sábado, 14 de março de 2015


EM BUSCA DO ENCONTRO E AUTOENCONTRO

A parábola do Filho Pródigo traz uma fonte de informações psicológicas profunda, com símbolos e significados importantes merecendo cuidadosa e profunda observação, para retirar do seu conteúdo as lições de paz e de saúde necessárias para uma vida cheia de bênçãos.

O Evangelho de Jesus por muito tempo foi compreendido de forma doentia e perturbadora, conforme o equilíbrio emocional e espiritual dos seus tradutores, teólogos e pastores, mais preocupados e interessados em apresentar a sombra em que se encontravam do que a luz que o envolvia.

Propondo humildade, e caminho para a iluminação, levavam os adeptos a condutas graves, estimulando o menosprezo pela vida física, por si mesmo, o autodepreciamento, o culto ao masoquismo como sendo santificação.

Como considerar a vida, esse incomparável tesouro doado por Deus ao ser humano, desprezível,  com desrespeito aos seus mais nobres significados, como: alegria, bem-estar, utilização saudável do sexo, solidariedade e convivência, como negativos, impondo isolamento,  abstinência sexual, silêncio, sofrimento, em nome da Boa Nova?!

Somente indivíduos emocionalmente castrados poderiam impor os seus tormentos aos demais, aos quais invejavam a saúde e comunicabilidade, para se sentirem felizes com a infelicidade dos outros, em perturbação sadomasoquista, alterando a proposta libertadora de Jesus, o Homem bom e nobre por excelência, que demonstrou amor e alegria no convívio com os desafortunados.

Pregando dignidade, esses sofredores interpretes das Suas lições condenavam o erro, massacrando os equivocados, os que delinquem, que esperam apoio, por serem ignorantes ou enfermos, afastados d’Aquele que é o pão da Vida e veio exatamente para socorrer os infelizes e os infelicitadores...

Graças ao desenvolvimento da cultura, com a quebra das correntes que mantinham a sociedade aprisionada aos dogmas doentios, descobre-se a cada dia, a grandeza da mensagem cristã, conforme Jesus e os Seus primeiros discípulos a viveram e divulgou, verdadeira canção musicoterapêutica, sinfonia de esperança e de consolo.

As Suas parábolas, trazem as respostas para as perguntas afligentes do comportamento humano. Trazendo apenas libertação e bondade, harmonia e alegria, conduzindo, nos seus símbolos, verdadeiros poemas de interpretação das incógnitas da vida.

Nessas maravilhosas parábolas vamos encontrar a do Filho Pródigo que, de alguma forma, somos todos nós.

Os fracos emocionais e os dependentes de punições encontram nela a baixa autoestima, o remorso, a angústia da volta, o que encontramos é a irrestrita confiança no Pai generoso, a certeza de ser bem recebido, a recuperação moral pelo equívoco vivido, a expectativa do recomeço em novas oportunidades de afeto e autorrealização.

Por muito tempo estabeleceu-se que a humildade deve ser vivida como desprezo por si e pelos valores com que a vida social estabelece os seus relacionamentos, alimenta o progresso das massas e dos indivíduos.

O autoabandono, a autodesconsideração e o autodesprezo tinham prioridade na conduta do adepto religioso, no passado, em violência contra as leis naturais, impondo-se uma conduta incompatível com a Sua mensagem de amor e de felicidade.

Pessoas amargas, com autorrejeição, refugiando-se em justificativas religiosas, escondendo a mágoa em relação as outras pessoas, conduzindo raiva contra si e os outros, não se permitindo felicidade, por acreditar não a merecer, por se encontrar sob a determinação da sombra  ancestral, vindas de culpas dos atos sem nobreza praticados em encarnações passadas.

Tais pessoas estão a si negar a oportunidade do encontro com o Pai amoroso, por não sentirem o amor em si mesmo, recusando ainda hoje o autoencontro, numa análise profunda que lhes poderiam oferecer visão mais saudável da Realidade.

Os seus mitos são as cóleras dos deuses vingativos, as subjetivas ameaças de destruição apocalíptica, numa vingança generalizada, onde o medo da morte desaparece, porque representa a destruição de tudo e de todos.

Os alertas constantes sobre o egoísmo, o orgulho, a prepotência e o encantamento das virtudes teologais, do altruísmo, da humildade, da fraternidade produzem, muitas vezes, a virtude do autodepreciamento, da autodesconsideração, quase numa exibição forçada de vitórias que, não existem no campo psicológico, porque ninguém pode satisfazer-se na inferioridade, no engodo, na negação dos problemas que existem.

A Parábola do Filho Pródigo é na realidade um conjunto de lições psicoterapêuticas e filosóficas, de cunho moral e espiritual.

Na sua mensagem não existe censura a nenhuma atitude dos dois filhos, em qualquer momento. Tudo é natural, em alegria crescente, porque aquele que estava perdido foi encontrado, e o que estava morto, agora estava vivo.

A alegria da autoconsciência é imensa, vem após o reencontro, na volta para casa, para o lar, ao abrigo emocional seguro, que é a conquista da paz e da correção dos atos.

O corpo é ainda um animal, as vezes insubmisso, que carece desenvolver a disciplina espontânea e o comportamento correto que o direciona conforme as necessidades do  self criativo a caminho do numinoso.

O Espírito é herdeiro das experiências vivenciadas nas reencarnações passadas, sendo natural que, muitas vezes, predominem as que mais profundamente marcaram a conduta anterior, surgindo como desejos e conflitos nem sempre identificado.

Por isso, uma análise dos símbolos oníricos, as associações e reflexões com o psicoterapeuta eliminam as fixações doentias e as lembranças dolorosas que surgem e como a tristeza, insegurança, timidez, dificuldades nos relacionamentos...

Identificar e interpretar os símbolos pede acuidade psicológica, experiência de consultório e interesse sem vinculo emocional, para ajudar ao paciente no encontro com a vida e no autoencontro, descobrindo a sua realidade.

O manto que o Pai amoroso manda o filho pródigo vestir representa o apoio, a cobertura afetiva que lhe é ofertada, igualando-o a ele mesmo, que também o ostenta.

A primeira preocupação do pai é com a aparência do filho de volta, com os cuidados de higiene e de vestuário, de adorno – o anel – de apresentação, pois, já não havia mais motivo para continuar como chegou. Não será admitido como servo, mas como filho que tem direito à herança e ao seu amor. Por isso ele veio do país longínquo de volta ao lar.

Conteúdo do livro Em Busca da Verdade, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 13/03/2015.

 

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