terça-feira, 30 de julho de 2013


 

PREDOMÍNIO DA SOMBRA (CONTINUAÇÃO)

Como as vivencias ensejam o despertar da iluminação, ele cai em si reflexiona que no lar, mesmo os servidores mais insignificantes desfrutam de apoio, alimento e segurança, enquanto ele nem sequer pode desfrutar com os suínos as alfarroubas que não lhe dão, resolvendo –se pela volta.

Recolhe-se ao mundo íntimo fragmentado e tem o insight de como proceder.

O arrependimento é o bálsamo para a culpa, reconhecendo que pecou contra o céu e contra ti (o pai), informa, seguro de ser bem recebido, mesmo que não fosse digno de ter o nome de seu filho.

O indivíduo comum, ainda não iluminado, deambulante da ilusão, pode ser comparado ao Filho Pródigo, leviano e insensato, que somente convive com objetivos de prazer pessoal e interesse mesquinho, distante das propostas éticas e dos deveres morais.

Vitimado pela libido exarcebada, entrega-se ao gozo na ilusória conduta de que não se acaba e as suas forças exaustas logo se renovam...

Pode também aparecer esse arquétipo nos indivíduos inseguros, instáveis, solitários, que em ninguém confiam, perdendo excelentes oportunidades de crescimento pela interiorização e pela reflexão, superando as heranças danosas do processo evolutivo ancestral.

De temperamento facilmente estremunhado, vive com ressentimentos e invejas, enfermo interiormente, que se nega o tratamento por acreditar que não tem necessidade, já que aos outros considera responsáveis pela sua situação psicológica, masoquistamente considerando incompreendido e perseguido.

Esse anseio de fuga dos outros é também o tormento da fuga de si mesmo, pela dificuldade que tem de autoenfrentar-se, de reconhecer a inferioridade e ser estimulado a trabalhá-la para conseguir a vitória.

É-lhe mais fácil atirar tudo para cima (ou para baixo) num gesto de libertação e seguir o tormento, para realizar a volta andrajoso, imundo, humilhado...

O ego presunçoso então desperta lentamente da sombra para o estado numinoso, que deverá conquistar sob os camartelos do sofrimento, que são os valiosos recursos hábeis para a vitória.

Quando o genitor pede ao servo que lhe traga o anel, eis reconfirmado psicologicamente o arquétipo da antiga Aliança de Deus com os homens, por intermédio do Arco-Íris, demonstrando vinculação e amor.

As roupas limpas e novas, o novilho nutrido para a festa são os formidáveis arquétipos que se encontram em todos os mitos, particularmente no panteão grego, quando os deuses comungavam com os homens e banqueteavam-se, chegando, algumas vezes, ao desregramento pelos excessos que se permitiam.

O gesto do pai abraçando o filho de volta é a luz do amor que nele dilui a pesada sombra em que ele se debate.

Final do texto: do Cap. 2 – Fragmentações morais

Do livro Em busca da verdade pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco – da p. 32-37. 

Postado em 30-07-2013

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