a perda do sentido existencial, por terem acreditado que seria um efeito da posse.

Essa fuga psicológica, resultado do temor do autoenfrentamento, transforma-se em transtornos de conduta como irritabilidade, insatisfação, melancolia, solidão, por supor que todos quantos se lhes acercam estão mais interessados naquilo que tem do que neles mesmos, nos seus problemas, preocupações e afetividade, que, de certo modo, quase sempre é  real...

Faz-se imprescindível, nesse momento, uma introspecção, uma análise intima de como se encontra o indivíduo, no intuito de descobrir a maneira pela qual possa fruir de realização e de paz, tendo a coragem de fazer uma revisão de conceitos e entregar-se à nova busca.

A felicidade deve constituir o significado existencial, essa busca incessante do amor no sentido mais expressivo da palavra, a entrega efetiva em todas as maneiras de manifestar-se, facultando o preenchimento interior de alegrias e de esperanças, de belezas, de realizações relevantes, de emoções plenificadoras.

A intencional crença de que o amor sempre está vinculado à satisfação sexual deve abrir espaço ao sentimento correto da afetividade ampla e sem tormentos da libido, expressando-se como intercambio de ternura, de equilíbrio emocional, de gratidão.

A gratidão é fundamental no comportamento do amor dirigido a Deus, à natureza e a todas as suas criaturas, animadas e inanimadas, sem e com a benção do pensamento.

Surge então o trabalho que dignifica, essa terapia que acalma, que produz a autorrealização e que promove a sociedade, facultando o progresso sob todas as formas  possíveis.

Quando o ser humano percebe o significado do trabalho na sua vida, amadurece psicologicamente e ama o labor, seja ele qual for, entregando-se sem paixão, mas também sem revolta ao mister de edificar.

Aquele que trabalha e retira do seu esforço a remuneração usufrui a satisfação compensatória da sua dedicação, enquanto experimenta o bem-estar que resulta do estado consciente de que é útil, de que produz benefícios para a humanidade.

O trabalho também nesse caso é como recurso psicoterapêutico para manter a harmonia interior, o prazer de contribuir pelo bem geral.

Dois homens conversavam em uma rua pavimentada de uma grande cidade. Um era modesto operário semianalfabeto, enquanto o outro era um pensador de renome internacional.

Porque admirasse muito a companhia honrosa que lhe estava ao lado, o diligente trabalhador que não trazia títulos acadêmicos que impressionassem, mas que era amado pelos seus valores morais, num momento de entusiasmo durante o dialogo apontou para as lágeas do piso por onde seguiam e disse com  alegria:

- Veja este piso. Fui eu quem o pôs nesta rua, há alguns anos, quando trabalhava numa empresa que servia a Prefeitura local.

Nele havia uma alegria rara, uma gratidão sem palavras pela oportunidade de ter trabalhado em algo que lhe dava felicidade.

E, de fato, as lajes estavam muito bem colocadas, demonstrando a habilidade do obreiro que as arrumara no solo...

Realizado psicologicamente, porque a sua era uma jornada de trabalho e de amor ao que fazia, como corolário do amor que nutria pela família e por todos.

A sombra - (dificuldade, limites, que lhe causam dor)-  nele diluía-se suavemente no self  - (o ser imortal, o espírito)-  consciente da sua realidade e dos seus limites.

Pensa-se que um enfermo, alguém que sofreu  um desastre emocional, ou que sofra dores quase insuportáveis, alguém que sofre saudade de um ente querido levado pela morte prematuramente, vítimas de tragédias e até mesmo aqueles que se encontram imobilizados já não dispondo de um sentido existencial para continuarem vivendo. É é um grande engano, pois o significado existencial se encontra acima de circunstancias felizes ou menos agradáveis, sendo um desafio aos valores morais do indivíduo que, diante do infortúnio, ainda descobre razões para suportar os sofrimentos e ultrapassá-los, considerando tais infortúnios bastante importante e útil para a sua realização interior e sublimação dos sentimentos.

Sentindo-se honrados pela situação de se tornarem modelos para outras pessoas menos resistentes ao sofrimento, tornam-se exemplos da coragem, da permanência na situação em que se encontram, anelando o prosseguimento da vida física ou confiando nos resultados superiores decorrentes do comportamento depois da morte, quando isso ocorrer.

Imortal, o ser psíquico passa de uma para outra dimensão da vida, utilizando-se do corpo físico ou deixando-o, conduzindo as experiências de valor ou degradantes da sua existência orgânica.

O significado, de uma existência madura psicologicamente vai além do fisiológico e continua na direção da imortalidade, em que todos se encontram situados como condição da vida que deu origem.

Se o significado existencial terminasse no corpo  todos os sacrifícios que enobrecem o ser humano perderiam completamente o seu sentido.

O sentimento que predomina nessa e outras circunstancias logo se percebe: é o sentimento da gratidão, filha do amor, do trabalho e da resistência às situações penosas...  

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 28/08/2019.

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