NOVAMENTE VIDAS VAZIAS
Quando Sigmund Freud começou suas pesquisas com
pacientes histéricos, se iniciava naquele momento uma das mais belas
interpretações da psique humana, uma verdadeira e grande revolução cultural,
momento em que o sexo é desmistificado, liberando-o da hipocrisia vitoriana
herança do reinado da rainha Vitória da Inglaterra, que viveu entre 1837 e
1901, retirando assim o caráter místico ou misterioso de suas funções e, trazendo padrões, gostos, atitudes
morais e comportamentais dessa época em que se destacam o puritanismo e a intolerância,
em vigor triunfante.
Foi um período de inesperadas
interpretações, de transtornos emocionais e somatizações perturbadoras, sendo
agora tratados com cuidado, em existências menos turbulentas e desastrosas.
A descoberta da libido sexual tendo sido
recebida com surpresa e exagerado significado, possibilitou compreensão mais
ampla dos conflitos humanos.
Teve interpretação exagerada,
principalmente negando a realidade
espiritual da Humanidade.
Vem depois Alfred Adler que discorda do mestre
e começa por investigar os conflitos da inferioridade humana, que culminaram com
a Psicologia do desenvolvimento individual e, apoiado por Karen Horney, formam então
a Escola Neofreudiana.
Horney, discordou das diferenças da psicologia de mulheres e de
homens, afirmada por Freud, e afirmou e demonstrou que essas disparidades são
mais resultado de fenômenos sociais e culturais do que da própria biologia.
Já Carl Gustav Jung, afirmava, que a
libido, essa energia psíquica, representa todas as forças da vida e não só as
de natureza sexual. Analisou as marcas
antigas impressas no inconsciente e adotou a doutrina dos arquétipos,
proporcionando vida exuberante aos que se encontram em conflitos perturbadores.
Cada época da humanidade é marcada pelas
circunstancias psicologicamente castradoras
responsáveis por enfermidades somatizadas dolorosas.
A ciência de hoje e a tecnologia de
ponta trazem visão quase ilimitada da vida do ser humano aliada a um volume de
informações que se multiplicam a cada momento, atormentando a cultura atual.
O conhecimento rápido, vasto e variado
não tem sido digerido adequadamente, e surgem inquietadores a insatisfação, a
frustração, o medo, à incerteza, ao vazio existencial.
Vivemos a época do ter e do poder, do
exibir-se e do desfrutar, sem a harmonia interior sem o enriquecimento
espiritual.
A aparência substitui a realidade, e o
importante não é o ser interior, e sim o ego exaltado, que provoca inveja e
competição no mundo da ilusão.
Perdeu-se o sentido existencial, o objetivo da vida, o foco
transcendente da autorrealização. E
assim, os tipos e o número das patologias do comportamento crescem, e o
banquete dos mascarados toma aspecto sombrio, quando o álcool, a drogadição e o
sexo desvairado enlouquecem os grupos em depressão...
O avanço na direção do abismo na queda
pelo suicídio, no abandono de si mesmo ou na violência desgovernada passam a
ser a realidade do processo de evolução
social.
Tudo resultante do vazio existencial que se apodera do indivíduo por não encontrar apoio no sentimento de amor que
vem desaparecendo aos poucos do seu desenvolvimento moral.
A busca pelas coisas de significado imediato
vem substituindo os valores da emoção como: a prece, a meditação, a
solidariedade e o afeto.
A alteração de conduta é urgente, necessitando
buscar-se novos focos de interesse existencial, como: a paz, o trabalho de
beneficência, a imortalidade.
Por seu instinto gregário, o homem
necessita do outro, possibilitando a troca de recursos, especialmente da emoção,
da afetividade para a identificação de realizações relativo ao progresso e ao
equilíbrio social, econômico, moral e ético.
A fraternidade, hoje sendo aos poucos substituída
pelo individualismo, deve canalizar para o conjunto, para o todo, a convivência
geral, incluindo a Natureza.
O desrespeito às forças vivas do
universo trabalha pela destruição do ser humano hoje ou amanhã.
É necessário trabalhar a educação, por
todos os meios ao alcance, com objetivos sérios e bem estruturados para a vida.
Uma vida sem um sentido bem definido,
estimulador e doador de energias é fenômeno vegetativo, que deve ser alterado
para a dinâmica da autoconscientização.
Todos querem e buscam a liberdade, que
somente tem significado quando vem seguida da responsabilidade do comportamento
vivenciado, para não se transformar em libertinagem, como ocorre no momento em
toda parte da civilização.
Esse abuso, a leviandade com que são
tratadas as questões importantes, quando atingem o fundo do poço, abrem espaço
para governos arbitrários e cruéis que crucificam os países e os mantém em condições
dolorosas, mesmo degradantes.
Revisitar o conceito do existir é
fundamental para encher-se o íntimo de estímulos, com ações significativas e
que tragam desafios contínuos.
O amor ao próximo, como consequência do autoamor, é terapia
preventiva e curadora para as existências vazias, que se consomem na angustia, em sofrimentos
incríveis.
Querendo e buscando compreender que o
sentido existencial não são diversões nem brincadeiras inconsequentes, percebe-se
que os ideais do bem são inadiáveis, e quando se lança à sua conquista, através
de relacionamentos edificantes, em que a fraternidade se responsabilize pela
construção do dever, consegue-se a vitória íntima.
A sociedade moderna tem necessidade de
compreender que se renasce no corpo carnal para que seja alcançada a plenitude,
e não exclusivamente para as necessidades
inferiores, as biológicas, conforme os estudos de Maslow em muito boa
elaborada reflexão.
Assim sendo, a educação da libido
freudiana, a superação do conflito de inferioridade adleriano, a compreensão
profunda das neuroses, conforme Horney, e a iluminação da sombra junguiana ressurge no conceito kardequiano, quando afirma
que: “Fora da caridade não há salvação”.
Divaldo Pereira Franco no livro,
Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 02/07/2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário