sábado, 22 de julho de 2017






GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
OPULÊNCIA MATERIAL E DEGRADAÇÃO MORAL
Encantam,  as gigantescas obras que o poder econômico vem produzindo ao longo dos tempos, remunerando artistas inspirados e técnicos raros, a construindo castelos monumentais e galerias luxuosas, em que a extravagancia alcança elevados níveis  de beleza e glória.

Tapetes bordados em caros tecidos, decorados com ouro e pedras preciosas, lustres, taças, copos, utensílios de alto preço e espelhos de cristal artisticamente trabalhados, porcelanas finas e móveis decorados com pedras preciosas, madrepérolas e madeiras raras embutidas, mármores variados e raros, blocos imensos de calcário que se transformaram em estátuas de beleza inimaginável, miniaturas e metais de todos os tipos em finas e fortes modelagens, expressam a grandeza da imaginação e da arte que, por um dia, agrada os olhos e a vaidade dos poderosos, entediados no excesso do poder da terra...

Belas pinturas fieis aos modelos que retratam – paisagens, pessoas, animais e aves, cerimônias, celebrações, guerras, fome e misérias, o belo e o feio – emolduradas com cuidado e bem elaboradas caixilhos cobrem paredes forradas ou não de veludos e de damasco embelezando-as, tetos trabalhados trazem cenas fantásticas de deuses e de anjos, de santos e de apóstolos, de mulheres inesquecíveis e  ninfas encantadoras, sobre salas, quartos, escadas de calcário metamorfoseados e recristalizados, brilhantes e recortados...

Jardins edênicos, enfeitados por fontes e estátuas grandiosas, bosques paradisíacos, haras e cavalariças com animais puro sangue, carruagens guarnecidas de plumas raríssimas e ouro, completam os conjuntos majestosos para esses usufrutuários dos bens terrenos, enquanto a miséria e o abandono infelicitam os camponeses, os operários esfaimados e os citadinos esquecidos, a orfandade, a velhice desconsiderada, as doenças deformantes, todos debatendo-se como se encontram, assistindo ao contínuo desfile da loucura e do desperdício.

Com o sangue e o suor dos oprimidos que as guerras perversas submetem, com o espólio das cidades vencidas e incendiadas com incontáveis mortos e mutilados que ficam para trás, são construídos esses monumentos de pedras, protegidos por muralhas e fossos defensivos, para que a ostentação embriague os seus habitantes enfastiados que se atiram aos banquetes sem fim e às festas libidinosas,  buscando sensações novas, para os corpos amolentados pelos contínuos prazeres em que se escravizam.

Apesar de toda a grandeza e força política, religiosa, econômica de que dispõe, não fogem das enfermidades, da velhice, da morte, ou quando não são assassinados antes do tempo ou arrastados pelas ruas e insultados pelos mesmos que os homenageiam por um dia, e logo os veem em desgraça, ante a vitória de outros malfeitores mais arrogantes e perversos...

O poder no mundo é como uma chama que arde enquanto o combustível o sustenta, logo definhando e apagando-se quando o mesmo se consome, fazendo-a brilhar.

Normalmente os vitoriosos de um momento transformam-se em infortunados de outro momento, quando não colocam nas faces gastas e obscenas as máscaras dos risos mentirosos e da felicidade em disfarce.

Conflitos terríveis os desgovernam interiormente, levando-os às fugas espetaculares da alucinação e dos jogos enganosos do prazer, para não terem tempo de pensar nas próprias penas e angústias que os desgovernam.

Submetem muitos áulicos e controlam os vencidos que arrastam na sua infame glória, incapazes de administrar os próprios prejuízos morais que os martirizam em silêncio insuportável.

Também se encontram em provações muito importantes de que não se dão conta, porque as consideram sempre como a miséria e a dor.

O poder, a fortuna, a beleza, a fama e outros artifícios que adornam as existências de alguns indivíduos são graves provas de que todos terão que dar conta ao Administrador Celeste, e, conforme a maneira como se desincumbirem, escrevem o futuro de paz ou de aflições para eles mesmos.

Todas as criaturas humanas passam pelas mesmas faixas de evolução, conquistando as experiências iluminativas necessárias para a conquista de si mesmas.

Ninguém avança pelo caminho da reencarnação de forma especial...



Deslumbras-te com as belezas dos monumentos, com a arte e o esplendor que apresentam; mas considera que expressam a inspiração que vem do Grande Lar que os artistas captam e materializam na Terra.

Fascina-te com a harmonia e a magnificência das obras que imortalizam os seus autores; mas reflexiona que elas ainda são uma pálida cópia do esplendor em que se encontram no Mundo Causal.

Comovem-te esses impressionantes conjuntos de criações artísticas e passeias os olhos úmidos por esses fascinantes trabalhos; no entanto, compara-os com a delicadeza de uma  pequenina flor, com a leveza de um colibri parado no ar, com o canto de um canário ou de um rouxinol, com uma folha de qualquer planta, com o milagre que consegue uma raiz arrancando da terra o de que necessita para que a vida permaneça e os fenômenos que a mantém ocorram naturalmente.

Tudo que o poder humano consegue fazer em benefício do orgulho e do egoísmo, cedo ou tarde se transforma em patrimônio da Humanidade, queiram ou não os seus atuais proprietários narrando a história do seu tempo, sugerindo encantamento, assinalando a evolução, promovendo o pensamento e engrandecendo a vida. Entretanto, o hálito divino que a tudo vivifica e  impulsiona os que se dedicam às edificações de embelezamentos dos edifícios e santuários, dos palácios e museus, continuam sustentando os sofredores que erguem as palhoças, as palafitas e favelas em que vivem sonolentos e a sós ou em grandes grupos, transferindo de um para outro lugar os seres nas sucessivas reencarnações.

Essas superiores expressões da arte e da beleza produzem encantamento e enobrecem a sociedade que vive buscando tesouros de todos os tipos, merecendo nosso respeito e nossa alta consideração.

Missionários do amor mergulham na  carne, em cada época, a fim de retirarem as maravilhas do Além, convidando os transeuntes da argamassa celular à superação das paixões tormentosas, tomarem a direção da auto-iluminação, a fim de se tornarem, artistas da paz, da fraternidade e da luz...

Aproveita o que de beleza o mundo pode te oferecer, para que amplies a capacidade de enxergar para identificar a maravilha que há na Criação.

Por mais grandiosa seja a labareda pintada numa tela, nunca conseguirá atear um incêndio, que modesta e insignificante fagulha produz com facilidade.

Luta, então, para que depois de conheceres algumas cópias que vige no mundo espiritual, possas avalia-la pessoalmente, após a viagem que farás quando convidado ao retorno pelo gentil anjo da morte...


Apesar de todas as belezas que extasiam o ser humano nas construções terrestres, nunca esqueças das realizações morais, aquelas que exornam o Espírito com as luzes imateriais da vida transcendente.

Sofre, se chamado às provas dolorosas, sorrindo, porque estás liberando-te do fardo enganoso que conduziste, mas que esmagou aqueles que hoje se te acercam buscando apoio...

Sorri, se estás em momento de alegria, sem te esquecer que há irmãos chorando que precisam da tua alegria em forma de acompanhamento nas dores que sofrem.

Há muita beleza na arte de ajudar e passar adiante, deixando as construções do amor e da caridade para os que vierem depois, sem pompa nem opulência corruptora transitórias...  


Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento, trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 22/07/2017.

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