domingo, 20 de agosto de 2017






“Gravitando em torno de Deus”

EM PLENO DESERTO
A aridez do deserto sempre atraiu o ser humano, especialmente aquele que necessita de paz, que luta para superar as tendências negativas e está ansioso pelo autoencontro.

No misterioso silencio do deserto, quebrado pelas tempestades de areia, das noites frias e estreladas, a reflexão, a interiorização são inevitáveis, e o indivíduo mergulha no insondável, descobrindo as incógnitas da vida e encontrando as respostas  para a continuação da jornada em cânticos de luz.

Nas tradições do judaísmo vemos Moisés com o povo libertado da escravidão no Egito, vagando no deserto até encontrar a terra prometida, quarenta anos depois...

Antecipando o ministério de Jesus, João buscou a solidão do deserto para impregnar-se da mensagem precursora da Boa-Nova, conquistando resistência física e moral para os enfrentamentos que o esperavam...

O incomparável Rabi, enfrentando as multidões famintas de amor e de paz, buscou o deserto por quarenta dias e noites em jejum e em comunhão com Deus... E sempre,  após atender as massas sofridas, buscava a solidão do deserto para refazer-se e impregnar-se de Deus...

Depois de receber o convite de Jesus às portas de Damasco, o jovem rabino Saulo de Tarso foi para o deserto no oásis de Dan, onde reflexionou por três longos anos, para conseguir as forças morais para as lutas que  travaria na divulgação do evangelho...

Tempos depois, os chamados padres do deserto, os ermitões e anacoretas, escolheram o silencio das regiões montanhosas e áridas, distantes da civilização, para poderem penetrar nos conteúdos sublimes do evangelho, superando os sofrimentos que os afligiam.

Comparemos simbolicamente o deserto, em uma metáfora, como o lugar ideal para a meditação profunda, a fixação do pensamento sublime distante das distrações, do imenso contingente das tentações.

Hoje, como no passado, há muita balburdia e correria no mundo, e  mais distrações como fuga da realidade, desviando as criaturas do foco da evolução e do pensamento nobre para a vivencia da futilidade e da insensatez.

A tecnologia da inutilidade está ao alcance de todos, desviando os seus aficionados dos compromissos graves e das responsabilidades severas, que substituem pelo vazio existencial. Em consequência, diminuem as suas resistências morais, quando testados na vivencia dos postulados dignificadores e sacrificiais, indispensáveis a vida feliz.

O ser humano precisa, do convívio com outras pessoas. Embora, quando não se encontrem enriquecidos pela persistência e abnegação, a coragem e a fé, caiam nas armadilhas do prazer, desviando dos objetivos mais importantes da vida.

Mas para equipar-se de energia, necessita, do silêncio, da meditação, de um tempo no deserto...


Hoje, a busca desse deserto não leva o indivíduo às regiões geográficas áridas e distantes da civilização, mas às paisagens interiores que esperam ser conhecidas pela reflexão profunda, alcançadas na busca do silencio iluminativo.

Na vida humana, não são mais os barulhos que representam a agitação, os sofrimentos, a perda de sentido psicológico, mas as renuncias, a procura da quietação, onde a alma se expande e ganha o infinito.

Aprendendo-se a ouvir as estrelas, consegue-se a harmonia interior, estabelecendo-se programas de alegria e de saúde, ao mesmo tempo deixando-se penetrar pela serenidade com que se podem enfrentar todos os desafios.

Quando se está habituado a pensar em silencio, no deserto íntimo, se encontra a alegria de viver, sob aplausos ou apupos, em estabilidade social ou em pendência de muitas realizações.

Esse equilíbrio íntimo é a resposta da autoconquista, do descobrimento dos legítimos objetivos da jornada, sem as ilusões dos triunfos enganosos.

Sempre se ouvem as arvores quando tombam na floresta, mas nunca se escuta o seu crescimento expressando a vida.

Esse silencio, é tão importante para o Espírito como o pão e a agua são para o corpo.

Na solidão o ser tempera o ânimo, identifica-se com a atividade de libertação, descobre como é passageira a sua marcha orgânica. Conquistando lucidez para compreender os acontecimentos, especialmente os que trazem dor e aflição.

Ocorre que, nesse estado de receptividade íntima, os sofrimentos não perturbam nem desarmonizam, mas produzem amadurecimento para as refregas da evolução que são inevitáveis, e, graças a elas, ocorrem os processos de crescimento e de conquistas.

Assim, o que se convencionou chamar dualidade do bem e do mal perde a condição de opostos, e passa a significar o que é agradável e produtivo em relação ao que é perturbador e desagradável.

Porque do mal pode-se tirar o bem, como com a treva que também tem sua quota de luz.

Tudo depende, da ótica do observador, da sua maneira de ser e de compreender os acontecimentos da vida.

Com esse comportamento saudável, aprende-se a discernir o propósito da sombra, aceitando-a, para a instalação da luz total.

No silencio dinâmico da mente que se dirige para os objetivos espirituais, está a alegria e bem-estar, fruindo-se da harmonia decorrente da consciência lúcida.

Os pensamentos, no entanto, vão e vem, chegam e passam... Os seus conteúdos transformam-se em ideais e realizações, substituídos por outros incessantemente.

A consciência, porém, fica acumulando as experiências vividas ao largo da existência planetária.

Educar-se a mente, disciplinando-se o pensamento, é recurso valiosos para a saúde espiritual, para o êxito da reencarnação.

O solilóquio bem elaborado constrói a sabedoria para os diálogos edificantes e produtivos, gerando os conhecimentos que levam às ações enobrecedoras.

Refletir, antes de agir, para que a ação seja digna e produtiva, é dever de todos que vivenciaram as experiências do deserto.

Quando não se consegue esse silencio que predispõe à harmonia, o acumulo de problemas não resolvidos leva à sua vítima para a depressão.


Analisa a existência que desfrutas e busca, vez que outra, o deserto...

Silencia as ansiedades e sofrimentos, equilibrando as emoções, para seres penetrado pelas vibrações do bem.
Atropelado pela balbúrdia que preenche os espaços físicos e mentais, és vitimado pelas circunstancias infelizes deste momento de conturbação.

Quando te sentires, na encruzilhada dos conflitos e das angustias, sem saber como agir, busca o deserto, e, no silencio, Jesus se te acercará, orientando-te com segurança.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Ilumina-te, trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 20/08/2017.

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