“Gravitando em torno de
Deus”
EM PLENO DESERTO
A aridez do deserto sempre
atraiu o ser humano, especialmente aquele que necessita de paz, que luta para
superar as tendências negativas e está ansioso pelo autoencontro.
No
misterioso silencio do deserto, quebrado
pelas tempestades de areia, das noites frias e estreladas, a reflexão, a
interiorização são inevitáveis, e o indivíduo mergulha no insondável,
descobrindo as incógnitas da vida e encontrando as respostas para a continuação da jornada em cânticos de
luz.
Nas
tradições do judaísmo vemos Moisés com o povo libertado da escravidão no Egito,
vagando no deserto até encontrar a terra
prometida, quarenta anos depois...
Antecipando
o ministério de Jesus, João buscou a solidão do deserto para impregnar-se da
mensagem precursora da Boa-Nova, conquistando resistência física e moral para
os enfrentamentos que o esperavam...
O
incomparável Rabi, enfrentando as multidões famintas de amor e de paz, buscou o
deserto por quarenta dias e noites em jejum e em comunhão com Deus... E sempre,
após atender as massas sofridas, buscava
a solidão do deserto para refazer-se e impregnar-se de Deus...
Depois
de receber o convite de Jesus às portas de Damasco, o jovem rabino Saulo de
Tarso foi para o deserto no oásis de Dan,
onde reflexionou por três longos anos, para conseguir as forças morais para
as lutas que travaria na divulgação do
evangelho...
Tempos
depois, os chamados padres do deserto, os
ermitões e anacoretas, escolheram o silencio das regiões montanhosas e áridas,
distantes da civilização, para poderem penetrar nos conteúdos sublimes do
evangelho, superando os sofrimentos que os afligiam.
Comparemos
simbolicamente o deserto, em uma metáfora, como o lugar ideal para a meditação
profunda, a fixação do pensamento sublime distante das distrações, do imenso contingente
das tentações.
Hoje,
como no passado, há muita balburdia e correria no mundo, e mais distrações como fuga da realidade,
desviando as criaturas do foco da evolução e do pensamento nobre para a
vivencia da futilidade e da insensatez.
A
tecnologia da inutilidade está ao alcance de todos, desviando os seus
aficionados dos compromissos graves e das responsabilidades severas, que
substituem pelo vazio existencial. Em
consequência, diminuem as suas resistências morais, quando testados na vivencia
dos postulados dignificadores e sacrificiais, indispensáveis a vida feliz.
O
ser humano precisa, do convívio com outras pessoas. Embora, quando não se
encontrem enriquecidos pela persistência e abnegação, a coragem e a fé, caiam nas
armadilhas do prazer, desviando dos objetivos mais importantes da vida.
Mas
para equipar-se de energia, necessita, do silêncio, da meditação, de um tempo no deserto...
Hoje,
a busca desse deserto não leva o
indivíduo às regiões geográficas áridas e distantes da civilização, mas às
paisagens interiores que esperam ser conhecidas pela reflexão profunda, alcançadas
na busca do silencio iluminativo.
Na
vida humana, não são mais os barulhos que representam a agitação, os sofrimentos,
a perda de sentido psicológico, mas as renuncias, a procura da quietação, onde
a alma se expande e ganha o infinito.
Aprendendo-se
a ouvir as estrelas, consegue-se a
harmonia interior, estabelecendo-se programas de alegria e de saúde, ao mesmo
tempo deixando-se penetrar pela serenidade com que se podem enfrentar todos os
desafios.
Quando
se está habituado a pensar em silencio, no deserto íntimo, se encontra a
alegria de viver, sob aplausos ou apupos, em estabilidade social ou em
pendência de muitas realizações.
Esse
equilíbrio íntimo é a resposta da autoconquista, do descobrimento dos legítimos
objetivos da jornada, sem as ilusões dos triunfos enganosos.
Sempre se ouvem as arvores quando tombam na floresta, mas nunca se
escuta o seu crescimento expressando a vida.
Esse
silencio, é tão importante para o Espírito como o pão e a agua são para o
corpo.
Na
solidão o ser tempera o ânimo, identifica-se com a atividade de libertação,
descobre como é passageira a sua marcha orgânica. Conquistando lucidez para
compreender os acontecimentos, especialmente os que trazem dor e aflição.
Ocorre
que, nesse estado de receptividade íntima, os sofrimentos não perturbam nem
desarmonizam, mas produzem amadurecimento para as refregas da evolução que são
inevitáveis, e, graças a elas, ocorrem os processos de crescimento e de
conquistas.
Assim,
o que se convencionou chamar dualidade do bem e do mal perde a condição de
opostos, e passa a significar o que é agradável e produtivo em relação ao que é
perturbador e desagradável.
Porque
do mal pode-se tirar o bem, como com a treva que também tem sua quota de luz.
Tudo
depende, da ótica do observador, da sua maneira de ser e de compreender os
acontecimentos da vida.
Com
esse comportamento saudável, aprende-se a discernir o propósito da sombra,
aceitando-a, para a instalação da luz total.
No
silencio dinâmico da mente que se dirige para os objetivos espirituais, está a alegria
e bem-estar, fruindo-se da harmonia decorrente da consciência lúcida.
Os
pensamentos, no entanto, vão e vem, chegam e passam... Os seus conteúdos
transformam-se em ideais e realizações, substituídos por outros
incessantemente.
A
consciência, porém, fica acumulando as experiências vividas ao largo da existência
planetária.
Educar-se
a mente, disciplinando-se o pensamento, é recurso valiosos para a saúde
espiritual, para o êxito da reencarnação.
O
solilóquio bem elaborado constrói a sabedoria para os diálogos edificantes e
produtivos, gerando os conhecimentos que levam às ações enobrecedoras.
Refletir,
antes de agir, para que a ação seja digna e produtiva, é dever de todos que
vivenciaram as experiências do deserto.
Quando
não se consegue esse silencio que predispõe à harmonia, o acumulo de problemas
não resolvidos leva à sua vítima para a depressão.
Analisa
a existência que desfrutas e busca, vez que outra, o deserto...
Silencia
as ansiedades e sofrimentos, equilibrando as emoções, para seres penetrado
pelas vibrações do bem.
Atropelado
pela balbúrdia que preenche os espaços físicos e mentais, és vitimado pelas
circunstancias infelizes deste momento de conturbação.
Quando
te sentires, na encruzilhada dos conflitos e das angustias, sem saber como agir,
busca o deserto, e, no silencio,
Jesus se te acercará, orientando-te com segurança.
Texto de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Ilumina-te, trabalhado e
editado por Adáuria Azevedo Farias. 20/08/2017.
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