EM BUSCA DO ENCONTRO E
AUTOENCONTRO
A parábola do Filho Pródigo traz uma fonte de
informações psicológicas profunda, com símbolos e significados importantes merecendo
cuidadosa e profunda observação, para retirar do seu conteúdo as lições de paz
e de saúde necessárias para uma vida cheia de bênçãos.
O Evangelho de Jesus por muito
tempo foi compreendido de forma doentia e perturbadora, conforme o equilíbrio
emocional e espiritual dos seus tradutores, teólogos e pastores, mais preocupados
e interessados em apresentar a sombra em
que se encontravam do que a luz que o envolvia.
Propondo humildade, e
caminho para a iluminação, levavam os adeptos a condutas graves, estimulando o
menosprezo pela vida física, por si mesmo, o autodepreciamento, o culto ao
masoquismo como sendo santificação.
Como considerar a
vida, esse incomparável tesouro doado por Deus ao ser humano, desprezível, com desrespeito aos seus mais nobres
significados, como: alegria, bem-estar, utilização saudável do sexo,
solidariedade e convivência, como negativos, impondo isolamento, abstinência sexual, silêncio, sofrimento, em
nome da Boa Nova?!
Somente indivíduos
emocionalmente castrados poderiam impor os seus tormentos aos demais, aos quais
invejavam a saúde e comunicabilidade, para se sentirem felizes com a
infelicidade dos outros, em perturbação sadomasoquista, alterando a proposta
libertadora de Jesus, o Homem bom e nobre por excelência, que demonstrou amor e
alegria no convívio com os desafortunados.
Pregando dignidade,
esses sofredores interpretes das Suas lições condenavam o erro, massacrando os
equivocados, os que delinquem, que esperam apoio, por serem ignorantes ou
enfermos, afastados d’Aquele que é o pão
da Vida e veio exatamente para socorrer os infelizes e os
infelicitadores...
Graças ao desenvolvimento
da cultura, com a quebra das correntes que mantinham a sociedade aprisionada
aos dogmas doentios, descobre-se a cada dia, a grandeza da mensagem cristã,
conforme Jesus e os Seus primeiros discípulos a viveram e divulgou, verdadeira
canção musicoterapêutica, sinfonia de esperança e de consolo.
As Suas parábolas, trazem
as respostas para as perguntas afligentes do comportamento humano. Trazendo apenas
libertação e bondade, harmonia e alegria, conduzindo, nos seus símbolos,
verdadeiros poemas de interpretação das incógnitas da vida.
Nessas maravilhosas parábolas
vamos encontrar a do Filho Pródigo
que, de alguma forma, somos todos nós.
Os fracos emocionais
e os dependentes de punições encontram nela a baixa autoestima, o remorso, a
angústia da volta, o que encontramos é a irrestrita confiança no Pai generoso, a certeza de ser bem recebido,
a recuperação moral pelo equívoco vivido, a expectativa do recomeço em novas oportunidades
de afeto e autorrealização.
Por muito tempo
estabeleceu-se que a humildade deve ser vivida como desprezo por si e pelos
valores com que a vida social estabelece os seus relacionamentos, alimenta o
progresso das massas e dos indivíduos.
O autoabandono, a autodesconsideração
e o autodesprezo tinham prioridade na conduta do adepto religioso, no passado,
em violência contra as leis naturais, impondo-se uma conduta incompatível com a
Sua mensagem de amor e de felicidade.
Pessoas amargas, com
autorrejeição, refugiando-se em justificativas religiosas, escondendo a mágoa
em relação as outras pessoas, conduzindo raiva contra si e os outros, não se
permitindo felicidade, por acreditar não a merecer, por se encontrar sob a
determinação da sombra ancestral, vindas de culpas dos atos sem nobreza
praticados em encarnações passadas.
Tais pessoas estão a si
negar a oportunidade do encontro com o Pai
amoroso, por não sentirem o amor em si mesmo, recusando ainda hoje o
autoencontro, numa análise profunda que lhes poderiam oferecer visão mais
saudável da Realidade.
Os seus mitos são as
cóleras dos deuses vingativos, as subjetivas ameaças de destruição
apocalíptica, numa vingança generalizada, onde o medo da morte desaparece,
porque representa a destruição de tudo e de todos.
Os alertas constantes
sobre o egoísmo, o orgulho, a prepotência e o encantamento das virtudes
teologais, do altruísmo, da humildade, da fraternidade produzem, muitas vezes,
a virtude do autodepreciamento, da
autodesconsideração, quase numa exibição forçada de vitórias que, não existem
no campo psicológico, porque ninguém pode satisfazer-se na inferioridade, no
engodo, na negação dos problemas que existem.
A Parábola do Filho Pródigo é na realidade
um conjunto de lições psicoterapêuticas e filosóficas, de cunho moral e
espiritual.
Na sua mensagem não existe
censura a nenhuma atitude dos dois filhos, em qualquer momento. Tudo é natural,
em alegria crescente, porque aquele que
estava perdido foi encontrado, e o
que estava morto, agora estava vivo.
A alegria da
autoconsciência é imensa, vem após o reencontro, na volta para casa, para o
lar, ao abrigo emocional seguro, que é a conquista da paz e da correção dos
atos.
O corpo é ainda um animal, as vezes insubmisso, que carece desenvolver
a disciplina espontânea e o comportamento correto que o direciona conforme as
necessidades do self criativo a caminho do numinoso.
O Espírito é herdeiro das experiências vivenciadas nas
reencarnações passadas, sendo natural que, muitas vezes, predominem as que mais
profundamente marcaram a conduta anterior, surgindo como desejos e conflitos
nem sempre identificado.
Por isso, uma análise
dos símbolos oníricos, as associações e reflexões com o psicoterapeuta eliminam
as fixações doentias e as lembranças dolorosas que surgem e como a tristeza,
insegurança, timidez, dificuldades nos relacionamentos...
Identificar e
interpretar os símbolos pede acuidade psicológica, experiência de consultório e
interesse sem vinculo emocional, para ajudar ao paciente no encontro com a vida
e no autoencontro, descobrindo a sua realidade.
O manto que o Pai amoroso manda o filho pródigo vestir
representa o apoio, a cobertura afetiva que lhe é ofertada, igualando-o a ele
mesmo, que também o ostenta.
A primeira preocupação do pai
é com a aparência do filho de volta, com os cuidados de higiene e de vestuário,
de adorno – o anel – de apresentação, pois, já não havia mais motivo para continuar
como chegou. Não será admitido como servo, mas como filho que tem direito à
herança e ao seu amor. Por isso ele veio do país
longínquo de volta ao lar.
Conteúdo do livro Em Busca da Verdade, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 13/03/2015.
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